Numa organização primorosa, o Comida di Buteco conseguiu reunir os 20 bares vencedores nos estados onde aconteceu o concurso e demonstrou a diversidade e a riqueza gastronômica do Brasil. Tivemos representes do Pará, Minas Gerais (Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros, Poços de Caldas, Uberlândia, Vale do Aço), Brasília, São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto), Paraná, Ceará, Goiás, Amazônia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. Os sabores, temperos, escolhas dos insumos e soluções para cada um dos petiscos variavam de acordo com a região e a cultura de cada localidade. Ao final, o Bar do Jão, de São Paulo capital, recebeu prêmio de melhor bar do Brasil. Com o petisco Bacalhau da Dona Arminda (lombo de bacalhau desfiado com quinoa, linhaça, cebola roxa, tomate e azeitona preta, o prato vem servido com rodelas de pães regado com azeite de ervas e temperos especiais). Não preciso salientar ser este um petisco tipicamente paulista, muito bem servido e executado, dentro do padrão que conhecemos do excelente serviço que a capital paulista exibe com muita naturalidade.

Vencedor no ano passado do Comida di Buteco Nacional, bicampeão carioca, o Bar do David ficou em segundo lugar. Como já dissemos aqui, David exibiu o melhor petisco do Rio de Janeiro e ainda demonstrou capacidade, num momento de crise aguda na cidade, de investir em seu negócio, ampliar o bar (que conta agora com um segundo pavimento) e, em meio à desconfiança com o problema de segurança no Rio, manter-se ativo como um boteco de comunidade, incrustado no Chapéu Mangueira. O Saudosa Maloca – título de uma música do sambista de São Paulo, Adoniram Barbosa – faz uma homenagem muito bem feita ao acarajé. São bolinhos de milho com queijo, recheados com carne seca ao molho de azeitonas. O quitute vem sobre uma folha de milho, cuidadosamente aplicada pela esposa de David, o que dá um toque estético interessante e chamativo.

Na terceira colocação ficou o Tuim, bar de Porto Alegre, com o Navegar é Preciso (bacalhau às natas, com lula defumada, gratinado com torradinhas e parmesão). O petisco vem numa quentinha e é bem delicioso e equilibrado, um dos destaques da noite. Apesar de não ter ganhado qualquer prêmio, gostaria de ressaltar o belisquete do bar Baba Salim, de Curitiba. O seu Fate Salim (carne fatiada temperada, grão-de-bico, amêndoas fritas, pão árabe torrado e molho tahine) é simplesmente fantástico. Enquanto o degustava cheguei a acreditar que seria o vencedor. Foi um dos pratos mais interessantes da noite, em sabor, equilíbrio, criatividade e apresentação.

Agora, nos resta esperar pela próxima edição do Comida di Buteco. Que chegue logo!

Saúde!