‘Pendular’ e outros movimentos de afeto

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Se cada indivíduo tem seu ritmo, como se concatena um relacionamento amoroso a dois? Quais os vários movimentos que cada um deve fazer – ou não fazer – para que a dupla se forme e se complete? Como na música e na dança, nos relacionamentos também se perde o ritmo, se pisa nos pés, se […]

POR Celso Sabadin20/09/2017|3 min de leitura

‘Pendular’ e outros movimentos de afeto

Pendular. Foto: Divulgação

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Se cada indivíduo tem seu ritmo, como se concatena um relacionamento amoroso a dois? Quais os vários movimentos que cada um deve fazer – ou não fazer – para que a dupla se forme e se complete? Como na música e na dança, nos relacionamentos também se perde o ritmo, se pisa nos pés, se conduz e, quando finalmente tudo dá certo – se é que dá – se flutua. Misturam-se harmonia e ritmo na busca do acompanhamento. Ou perde-se na síncope.

O longa chamado – não por acaso – “Pendular” investiga os limites e bastidores do relacionamento entre um artista plástico (Rodrigo Bolzan) e uma dançarina (Raquel Karro). Eles compartilham o imenso espaço de um galpão abandonado, onde criam, amam, riem, choram, convivem. Logo na primeira cena, ambos delimitam o espaço físico que cada um deles poderá ocupar, utilizando-se para isso da fragilidade tênue de uma fita crepe. Percebe-se aí a tentativa – obviamente inócua – de tentar colocar alguma ordem no caos do amor. Nota-se a ingenuidade de buscar as fronteiras daquilo que se define exatamente pela falta delas. A solução só pode estar no afeto.

“Pendular” respira arte. Seja através das grandes instalações do protagonista masculino, ou da freneticidade das danças que exalam dos poros da protagonista feminina, tudo no filme é inquietude. A inquietude ao mesmo tempo perturbadora e necessária que conduz a existência de quem se propõe a fazer arte. Não existe criação no conforto e só a dúvida constrói.

A câmera raramente sai da grande locação, como que sublinhando que os artistas se bastam a si só. Ou a si, sós. E quando vai – pouco – para a rua, o ponto de vista do filme invariavelmente retrata o medo do desconhecido. Sim, o sufoco da criação artística também pode ser claustrofóbico.

“Pendular” nasce como um curta metragem que Júlia Murat realizou em 2009, revisto e refeito agora como longa. O segundo da diretora, que em 2011 dirigiu “Histórias que Só Existem Quando Lembradas”. Tecnicamente apurado, e atuado com convicção e paixão, “Pendular” ganhou o prêmio da crítica internacional na Mostra Panorama no Festival de Berlim, e foi bem recebido na noite de ontem (17/09) no 50º Festival de Brasília.

Estreia comercialmente nesta quinta, 21 de setembro.

Celso Sabadin viajou a Brasília a convite da organização do evento.

Se cada indivíduo tem seu ritmo, como se concatena um relacionamento amoroso a dois? Quais os vários movimentos que cada um deve fazer – ou não fazer – para que a dupla se forme e se complete? Como na música e na dança, nos relacionamentos também se perde o ritmo, se pisa nos pés, se conduz e, quando finalmente tudo dá certo – se é que dá – se flutua. Misturam-se harmonia e ritmo na busca do acompanhamento. Ou perde-se na síncope.

O longa chamado – não por acaso – “Pendular” investiga os limites e bastidores do relacionamento entre um artista plástico (Rodrigo Bolzan) e uma dançarina (Raquel Karro). Eles compartilham o imenso espaço de um galpão abandonado, onde criam, amam, riem, choram, convivem. Logo na primeira cena, ambos delimitam o espaço físico que cada um deles poderá ocupar, utilizando-se para isso da fragilidade tênue de uma fita crepe. Percebe-se aí a tentativa – obviamente inócua – de tentar colocar alguma ordem no caos do amor. Nota-se a ingenuidade de buscar as fronteiras daquilo que se define exatamente pela falta delas. A solução só pode estar no afeto.

“Pendular” respira arte. Seja através das grandes instalações do protagonista masculino, ou da freneticidade das danças que exalam dos poros da protagonista feminina, tudo no filme é inquietude. A inquietude ao mesmo tempo perturbadora e necessária que conduz a existência de quem se propõe a fazer arte. Não existe criação no conforto e só a dúvida constrói.

A câmera raramente sai da grande locação, como que sublinhando que os artistas se bastam a si só. Ou a si, sós. E quando vai – pouco – para a rua, o ponto de vista do filme invariavelmente retrata o medo do desconhecido. Sim, o sufoco da criação artística também pode ser claustrofóbico.

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