Crítica: Barão Vermelho no Circo Voador

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Não há como fugir. Toda crítica, por mais isenta que seja, leva uma carga considerável de pessoalidade. Temo que esta passe um pouco do ponto. O Barão Vermelho faz parte do seleto grupo das quatro grandes bandas nacionais que melhor representaram o período de ouro do rock nacional, junto à Legião, ao Titãs e ao […]

POR Claudio Francioni28/01/2018|4 min de leitura

Crítica: Barão Vermelho no Circo Voador
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Não há como fugir. Toda crítica, por mais isenta que seja, leva uma carga considerável de pessoalidade. Temo que esta passe um pouco do ponto.

O Barão Vermelho faz parte do seleto grupo das quatro grandes bandas nacionais que melhor representaram o período de ouro do rock nacional, junto à Legião, ao Titãs e ao Paralamas. Tenho as quatro como autoras da trilha sonora da minha vida, mas o Barão é especial. É a maior afinidade. É aquela que já estive frente a frente em, por baixo, umas trinta vezes. Vários destes encontros ocorreram no mesmo Circo Voador da noite passada. Mas dessa vez confesso que a ansiedade era maior do que de costume. Que Barão eu iria encontrar? Revigorado às custas das recentes modificações ou num clima de “o último a sair que apague a luz”, como vem, lamentavelmente, acontecendo há alguns anos com o Titãs? Mas exatamente à meia-noite o riff de “Pense e Dance” levou embora qualquer dúvida e trouxe uma enxurrada de boas lembranças. Vi uma banda feliz em estar junta e muito a fim de construir, como os próprios dizem, “a versão nova de uma velha história”, frase roubada de “Down em Mim” para definir a fase atual.

A decisão de cortar o cordão umbilical com Frejat e assim parar de depender de sua agenda solo foi a mais acertada possível. Acerto maior ainda na escolha do substituto. Rodrigo Suricato é um dos mais talentosos nomes do atual cenário rock. Excelente guitarrista e mais cantor do que o intérprete Cazuza e o vigoroso Frejat, Suri, como é chamado carinhosamente por Maurício Barros, estava em casa em sua segunda turnê pela banda. Respeitou as ideias centrais dos riffs e solos de Frejat sem deixar de colocar traços de sua identidade e ainda despejou toda a sua influência folk quando empunhou o violão. Ao fim do bloco com as quatro primeiras canções, Rodrigo agradeceu o convite aos antigos membros e repetiu a clássica frase do ex-cantor da banda, “agora o rock’n’roll vai rolar e é direto”.

O baixista Márcio Alencar, estreando em turnês com o Barão, também esteve à vontade. Com uma postura bem enérgica no palco, o músico que já trabalhou com Léo Jaime e Biquíni Cavadão, substitui bem o carismático Rodrigo Santos.

Ausência insubstituível é Peninha. O percussionista, falecido em 2016, faz muita falta no palco. Peninha fazia seu show partcular e esbanjava alegria em estar ali. Me lembro de poucos músicos que se divertiam tanto num palco quanto ele. Musicalmente, um incômodo vazio em canções onde suas congas, seus efeitos ou seu xequerê eram fundamentais. A saudade bateu forte em “Tão Longe de Tudo” e principalmente na introdução de “Meus Bons Amigos”. Esta última, inclusive, foi usada para lembrar dos antigos membros através de imagens nos telões de led, incomuns em shows no Circo. No fim da canção, o grande momento da noite: uma imagem congelada do percussionista, um emocionado Guto Goffi levantando-se de sua bateria para aplaudir o amigo e Suricato puxando um coro à capella do refrão: “o amor sem fim não esconde o medo de ser completo e imperfeito”. Lindo!

Maurício Barros também teve espaço no microfone, lembrando seus tempos de Buana 4, e cantou “Cuidado” e “Malandragem Dá Um Tempo”, esta numa interpretação bem mais perto de Bezerra do que de Frejat.

Como de praxe, rolou crítica à classe política, com Suricato alterando a letra de “Declare Guerra” (quem nos governa não presta) e do povo puxando o coro de “fora Temer”. O cantor ainda fechou com um “fora vampiro.”

A banda incluiu no setlist “Bumerangue Blues”, de Renato Russo, gravada no disco “Declare Guerra”  e praticamente esquecida em shows de lá pra cá. A trinca cazuzesca “Exagerado”, “Brasil” e “O Tempo Não Pára” também deu as caras.

Para a alegria dos ardorosos fãs (presente), as mudanças não feriram o que o Barão tem de mais precioso: sua essência de banda de palco. De banda que ao vivo se agiganta. Saí de lá convicto que o nome da turnê, “#barãoprasempre”, faz todo o sentido.

Setlist

Pense e Dance
Ponto Fraco
Carne de Pescoço
Bete Balanço
Eclipse Oculto
Eu Queria Ter Uma Bomba
Meus Bons Amigos
Bumerangue Blues
Amor Meu Grande Amor
Down em Mim
Tão Longe de Tudo
Por Você
Por Quê Que a Gente É Assim?
Cuidado
Malandragem Dá Um Tempo
Declare Guerra
Brasil
Puro Êxtase
Exagerado
Maior Abandonado

O Poeta Está Vivo
O Tempo Não Pára
Pro Dia Nascer Feliz

Não há como fugir. Toda crítica, por mais isenta que seja, leva uma carga considerável de pessoalidade. Temo que esta passe um pouco do ponto.

O Barão Vermelho faz parte do seleto grupo das quatro grandes bandas nacionais que melhor representaram o período de ouro do rock nacional, junto à Legião, ao Titãs e ao Paralamas. Tenho as quatro como autoras da trilha sonora da minha vida, mas o Barão é especial. É a maior afinidade. É aquela que já estive frente a frente em, por baixo, umas trinta vezes. Vários destes encontros ocorreram no mesmo Circo Voador da noite passada. Mas dessa vez confesso que a ansiedade era maior do que de costume. Que Barão eu iria encontrar? Revigorado às custas das recentes modificações ou num clima de “o último a sair que apague a luz”, como vem, lamentavelmente, acontecendo há alguns anos com o Titãs? Mas exatamente à meia-noite o riff de “Pense e Dance” levou embora qualquer dúvida e trouxe uma enxurrada de boas lembranças. Vi uma banda feliz em estar junta e muito a fim de construir, como os próprios dizem, “a versão nova de uma velha história”, frase roubada de “Down em Mim” para definir a fase atual.

A decisão de cortar o cordão umbilical com Frejat e assim parar de depender de sua agenda solo foi a mais acertada possível. Acerto maior ainda na escolha do substituto. Rodrigo Suricato é um dos mais talentosos nomes do atual cenário rock. Excelente guitarrista e mais cantor do que o intérprete Cazuza e o vigoroso Frejat, Suri, como é chamado carinhosamente por Maurício Barros, estava em casa em sua segunda turnê pela banda. Respeitou as ideias centrais dos riffs e solos de Frejat sem deixar de colocar traços de sua identidade e ainda despejou toda a sua influência folk quando empunhou o violão. Ao fim do bloco com as quatro primeiras canções, Rodrigo agradeceu o convite aos antigos membros e repetiu a clássica frase do ex-cantor da banda, “agora o rock’n’roll vai rolar e é direto”.

O baixista Márcio Alencar, estreando em turnês com o Barão, também esteve à vontade. Com uma postura bem enérgica no palco, o músico que já trabalhou com Léo Jaime e Biquíni Cavadão, substitui bem o carismático Rodrigo Santos.

Ausência insubstituível é Peninha. O percussionista, falecido em 2016, faz muita falta no palco. Peninha fazia seu show partcular e esbanjava alegria em estar ali. Me lembro de poucos músicos que se divertiam tanto num palco quanto ele. Musicalmente, um incômodo vazio em canções onde suas congas, seus efeitos ou seu xequerê eram fundamentais. A saudade bateu forte em “Tão Longe de Tudo” e principalmente na introdução de “Meus Bons Amigos”. Esta última, inclusive, foi usada para lembrar dos antigos membros através de imagens nos telões de led, incomuns em shows no Circo. No fim da canção, o grande momento da noite: uma imagem congelada do percussionista, um emocionado Guto Goffi levantando-se de sua bateria para aplaudir o amigo e Suricato puxando um coro à capella do refrão: “o amor sem fim não esconde o medo de ser completo e imperfeito”. Lindo!

Maurício Barros também teve espaço no microfone, lembrando seus tempos de Buana 4, e cantou “Cuidado” e “Malandragem Dá Um Tempo”, esta numa interpretação bem mais perto de Bezerra do que de Frejat.

Como de praxe, rolou crítica à classe política, com Suricato alterando a letra de “Declare Guerra” (quem nos governa não presta) e do povo puxando o coro de “fora Temer”. O cantor ainda fechou com um “fora vampiro.”

A banda incluiu no setlist “Bumerangue Blues”, de Renato Russo, gravada no disco “Declare Guerra”  e praticamente esquecida em shows de lá pra cá. A trinca cazuzesca “Exagerado”, “Brasil” e “O Tempo Não Pára” também deu as caras.

Para a alegria dos ardorosos fãs (presente), as mudanças não feriram o que o Barão tem de mais precioso: sua essência de banda de palco. De banda que ao vivo se agiganta. Saí de lá convicto que o nome da turnê, “#barãoprasempre”, faz todo o sentido.

Setlist

Pense e Dance
Ponto Fraco
Carne de Pescoço
Bete Balanço
Eclipse Oculto
Eu Queria Ter Uma Bomba
Meus Bons Amigos
Bumerangue Blues
Amor Meu Grande Amor
Down em Mim
Tão Longe de Tudo
Por Você
Por Quê Que a Gente É Assim?
Cuidado
Malandragem Dá Um Tempo
Declare Guerra
Brasil
Puro Êxtase
Exagerado
Maior Abandonado

O Poeta Está Vivo
O Tempo Não Pára
Pro Dia Nascer Feliz

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