‘Anos 90’: a estreia de Jonah Hill na direção de longas-metragens
Estreia de Jonah Hill na direção de longas-metragens, “Anos 90” (Mid90s – 2019) entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 30, nos cinemas brasileiros, oferecendo uma viagem nostálgica para a fatia da plateia que já passou dos 30, mas por meio de uma trama cuja complexidade não é devidamente trabalhada. No filme roteirizado por Hill, […]
POR Ana Carolina Garcia29/05/2019|4 min de leitura
Estreia de Jonah Hill na direção de longas-metragens, “Anos 90” (Mid90s – 2019) entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 30, nos cinemas brasileiros, oferecendo uma viagem nostálgica para a fatia da plateia que já passou dos 30, mas por meio de uma trama cuja complexidade não é devidamente trabalhada.
No filme roteirizado por Hill, Stevie (Sunny Suljic) é um pré-adolescente vítima do irmão mais velho, que o agride fisicamente com frequência. Em busca de autoafirmação, Stevie conhece um grupo de adolescentes que tem no skate mais do que um passatempo, mas uma válvula de escape e a única chance de uma vida melhor, exceto Fuckshit (Olan Prenatt), advindo de família de boa situação financeira que desperdiça a possibilidade de um futuro melhor. Ao lado dos novos amigos, Stevie também é apresentado às mulheres, ao álcool e às drogas, o que começa a preocupar Ray (Na-kel Smith), líder do grupo.
Com pouco mais de 80 minutos de duração, “Anos 90” é eficiente ao levar às telas a atmosfera da década de 1990, sobretudo o universo do skate, à época considerado uma atividade/esporte marginal. No entanto, a boa recriação do período, algo que pode ser observado no figurino e na direção de arte, não suprime as falhas do roteiro, que desperdiça a riqueza de sua trama.
Stevie pertence a um lar emocionalmente fraturado, mas a questão não é abordada em sua propriedade. Há um problema naquela família que originou o comportamento violento de Ian (Lucas Hedges) e a rebeldia precoce de Stevie. O espectador fica ciente disto, mas nada lhe é explicado, nem mesmo quando Ian fala a Stevie sobre as lembranças de uma infância aparentemente usurpada pela mãe de ambos. Isto também pode ser observado na subtrama de Ruben (Gio Galicia), outro jovem que sofre violência doméstica.
Com uma fotografia que busca propositalmente a precariedade de vídeos caseiros, “Anos 90” tem nas entrelinhas uma trama realmente interessante que é carregada nas costas por Suljic, Smith e Hedges. Enquanto Suljic faz de Stevie um garoto sem orientação materna e Smith faz de Ray um jovem que tem na profissionalização do esporte a única chance de uma vida melhor, Hedges entrega a melhor atuação do longa. Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por “Manchester à Beira-Mar” (Manchester by the Sea – 2016), Hedges explora as diferentes emoções de Ian de maneira a transmitir ao espectador a dor de um adolescente sufocado pelo passado e incapaz de demonstrar afeto no presente, principalmente a Stevie, transformando amor em agressão como se quisesse preparar o caçula para as adversidades da vida.
Exibido na Mostra Panorama do Festival de Berlim deste ano, “Anos 90” é um filme bem dirigido que transmite a mensagem sobre a importância da amizade para o indivíduo. Evocando os elementos de uma década marcada pela influência da MTV nos jovens que desejavam obter Discman ou Nintendo 64, dois produtos considerados de luxo na época, o longa desperdiça a força de sua história devido ao roteiro irregular que se preocupa mais em mostrar manobras e farras na periferia de Los Angeles do que em explorar o fator humano.
Assista ao trailer oficial legendado:
Estreia de Jonah Hill na direção de longas-metragens, “Anos 90” (Mid90s – 2019) entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 30, nos cinemas brasileiros, oferecendo uma viagem nostálgica para a fatia da plateia que já passou dos 30, mas por meio de uma trama cuja complexidade não é devidamente trabalhada.
No filme roteirizado por Hill, Stevie (Sunny Suljic) é um pré-adolescente vítima do irmão mais velho, que o agride fisicamente com frequência. Em busca de autoafirmação, Stevie conhece um grupo de adolescentes que tem no skate mais do que um passatempo, mas uma válvula de escape e a única chance de uma vida melhor, exceto Fuckshit (Olan Prenatt), advindo de família de boa situação financeira que desperdiça a possibilidade de um futuro melhor. Ao lado dos novos amigos, Stevie também é apresentado às mulheres, ao álcool e às drogas, o que começa a preocupar Ray (Na-kel Smith), líder do grupo.
Com pouco mais de 80 minutos de duração, “Anos 90” é eficiente ao levar às telas a atmosfera da década de 1990, sobretudo o universo do skate, à época considerado uma atividade/esporte marginal. No entanto, a boa recriação do período, algo que pode ser observado no figurino e na direção de arte, não suprime as falhas do roteiro, que desperdiça a riqueza de sua trama.
Stevie pertence a um lar emocionalmente fraturado, mas a questão não é abordada em sua propriedade. Há um problema naquela família que originou o comportamento violento de Ian (Lucas Hedges) e a rebeldia precoce de Stevie. O espectador fica ciente disto, mas nada lhe é explicado, nem mesmo quando Ian fala a Stevie sobre as lembranças de uma infância aparentemente usurpada pela mãe de ambos. Isto também pode ser observado na subtrama de Ruben (Gio Galicia), outro jovem que sofre violência doméstica.
Com uma fotografia que busca propositalmente a precariedade de vídeos caseiros, “Anos 90” tem nas entrelinhas uma trama realmente interessante que é carregada nas costas por Suljic, Smith e Hedges. Enquanto Suljic faz de Stevie um garoto sem orientação materna e Smith faz de Ray um jovem que tem na profissionalização do esporte a única chance de uma vida melhor, Hedges entrega a melhor atuação do longa. Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por “Manchester à Beira-Mar” (Manchester by the Sea – 2016), Hedges explora as diferentes emoções de Ian de maneira a transmitir ao espectador a dor de um adolescente sufocado pelo passado e incapaz de demonstrar afeto no presente, principalmente a Stevie, transformando amor em agressão como se quisesse preparar o caçula para as adversidades da vida.
Exibido na Mostra Panorama do Festival de Berlim deste ano, “Anos 90” é um filme bem dirigido que transmite a mensagem sobre a importância da amizade para o indivíduo. Evocando os elementos de uma década marcada pela influência da MTV nos jovens que desejavam obter Discman ou Nintendo 64, dois produtos considerados de luxo na época, o longa desperdiça a força de sua história devido ao roteiro irregular que se preocupa mais em mostrar manobras e farras na periferia de Los Angeles do que em explorar o fator humano.