Culto a Renato Russo na ‘Invasão da Cidade’, por Claudio Francioni
Este texto deveria apenas abrigar meus malfadados palpites sobre o evento “Invasão da Cidade”, comemoração dos 45 anos da rádio que mudou a história das FMs do país, mas acabará soando como um protesto em prol de Bonfá e Dado no imbróglio com o filho de Renato Russo. Porque é impossível não pensar no assunto […]
POR Claudio Francioni13/06/2022|4 min de leitura
Este texto deveria apenas abrigar meus malfadados palpites sobre o evento “Invasão da Cidade”, comemoração dos 45 anos da rádio que mudou a história das FMs do país, mas acabará soando como um protesto em prol de Bonfá e Dado no imbróglio com o filho de Renato Russo. Porque é impossível não pensar no assunto ao acompanhar a reação do público durante o show da dupla. Aliás, show é força de expressão. Culto seria a melhor definição.
O que propõem o baterista e o guitarrista é a celebração da história de uma das bandas mais emblemáticas da música brasileira. Uma ode à vida e à obra do pai do rapaz que cria problemas com o uso do nome Legião Urbana. Dado e Bonfá não buscam um novo Renato, não se propõem em dar continuidade musical com novas composições. Nada disso. É apenas um tributo sobre si mesmo, o que, no meu entender, eles têm total direito. Assim como Queen fez com Paul Rodgers ou Adam Lambert, a ideia Legião+André Frateschi é legítima e acontece, apesar de não poderem usar esta marca. Nem vou entrar no mérito do pedido de Renato em vida, para que a banda não continuasse. Outra idade, outra época, outra ideia. Ideia esta que o público entende e atende, ajoelhando, chorando e urrando a cada verso. Aliás, pode proibir o nome que for, que o público vai gritar “uh uh, é Legião” na hora que ele quiser. E quiseram várias vezes.
André é ótimo cantor e respeita cada nota eternizada por Renato. Há espaço também para os dois membros originais cantarem, como Eduardo e Mônica, Pais e Filhos e Ainda é Cedo (Bonfá), e Teatro dos Vampiros e Tempo Perdido (Dado). O repertório passa por todas as fases da banda e muita coisa boa acaba ficando de fora das 22 canções escolhidas. Se eu tivesse a oportunidade de aconselhar Giuliano Manfredini, diria pra ele relaxar e assistir, escondidinho lá atrás, a um show da dupla. Ou melhor, do público, que amava seu pai e ainda o tem como porta-voz e representante de sua geração.
A noite foi aberta pelo ótimo show da banda Suricato. Rodrigo é resistência na cruel missão de se fazer bom rock no Brasil atualmente. Destaque para Astronauta e para a belíssima releitura de Êxtase, de Guilherme Arantes. Com Purple Rain, Suri homenageou Prince, que faria 64 anos na semana passada.
Suricato. Foto: Juliana Dias/SRzd
O segundo show da noite foi da sensação das redes sociais, o fantástico baixista Fernando Rosa. O sigo há algum tempo, adoro seus vídeos, mas para um show, o formato não me agradou tanto. Fernando, acompanhado pelo tecladista Vinícius Morales e pelo baterista Samuca, faz várias sessões de medleys prioritariamente de soul e de disco music, tocando sobre bases pré-gravadas, inclusive com as vozes dos artistas, que se revezavam em telões no cenário. O resultado sonoro soou um pouco embolado, com o baixo escondido sob a massa da base. No meio da apresentação, Fernando subiu o som do instrumento e acabou ficando alto demais. Apesar disso, o público transformou o Qualistage numa enorme pista de dança e duvido muito que, depois desse dia, alguém ainda diga que não consegue ouvir os baixos nas músicas.
Fernando Rosa. Foto: Juliana Dias/SRzd
Set list Dado/Bonfá
Daniel na Cova dos Leões Quase sem Querer Eu Sei Índios Ainda é Cedo Geração Coca-Cola Baader-Meinhof Blues Soldados Teatro dos Vampiros Giz Pais e Filhos Eduardo e Mônica Faroeste Caboclo Angra dos Reis Há Tempos Será Tempo Perdido
BIS
Por Enquanto Fábrica 1965 (Duas Tribos) Que país é Esse? Perfeição
Este texto deveria apenas abrigar meus malfadados palpites sobre o evento “Invasão da Cidade”, comemoração dos 45 anos da rádio que mudou a história das FMs do país, mas acabará soando como um protesto em prol de Bonfá e Dado no imbróglio com o filho de Renato Russo. Porque é impossível não pensar no assunto ao acompanhar a reação do público durante o show da dupla. Aliás, show é força de expressão. Culto seria a melhor definição.
O que propõem o baterista e o guitarrista é a celebração da história de uma das bandas mais emblemáticas da música brasileira. Uma ode à vida e à obra do pai do rapaz que cria problemas com o uso do nome Legião Urbana. Dado e Bonfá não buscam um novo Renato, não se propõem em dar continuidade musical com novas composições. Nada disso. É apenas um tributo sobre si mesmo, o que, no meu entender, eles têm total direito. Assim como Queen fez com Paul Rodgers ou Adam Lambert, a ideia Legião+André Frateschi é legítima e acontece, apesar de não poderem usar esta marca. Nem vou entrar no mérito do pedido de Renato em vida, para que a banda não continuasse. Outra idade, outra época, outra ideia. Ideia esta que o público entende e atende, ajoelhando, chorando e urrando a cada verso. Aliás, pode proibir o nome que for, que o público vai gritar “uh uh, é Legião” na hora que ele quiser. E quiseram várias vezes.
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Foto: Juliana Dias/SRzd
André é ótimo cantor e respeita cada nota eternizada por Renato. Há espaço também para os dois membros originais cantarem, como Eduardo e Mônica, Pais e Filhos e Ainda é Cedo (Bonfá), e Teatro dos Vampiros e Tempo Perdido (Dado). O repertório passa por todas as fases da banda e muita coisa boa acaba ficando de fora das 22 canções escolhidas. Se eu tivesse a oportunidade de aconselhar Giuliano Manfredini, diria pra ele relaxar e assistir, escondidinho lá atrás, a um show da dupla. Ou melhor, do público, que amava seu pai e ainda o tem como porta-voz e representante de sua geração.
A noite foi aberta pelo ótimo show da banda Suricato. Rodrigo é resistência na cruel missão de se fazer bom rock no Brasil atualmente. Destaque para Astronauta e para a belíssima releitura de Êxtase, de Guilherme Arantes. Com Purple Rain, Suri homenageou Prince, que faria 64 anos na semana passada.
Suricato. Foto: Juliana Dias/SRzd
O segundo show da noite foi da sensação das redes sociais, o fantástico baixista Fernando Rosa. O sigo há algum tempo, adoro seus vídeos, mas para um show, o formato não me agradou tanto. Fernando, acompanhado pelo tecladista Vinícius Morales e pelo baterista Samuca, faz várias sessões de medleys prioritariamente de soul e de disco music, tocando sobre bases pré-gravadas, inclusive com as vozes dos artistas, que se revezavam em telões no cenário. O resultado sonoro soou um pouco embolado, com o baixo escondido sob a massa da base. No meio da apresentação, Fernando subiu o som do instrumento e acabou ficando alto demais. Apesar disso, o público transformou o Qualistage numa enorme pista de dança e duvido muito que, depois desse dia, alguém ainda diga que não consegue ouvir os baixos nas músicas.
Fernando Rosa. Foto: Juliana Dias/SRzd
Set list Dado/Bonfá
Daniel na Cova dos Leões Quase sem Querer Eu Sei Índios Ainda é Cedo Geração Coca-Cola Baader-Meinhof Blues Soldados Teatro dos Vampiros Giz Pais e Filhos Eduardo e Mônica Faroeste Caboclo Angra dos Reis Há Tempos Será Tempo Perdido
BIS
Por Enquanto Fábrica 1965 (Duas Tribos) Que país é Esse? Perfeição