Crítica: The Who épico na penúltima noite de Rock in Rio
Só contexto que envolvia a apresentação do The Who no Rock in Rio já daria uma bela história. A primeira vez da banda no país depois de 53 anos de vida trouxe uma carga extra de emoção à sexta noite do Festival. Mas Daltrey/Townsend foram além. Bem além. Ofereceram um show antológico, reto, intenso. O […]
POR Claudio Francioni24/09/2017|5 min de leitura
Só contexto que envolvia a apresentação do The Who no Rock in Rio já daria uma bela história. A primeira vez da banda no país depois de 53 anos de vida trouxe uma carga extra de emoção à sexta noite do Festival. Mas Daltrey/Townsend foram além. Bem além. Ofereceram um show antológico, reto, intenso. O guitarrista já subiu ao palco mandando duas dúzias de “fuck”, como se desse um aviso à molecada-nutella que era hora deles irem para a roda gigante porque agora era show de gente grande. E muito grande. Roger, com sua voz em ótima forma, Pete, com a guitarra urrando, e Zak (filho de Ringo), descendo a lenha nos tambores. Mesmo restritos a um pequeno espaço de palco devido à estrutura do Guns, sobraram na turma. Nem precisavam mais do que isso. It’s only rock and roll, o mais puro rock and roll, orgânico, natural, but I love it!
No Sunset brilhou, mais uma vez, a música negra. O Cidade Negra, acompanhado da rapaziada de metais do Maestro Spok e do Digital Dubs, montou um show cuidadoso, pensado, em homenagem ao gênio Gilberto Gil. Um repertório irretocável vestido com roupagem pop-reggae e agigantado por lindos arranjos. O final com “Palco” foi apoteótico. Golaço-aço-aço de Garrido e seu time.
Outra obra de arte foi pintada por Ceelo Green. O ex-membro do Gnarls Barkley comandou uma hora de baile unindo o soul retrô dos 70 com os recursos que a modernidade oferece. A banda, espetacular, era formada quase toda por mulheres, com exceção dos sopros. Os caras do Quabales, que tocaram pouco antes com Margareth Menezes, foram convidados ao palco e deram um tom de brasilidade a alguns momentos do show. Até batidão rolou. A carioca Iza entrou para cantar duas músicas com Green e melhorou o que já estava ótimo. Ceelo é o cara!
Coube ao Titãs a abertura do palcão. A banda perde com todas as ausências, principalmente de Paulo Miklos, mas, tirando as três músicas desconhecidas no meio (por quê?), o show foi bem digno. O destaque foi “Vossa Excelência”, bem escalada para fechar a apresentação numa singela e dócil homenagem aos nossos políticos: “filho da puta, bandido, corrupto, ladrão!”.
O Incubus talvez tenha feito o melhor show daquelas atrações que não deveriam estar naquele lugar. Brandon Boyd é um ótimo cantor e a banda tem momentos bem interessantes. Pena que, mais uma vez, a recepção foi gelada.
Caiu no colo do Guns n’Roses a árdua missão de fechar a noite logo após o The Who. A banda apresentou um setlist muito parecido com o que passou por aqui no fim do ano passado. O show, que faz parte da turnê “Not in This Lifetime”, é longo. Longo até demais para a maratona de um festival, mas fã não liga. Aliás, nem a apresentação abaixo da crítica em 2011 fez o gigantesco fã-clube do GNR ligar, então não seria dessa vez que eles se incomodariam com o estado da voz de Axl. Diferente do show no Engenhão pouco menos de um ano atrás, quando foi bem, o cantor apresentou muitas dificuldades, principalmente nas notas altas. Sua voz estava ainda mais esganiçada do que de costume e incomodou uma barbaridade até o fã menos passional. Em algumas canções, tinha-se a impressão de alguma voz pré-gravada por trás para dar um apoio extra. Apesar de interminável, o setlist brindou o público com praticamente todos os seus sucessos. A homenagem a Chris Cornell com “Black Hole Sun” caiu muito bem na reta final. Sobre Slash, este é único e insubstituível, pelo menos para o Guns. Sem ele, a banda é um cover mal feito de si mesmo.
Só contexto que envolvia a apresentação do The Who no Rock in Rio já daria uma bela história. A primeira vez da banda no país depois de 53 anos de vida trouxe uma carga extra de emoção à sexta noite do Festival. Mas Daltrey/Townsend foram além. Bem além. Ofereceram um show antológico, reto, intenso. O guitarrista já subiu ao palco mandando duas dúzias de “fuck”, como se desse um aviso à molecada-nutella que era hora deles irem para a roda gigante porque agora era show de gente grande. E muito grande. Roger, com sua voz em ótima forma, Pete, com a guitarra urrando, e Zak (filho de Ringo), descendo a lenha nos tambores. Mesmo restritos a um pequeno espaço de palco devido à estrutura do Guns, sobraram na turma. Nem precisavam mais do que isso. It’s only rock and roll, o mais puro rock and roll, orgânico, natural, but I love it!
No Sunset brilhou, mais uma vez, a música negra. O Cidade Negra, acompanhado da rapaziada de metais do Maestro Spok e do Digital Dubs, montou um show cuidadoso, pensado, em homenagem ao gênio Gilberto Gil. Um repertório irretocável vestido com roupagem pop-reggae e agigantado por lindos arranjos. O final com “Palco” foi apoteótico. Golaço-aço-aço de Garrido e seu time.
Outra obra de arte foi pintada por Ceelo Green. O ex-membro do Gnarls Barkley comandou uma hora de baile unindo o soul retrô dos 70 com os recursos que a modernidade oferece. A banda, espetacular, era formada quase toda por mulheres, com exceção dos sopros. Os caras do Quabales, que tocaram pouco antes com Margareth Menezes, foram convidados ao palco e deram um tom de brasilidade a alguns momentos do show. Até batidão rolou. A carioca Iza entrou para cantar duas músicas com Green e melhorou o que já estava ótimo. Ceelo é o cara!
Coube ao Titãs a abertura do palcão. A banda perde com todas as ausências, principalmente de Paulo Miklos, mas, tirando as três músicas desconhecidas no meio (por quê?), o show foi bem digno. O destaque foi “Vossa Excelência”, bem escalada para fechar a apresentação numa singela e dócil homenagem aos nossos políticos: “filho da puta, bandido, corrupto, ladrão!”.
O Incubus talvez tenha feito o melhor show daquelas atrações que não deveriam estar naquele lugar. Brandon Boyd é um ótimo cantor e a banda tem momentos bem interessantes. Pena que, mais uma vez, a recepção foi gelada.
Caiu no colo do Guns n’Roses a árdua missão de fechar a noite logo após o The Who. A banda apresentou um setlist muito parecido com o que passou por aqui no fim do ano passado. O show, que faz parte da turnê “Not in This Lifetime”, é longo. Longo até demais para a maratona de um festival, mas fã não liga. Aliás, nem a apresentação abaixo da crítica em 2011 fez o gigantesco fã-clube do GNR ligar, então não seria dessa vez que eles se incomodariam com o estado da voz de Axl. Diferente do show no Engenhão pouco menos de um ano atrás, quando foi bem, o cantor apresentou muitas dificuldades, principalmente nas notas altas. Sua voz estava ainda mais esganiçada do que de costume e incomodou uma barbaridade até o fã menos passional. Em algumas canções, tinha-se a impressão de alguma voz pré-gravada por trás para dar um apoio extra. Apesar de interminável, o setlist brindou o público com praticamente todos os seus sucessos. A homenagem a Chris Cornell com “Black Hole Sun” caiu muito bem na reta final. Sobre Slash, este é único e insubstituível, pelo menos para o Guns. Sem ele, a banda é um cover mal feito de si mesmo.