‘Pantera Negra’: Michael B. Jordan se destaca como Erik Killmonger
Apresentado aos cinéfilos de todo o mundo em “Capitão América: Guerra Civil” (Captain America: Civil War – 2016), o Príncipe T’Challa / Pantera Negra (Chadwick Boseman) ganhou um filme solo que mostra sua origem, bem como a de Wakanda, país isolado que esconde do mundo sua tecnologia avançada e sua maior riqueza: o metal vibranium. […]
POR Ana Carolina Garcia14/02/2018|6 min de leitura
Apresentado aos cinéfilos de todo o mundo em “Capitão América: Guerra Civil” (Captain America: Civil War – 2016), o Príncipe T’Challa / Pantera Negra (Chadwick Boseman) ganhou um filme solo que mostra sua origem, bem como a de Wakanda, país isolado que esconde do mundo sua tecnologia avançada e sua maior riqueza: o metal vibranium. Dirigido por Ryan Coogler, “Pantera Negra” (Black Panther – 2018) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 15.
No longa, T’Challa precisa assumir o trono de Wakanda após a morte de seu pai, o Rei T’Chaka (John Kani), na explosão do prédio da ONU, mostrada em “Capitão América: Guerra Civil”. Cumprindo todo o ritual de coroação, o novo Rei vive o dilema de manter a tradição para proteger o país e seu povo ou dividir com o mundo seus conhecimentos. Mas a caçada por um antigo inimigo o coloca diante de uma ameaça ainda maior: o renegado Erik Killmonger (Michael B. Jordan), sedento por vingança.
“Pantera Negra” supera as expectativas em termos de efeitos sonoros e visuais, apostando também no design de produção e na fotografia impecáveis que funcionam a favor da trama e permitem que o longa mantenha o padrão de qualidade instituído pela Marvel / Disney nos últimos anos. Porém, ao contrário da maioria dos blockbusters consumidos pelo grande público, o filme é muito rico em conteúdo graças ao roteiro de Coogler e Joe Robert Cole.
Ao longo de mais de duas horas de duração, o longa apresenta uma trama calcada em dinâmica familiar, religiosidade, importância de ancestrais e, acima de tudo, a influência de seus espíritos. No entanto, “Pantera Negra” não se atém ao sentimentalismo do drama familiar imposto pela traição e mentira, pois é uma produção que se arrisca ao sair da zona de conforto do universo dos heróis para levar às telas uma discussão social, usando como fio condutor a história pregressa de Killmonger em Oakland, mesma cidade da Califórnia em que Coogler nasceu. Desta forma, o longa faz uma reflexão sobre exclusão e “conquistadores e conquistados”, como diz W’Kabi (Daniel Kalluya), líder da Tribo da Fronteira, bem como suas consequências na sociedade como um todo a partir das posturas políticas distintas de T’Challa e Killmonger.
Explorando com dignidade a beleza da cultura africana, o blockbuster também mostra a importância da mulher no modus operandi de Wakanda, influenciando o seu Rei ou se opondo a ele, como as guerreiras Dora Milaje, a guarda pessoal do soberano. Com isso, o longa assume uma abordagem mais tradicional e vista em diversos filmes dentro e fora de Hollywood, baseada no antigo ditado popular “por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher”. Mas, no caso de T’Challa, o ditado foi adaptado, pois há um grupo de mulheres imprescindível para que ele se estabeleça no trono e lute pelo futuro de seu país e, consequentemente, pela segurança de seu povo. O tal grupo é composto por duas personagens fortes, Nakia (Lupita Nyong’o) e Okoye (Danai Gurira), e outras duas mais fracas, Shuri (Letitia Wright) e Ramonda (Angela Bassett).
Referenciando visualmente longas como “Hatari!” (Idem – 1962), “As Minas do Rei Salomão” (King Solomon’s Mines – 1985) e “Um Príncipe em Nova York” (Coming to America – 1988), Ryan Coogler bebe diretamente da fonte do oscarizado “Coração Valente” (Braveheart – 1995) para criar as sequências de batalhas, sobretudo próximo ao final, garantindo ao filme o tom quase épico. Porém, tanto a história quanto a ação funcionam perfeitamente na tela devido à dedicação de todo o elenco.
Reunindo boa parte da realeza de atores negros da Hollywood contemporânea, “Pantera Negra” tem como um de seus principais trunfos a comunhão do elenco, bastante à vontade no Universo Cinematográfico Marvel. A química salta da tela e contagia a plateia de maneira cada vez mais rara. Contudo, apesar da boa atuação do protagonista Chadwick Boseman, três pessoas se destacam: Forrest Whitaker como Zuri, o conselheiro e guia espiritual de Wakanda; Andy Serkis, que compõe o mercenário Ulysses Klaue como um lunático aos moldes do Coringa de Heath Ledger; e Michael B. Jordan, poderoso em cena.
Protagonista dos sucessos anteriores de Coogler, “Fruitvalle Station: A Última Parada” (Fruitvalle Station – 2015) e “Creed: Nascido Para Lutar” (Creed – 2015), Jordan surge na tela com uma força cênica descomunal, engolindo todos ao seu redor. É um trabalho que impressiona por equilibrar rancor, obstinação e vingança de maneira a fugir de clichês inerentes aos vilões de produções estreladas por super-heróis, principalmente por sua motivação ser de cunho estritamente pessoal.
Favorecido pela eficiente montagem de Debbie Berman e Michael P. Shawver, que tiveram em sua equipe a brasileira Claudia Castello, responsável pela edição dos já citados filmes anteriores de Ryan Coogler, “Pantera Negra” é um filme de origem de personagem correto e enxuto. Mais do que isso, é uma produção sobre a busca do indivíduo por suas raízes, responsabilidade para com terceiros e os efeitos colaterais do desejo de vingança, que origina uma ideologia política radical.
* “Pantera Negra” tem duas cenas pós-créditos.
Assista ao trailer oficial legendado:
Apresentado aos cinéfilos de todo o mundo em “Capitão América: Guerra Civil” (Captain America: Civil War – 2016), o Príncipe T’Challa / Pantera Negra (Chadwick Boseman) ganhou um filme solo que mostra sua origem, bem como a de Wakanda, país isolado que esconde do mundo sua tecnologia avançada e sua maior riqueza: o metal vibranium. Dirigido por Ryan Coogler, “Pantera Negra” (Black Panther – 2018) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 15.
No longa, T’Challa precisa assumir o trono de Wakanda após a morte de seu pai, o Rei T’Chaka (John Kani), na explosão do prédio da ONU, mostrada em “Capitão América: Guerra Civil”. Cumprindo todo o ritual de coroação, o novo Rei vive o dilema de manter a tradição para proteger o país e seu povo ou dividir com o mundo seus conhecimentos. Mas a caçada por um antigo inimigo o coloca diante de uma ameaça ainda maior: o renegado Erik Killmonger (Michael B. Jordan), sedento por vingança.
“Pantera Negra” supera as expectativas em termos de efeitos sonoros e visuais, apostando também no design de produção e na fotografia impecáveis que funcionam a favor da trama e permitem que o longa mantenha o padrão de qualidade instituído pela Marvel / Disney nos últimos anos. Porém, ao contrário da maioria dos blockbusters consumidos pelo grande público, o filme é muito rico em conteúdo graças ao roteiro de Coogler e Joe Robert Cole.
Ao longo de mais de duas horas de duração, o longa apresenta uma trama calcada em dinâmica familiar, religiosidade, importância de ancestrais e, acima de tudo, a influência de seus espíritos. No entanto, “Pantera Negra” não se atém ao sentimentalismo do drama familiar imposto pela traição e mentira, pois é uma produção que se arrisca ao sair da zona de conforto do universo dos heróis para levar às telas uma discussão social, usando como fio condutor a história pregressa de Killmonger em Oakland, mesma cidade da Califórnia em que Coogler nasceu. Desta forma, o longa faz uma reflexão sobre exclusão e “conquistadores e conquistados”, como diz W’Kabi (Daniel Kalluya), líder da Tribo da Fronteira, bem como suas consequências na sociedade como um todo a partir das posturas políticas distintas de T’Challa e Killmonger.
Explorando com dignidade a beleza da cultura africana, o blockbuster também mostra a importância da mulher no modus operandi de Wakanda, influenciando o seu Rei ou se opondo a ele, como as guerreiras Dora Milaje, a guarda pessoal do soberano. Com isso, o longa assume uma abordagem mais tradicional e vista em diversos filmes dentro e fora de Hollywood, baseada no antigo ditado popular “por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher”. Mas, no caso de T’Challa, o ditado foi adaptado, pois há um grupo de mulheres imprescindível para que ele se estabeleça no trono e lute pelo futuro de seu país e, consequentemente, pela segurança de seu povo. O tal grupo é composto por duas personagens fortes, Nakia (Lupita Nyong’o) e Okoye (Danai Gurira), e outras duas mais fracas, Shuri (Letitia Wright) e Ramonda (Angela Bassett).
Referenciando visualmente longas como “Hatari!” (Idem – 1962), “As Minas do Rei Salomão” (King Solomon’s Mines – 1985) e “Um Príncipe em Nova York” (Coming to America – 1988), Ryan Coogler bebe diretamente da fonte do oscarizado “Coração Valente” (Braveheart – 1995) para criar as sequências de batalhas, sobretudo próximo ao final, garantindo ao filme o tom quase épico. Porém, tanto a história quanto a ação funcionam perfeitamente na tela devido à dedicação de todo o elenco.
Reunindo boa parte da realeza de atores negros da Hollywood contemporânea, “Pantera Negra” tem como um de seus principais trunfos a comunhão do elenco, bastante à vontade no Universo Cinematográfico Marvel. A química salta da tela e contagia a plateia de maneira cada vez mais rara. Contudo, apesar da boa atuação do protagonista Chadwick Boseman, três pessoas se destacam: Forrest Whitaker como Zuri, o conselheiro e guia espiritual de Wakanda; Andy Serkis, que compõe o mercenário Ulysses Klaue como um lunático aos moldes do Coringa de Heath Ledger; e Michael B. Jordan, poderoso em cena.
Protagonista dos sucessos anteriores de Coogler, “Fruitvalle Station: A Última Parada” (Fruitvalle Station – 2015) e “Creed: Nascido Para Lutar” (Creed – 2015), Jordan surge na tela com uma força cênica descomunal, engolindo todos ao seu redor. É um trabalho que impressiona por equilibrar rancor, obstinação e vingança de maneira a fugir de clichês inerentes aos vilões de produções estreladas por super-heróis, principalmente por sua motivação ser de cunho estritamente pessoal.
Favorecido pela eficiente montagem de Debbie Berman e Michael P. Shawver, que tiveram em sua equipe a brasileira Claudia Castello, responsável pela edição dos já citados filmes anteriores de Ryan Coogler, “Pantera Negra” é um filme de origem de personagem correto e enxuto. Mais do que isso, é uma produção sobre a busca do indivíduo por suas raízes, responsabilidade para com terceiros e os efeitos colaterais do desejo de vingança, que origina uma ideologia política radical.