A sigla NBA significa National Basketball Association (Associação Nacional de Basquete), e diz respeito a uma das quatro Grandes Ligas do esporte americano. As demais são a NFL (National Football League), de futebol americano; NHL (National Hockey League), de hóquei sobre o gelo; e MLB (Major League Baseball), de beisebol. Embora não sejam ranqueadas como […]
POR Claudio Nogueira21/10/2018|7 min de leitura
A sigla NBA significa National Basketball Association (Associação Nacional de Basquete), e diz respeito a uma das quatro Grandes Ligas do esporte americano. As demais são a NFL (National Football League), de futebol americano; NHL (National Hockey League), de hóquei sobre o gelo; e MLB (Major League Baseball), de beisebol. Embora não sejam ranqueadas como uma das grandes, também são consideradas importantes na América do Norte a MLS (Major League Soccer), de futebol (nos EUA chamado de soccer); e a CFL (Canadian Football League), a liga canadense de futebol americano.
NBA, NFL, NHL, MLB são as ligas mais ricas do planeta em seu respectivo esporte. No caso do futebol (gerido pela Fifa), aquela que movimenta mais dinheiro é a Premier League inglesa. Enquanto futebol americano, hóquei e beisebol têm tido ligas profissionais organizadas há mais de um século, ainda que não com as denominações atuais, o basquete passou a contar com sua primeira liga profissional na década de 20: American Basketball League, a ABL, de 1925.
O embrião da NBA só viria a surgir a 6 de junho de 1946, sob o nome de Basketball Association of America (BAA). Curiosamente, a iniciativa não coube a times desse esporte, mas do hóquei no gelo sediados no Nordeste e Meio-Oeste dos EUA e no Canadá. Assim, a 1 de novembro de 1946, em Toronto, o Toronto Huskies recebeu o New York Knickerbockers (atual Knicks), vitorioso por 68 a 66, no Maple Leafs Garden. Em 1947, o primeiro campeão da BAA, atual NBA, foi o Philadelphia Warriors, que depois se mudou para San Francisco, em 1962, e desde 1971, se chama Golden State Warriors, campeão da liga em 2014/2015.
Embora não fosse a primeira liga profissional dos EUA, a BAA foi a primeira a buscar promover partidas em arenas maiores de cidades mais importantes. Tecnicamente, a qualidade desses jogos não chegava a ser mais elevada que a dos confrontos entre equipes da ABL. Tanto assim que o extinto Baltimore Bullets, finalista da ABL em 1948, foi campeão da BAA naquele mesmo ano; e o Minneapolis Lakers (atual Los Angeles Lakers), campeão da ABL em 1949, ganhou também o troféu da BAA naquela mesma temporada. Em paralelo, a partir de 1937, passara a existir, por iniciativa das empresas General Electric, Firestone and Goodyear, a National Basketball League, a NBL.
Provavelmente por uma mentalidade mais moderna e por ter demonstrado maiores perspectivas que a NBL, antes do campeonato de 1948/1949, a BAA começou a absorver times dessa outra liga, como os de Fort Wayne, Indianapolis, Minneapolis e Rochester. Com isso, tornou-se também a preferida pelos universitários desejosos de se tornarem profissionais. Ao fim da temporada 1948/1949, a BAA terminou por absorver os times que restavam na NBL: Syracuse, Anderson, Tri-Cities, Sheboygan, Denver e Waterloo.
Com isso, a 3 de agosto de 1949, como resultado da fusão entre BAA e NBL, era fundada a atual NBA, com 17 franquias. O começo foi difícil. Tanto que em meados da década de 50, a entidade passou a contar com apenas oito times, todos até hoje ligados `a NBA: New York Knicks, Boston Celtics, Philadelphia (hoje Golden State) Warriors, Minneapolis (atual Los Angeles) Lakers, Rochester Royals (atual Sacramento Kings), Fort Wayne (atual Detroit Pistons), Atlanta Hawks e Syracuse Nationals, hoje Philadelphia 76ers.
Única entidade promotora de campeonatos profissionais de basquete na América do Norte desde 1949, a NBA voltou a enfrentar uma concorrente nos anos 60, quando da criação da American Basketball Association, a ABA. Bem sucedida no inicio, esta durou até 1976. Entretanto, `a medida em que os times da NBA conseguiram contratar os destaques da ABA, a liga rival foi decaindo até que em 1976 reunia apenas cinco equipes: Denver Nuggets, Indiana Pacers, New York Nets, San Antonio Spurs e Spirit of Saint Louis. Os quatro primeiros se uniram `a NBA e continuam em atividade, ao contrário do de Saint Louis.
Atualmente, sediada em Nova York, a NBA (www.nba.com) reune 30 franquias ou times, sendo 29 nos EUA e uma no Canadá. Desde a temporada de 2004/2005, as equipes estão divididas em duas conferências – Leste e Oeste – cada qual com 15. Cada conferência, por sua vez, tem três divisões, cada qual com cinco times. Se for levada em conta a localização dessas franquias pelo mapa da América do Norte, 13 estão no Leste; nove na região Central dos EUA; três nas regiões montanhosas e cinco do lado Oeste.
Curiosamente, se hoje a imensa maioria dos atletas americanos de basquete é de negros, o racismo – muito forte na sociedade americana antes das campanhas pelos direitos civis nos anos 50 e 60 – impedia que as ligas dessa modalidade fossem racialmente mistas. O primeiro não-branco a atuar na NBA foi o nipo-americano Wataru Misaka, em 1947/1948, pelo New York Knicks. Em relação aos afro-descendentes, Harold Hunter chegou a assinar com o extinto Washington Capitols em 1950, mas foi cortado do grupo no período de treinos. No mesmo 1950, porém, atuaram os afro-americanos Earl Lloyd, do Washington, Chuck Cooper, do Boston Celtics, e Nathaniel “Sweetwater” Clifton, do New York Knicks.
Num processo cultural e político semelhante ao que se deu no futebol brasileiro, os atletas negros do basquete americano tiveram de enfrentar não apenas seus rivais dentro de quadra, com também tiveram de superar toda a deslealdade do preconceito. Basta olhar as fotos das equipes vencedoras das primeiras temporadas da liga, a partir de 1947, para perceber que os primeiros campeões negros vestiram a camiseta do extinto Syracuse Nationals, em 1954/1955: Earl Lloyd e Jim Tucker.
De acordo com Jason Lewis, do “Los Angeles Sentinel”, o pioneiro Lloyd foi o primeiro negro na quadra da NBA, atuando pelo extinto Washington Capitols. Estreou a 31 de outubro de 1950, contra o Rochester Royals, na partida de abertura da temporada. Natural de Alexandria, no estado da Virginia, no Sul dos EUA, Lloyd contava que antes de jogar pelo Washington, ele jamais havia se sentado próximo ou sequer conversado com uma pessoa branca.
Ainda em 1950, havia em quadra dois outros negros: Chuck Cooper, do Boston Celtics, e Nat “Sweetwater” Clifton, o primeiro negro a ter assinado contrato com um time da liga, o New New York Knicks.
Anos mais tarde, quando o Boston se sagrou campeão pela primeira vez, em 1957, contava com apenas um afro-americano: Bill Russell. Quase dez anos depois, em 1966, a equipe verde e branca já contava com sete atletas negros. Por volta dos anos 70, todos os times da liga contavam com mais negros que brancos, ao passo que em 2000, o campeão Los Angeles Lakers, com 15 jogadores, contava com apenas um atleta branco: Travis Knight. Atualmente, de acordo com dados da própria NBA, 80% dos jogadores da liga são negros.
Texto extraído do e-book “O Brasil no Planeta Basquete”, à venda em http://www.simplissimo.com.br.
A sigla NBA significa National Basketball Association (Associação Nacional de Basquete), e diz respeito a uma das quatro Grandes Ligas do esporte americano. As demais são a NFL (National Football League), de futebol americano; NHL (National Hockey League), de hóquei sobre o gelo; e MLB (Major League Baseball), de beisebol. Embora não sejam ranqueadas como uma das grandes, também são consideradas importantes na América do Norte a MLS (Major League Soccer), de futebol (nos EUA chamado de soccer); e a CFL (Canadian Football League), a liga canadense de futebol americano.
NBA, NFL, NHL, MLB são as ligas mais ricas do planeta em seu respectivo esporte. No caso do futebol (gerido pela Fifa), aquela que movimenta mais dinheiro é a Premier League inglesa. Enquanto futebol americano, hóquei e beisebol têm tido ligas profissionais organizadas há mais de um século, ainda que não com as denominações atuais, o basquete passou a contar com sua primeira liga profissional na década de 20: American Basketball League, a ABL, de 1925.
O embrião da NBA só viria a surgir a 6 de junho de 1946, sob o nome de Basketball Association of America (BAA). Curiosamente, a iniciativa não coube a times desse esporte, mas do hóquei no gelo sediados no Nordeste e Meio-Oeste dos EUA e no Canadá. Assim, a 1 de novembro de 1946, em Toronto, o Toronto Huskies recebeu o New York Knickerbockers (atual Knicks), vitorioso por 68 a 66, no Maple Leafs Garden. Em 1947, o primeiro campeão da BAA, atual NBA, foi o Philadelphia Warriors, que depois se mudou para San Francisco, em 1962, e desde 1971, se chama Golden State Warriors, campeão da liga em 2014/2015.
Embora não fosse a primeira liga profissional dos EUA, a BAA foi a primeira a buscar promover partidas em arenas maiores de cidades mais importantes. Tecnicamente, a qualidade desses jogos não chegava a ser mais elevada que a dos confrontos entre equipes da ABL. Tanto assim que o extinto Baltimore Bullets, finalista da ABL em 1948, foi campeão da BAA naquele mesmo ano; e o Minneapolis Lakers (atual Los Angeles Lakers), campeão da ABL em 1949, ganhou também o troféu da BAA naquela mesma temporada. Em paralelo, a partir de 1937, passara a existir, por iniciativa das empresas General Electric, Firestone and Goodyear, a National Basketball League, a NBL.
Provavelmente por uma mentalidade mais moderna e por ter demonstrado maiores perspectivas que a NBL, antes do campeonato de 1948/1949, a BAA começou a absorver times dessa outra liga, como os de Fort Wayne, Indianapolis, Minneapolis e Rochester. Com isso, tornou-se também a preferida pelos universitários desejosos de se tornarem profissionais. Ao fim da temporada 1948/1949, a BAA terminou por absorver os times que restavam na NBL: Syracuse, Anderson, Tri-Cities, Sheboygan, Denver e Waterloo.
Com isso, a 3 de agosto de 1949, como resultado da fusão entre BAA e NBL, era fundada a atual NBA, com 17 franquias. O começo foi difícil. Tanto que em meados da década de 50, a entidade passou a contar com apenas oito times, todos até hoje ligados `a NBA: New York Knicks, Boston Celtics, Philadelphia (hoje Golden State) Warriors, Minneapolis (atual Los Angeles) Lakers, Rochester Royals (atual Sacramento Kings), Fort Wayne (atual Detroit Pistons), Atlanta Hawks e Syracuse Nationals, hoje Philadelphia 76ers.
Única entidade promotora de campeonatos profissionais de basquete na América do Norte desde 1949, a NBA voltou a enfrentar uma concorrente nos anos 60, quando da criação da American Basketball Association, a ABA. Bem sucedida no inicio, esta durou até 1976. Entretanto, `a medida em que os times da NBA conseguiram contratar os destaques da ABA, a liga rival foi decaindo até que em 1976 reunia apenas cinco equipes: Denver Nuggets, Indiana Pacers, New York Nets, San Antonio Spurs e Spirit of Saint Louis. Os quatro primeiros se uniram `a NBA e continuam em atividade, ao contrário do de Saint Louis.
Atualmente, sediada em Nova York, a NBA (www.nba.com) reune 30 franquias ou times, sendo 29 nos EUA e uma no Canadá. Desde a temporada de 2004/2005, as equipes estão divididas em duas conferências – Leste e Oeste – cada qual com 15. Cada conferência, por sua vez, tem três divisões, cada qual com cinco times. Se for levada em conta a localização dessas franquias pelo mapa da América do Norte, 13 estão no Leste; nove na região Central dos EUA; três nas regiões montanhosas e cinco do lado Oeste.
Curiosamente, se hoje a imensa maioria dos atletas americanos de basquete é de negros, o racismo – muito forte na sociedade americana antes das campanhas pelos direitos civis nos anos 50 e 60 – impedia que as ligas dessa modalidade fossem racialmente mistas. O primeiro não-branco a atuar na NBA foi o nipo-americano Wataru Misaka, em 1947/1948, pelo New York Knicks. Em relação aos afro-descendentes, Harold Hunter chegou a assinar com o extinto Washington Capitols em 1950, mas foi cortado do grupo no período de treinos. No mesmo 1950, porém, atuaram os afro-americanos Earl Lloyd, do Washington, Chuck Cooper, do Boston Celtics, e Nathaniel “Sweetwater” Clifton, do New York Knicks.
Num processo cultural e político semelhante ao que se deu no futebol brasileiro, os atletas negros do basquete americano tiveram de enfrentar não apenas seus rivais dentro de quadra, com também tiveram de superar toda a deslealdade do preconceito. Basta olhar as fotos das equipes vencedoras das primeiras temporadas da liga, a partir de 1947, para perceber que os primeiros campeões negros vestiram a camiseta do extinto Syracuse Nationals, em 1954/1955: Earl Lloyd e Jim Tucker.
De acordo com Jason Lewis, do “Los Angeles Sentinel”, o pioneiro Lloyd foi o primeiro negro na quadra da NBA, atuando pelo extinto Washington Capitols. Estreou a 31 de outubro de 1950, contra o Rochester Royals, na partida de abertura da temporada. Natural de Alexandria, no estado da Virginia, no Sul dos EUA, Lloyd contava que antes de jogar pelo Washington, ele jamais havia se sentado próximo ou sequer conversado com uma pessoa branca.
Ainda em 1950, havia em quadra dois outros negros: Chuck Cooper, do Boston Celtics, e Nat “Sweetwater” Clifton, o primeiro negro a ter assinado contrato com um time da liga, o New New York Knicks.
Anos mais tarde, quando o Boston se sagrou campeão pela primeira vez, em 1957, contava com apenas um afro-americano: Bill Russell. Quase dez anos depois, em 1966, a equipe verde e branca já contava com sete atletas negros. Por volta dos anos 70, todos os times da liga contavam com mais negros que brancos, ao passo que em 2000, o campeão Los Angeles Lakers, com 15 jogadores, contava com apenas um atleta branco: Travis Knight. Atualmente, de acordo com dados da própria NBA, 80% dos jogadores da liga são negros.