Quem vai fazer a reforma política?

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Os eventos que marcaram a aprovação da reforma fiscal nos lembram que o Brasil precisa urgente de uma outra reforma: a reforma política. Vamos combinar: nenhum país precisa de 513 deputados federais, cada um com direito a pelo menos 25 assessores. E esse é apenas um exemplo do festival de excessos do ambiente político nacional. […]

POR Waldir Leite10/07/2023|5 min de leitura

Quem vai fazer a reforma política?

Plenário do Congresso. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom – Agência Brasil

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Os eventos que marcaram a aprovação da reforma fiscal nos lembram que o Brasil precisa urgente de uma outra reforma: a reforma política. Vamos combinar: nenhum país precisa de 513 deputados federais, cada um com direito a pelo menos 25 assessores. E esse é apenas um exemplo do festival de excessos do ambiente político nacional. A câmara poderia ter apenas 50 deputados. Já seria mais do que suficiente para a realização das quase sempre desnecessárias atribuições dos parlamentares.

Na maior parte do tempo o que o contribuinte vê é parlamentar defendendo seus próprios interesses e usando sua posição no parlamento para se promover, sempre visando futuras eleições. É quase uma regra da realidade dos políticos: depois de eleitos todos usam seus cargos como trampolim para futuras eleições.

É sempre bom lembrar que esse modelo de governança praticado no Brasil foi elaborado numa época em que não havia nenhuma dessas maravilhas da tecnologia do século 21: nada de telefone celular, nem internet, nem redes sociais, nem whatsapp. Ao serem incorporadas a vida política, essas novas tecnologias deixaram desnecessárias a presença de tantos atravessadores. Afinal o político é apenas isso: um atravessador, um intermediário entre o cidadão e o estado.

A indústria do disco, com seus LP´s e CD´s, por exemplo, se tornou obsoleta por conta do surgimento das novas tecnologias.

O mesmo aconteceu com o jornalismo impresso: jornais e revistas, praticamente deixaram de existir graças as novas formas de comunicação que surgiram a partir da virada do século.

As novas tecnologias deixaram o cidadão mais perto do poder central. O cidadão não precisa mais de tantos atravessadores para propor ideias e opinar sobre o que considera melhor para seu município, seu estado ou seu país.

Claro que os políticos não querem perder espaço nem poder. Afinal, é disso que se alimentam. A política se tornou um grande negócio, na sua premissa fundamental de se apropriar do dinheiro público. Os partidos, no passado, já venderam a ilusão de que tinham princípios, valores e ideologias. Mas a tecnologia fez essa máscara cair. Agora todos já sabem que os partidos políticos são apenas grupos empresariais que, através de eleições, disputam o privilégio de terem acesso aos cofres públicos. Tudo o que querem, desejam e anseiam é isso: terem acesso aos cofres públicos, para usarem a seu próprio favor. Antigamente os partidos até tentavam se esconder através de uma aura de princípios éticos e morais.

Mas os partidos modernos, os políticos de hoje, perderam totalmente a compostura. Partidos reivindicam ministérios e setores específicos da sociedade não porque tenham projetos ou ideias para aquele setor, mas simplesmente porque desejam monetizar aquela área para privilegiar seus próprios grupos.

Ao agir com esse alto nível de desvio ideológico as casas legislativas se comportam como milícias: criam dificuldades para cobrar facilidades. Seja na câmara federal ou no senado, assim como nas câmaras estaduais e municipais, a palavra de ordem é aquela máxima que orienta grupos milicianos em todo o Brasil: criar dificuldade para cobrar facilidade.

Agindo como um grupo privilegiado dentro da sociedade, os políticos tentam convencer os brasileiros que democracia é algo que custa caro. Que os brasileiros, se quiserem manter a democracia no país, precisam pagar caro. Pagar caro para eles, que se comportam como se fossem os “donos” dessa entidade chamada democracia. Por causa disso os salários dos políticos tem que ser exorbitantes e o cidadão precisa financiar aberrações como o fundo partidário e o fundo eleitoral. Privilégios para um grupo que se julga integrante de uma casta superior e acredita ser dono do país.

É disso que estamos tratando. Da necessidade do contribuinte parar de se deixar explorar pela máquina cruel da política brasileira. Uma atividade econômica perversa e insana, cujo sucesso financeiro depende do fracasso do Brasil no seu propósito de se tornar um país civilizado. E qualquer mudança nesse sentido tem que começar com uma reforma política que seja capaz de diminuir os custos excessivos da administração pública no Brasil.

Waldir Leite é jornalista e filósofo existencialista graduado pela UFRJ. Gosta da vida e dos filmes de Woody Allen. Escreve contos e romances. Vai a praia sempre que pode. E sofre muito por não poder acabar com a guerra, a fome e a miséria.

*As opiniões contidas neste texto não refletem, necessariamente, as do portal SRzd

Os eventos que marcaram a aprovação da reforma fiscal nos lembram que o Brasil precisa urgente de uma outra reforma: a reforma política. Vamos combinar: nenhum país precisa de 513 deputados federais, cada um com direito a pelo menos 25 assessores. E esse é apenas um exemplo do festival de excessos do ambiente político nacional. A câmara poderia ter apenas 50 deputados. Já seria mais do que suficiente para a realização das quase sempre desnecessárias atribuições dos parlamentares.

Na maior parte do tempo o que o contribuinte vê é parlamentar defendendo seus próprios interesses e usando sua posição no parlamento para se promover, sempre visando futuras eleições. É quase uma regra da realidade dos políticos: depois de eleitos todos usam seus cargos como trampolim para futuras eleições.

É sempre bom lembrar que esse modelo de governança praticado no Brasil foi elaborado numa época em que não havia nenhuma dessas maravilhas da tecnologia do século 21: nada de telefone celular, nem internet, nem redes sociais, nem whatsapp. Ao serem incorporadas a vida política, essas novas tecnologias deixaram desnecessárias a presença de tantos atravessadores. Afinal o político é apenas isso: um atravessador, um intermediário entre o cidadão e o estado.

A indústria do disco, com seus LP´s e CD´s, por exemplo, se tornou obsoleta por conta do surgimento das novas tecnologias.

O mesmo aconteceu com o jornalismo impresso: jornais e revistas, praticamente deixaram de existir graças as novas formas de comunicação que surgiram a partir da virada do século.

As novas tecnologias deixaram o cidadão mais perto do poder central. O cidadão não precisa mais de tantos atravessadores para propor ideias e opinar sobre o que considera melhor para seu município, seu estado ou seu país.

Claro que os políticos não querem perder espaço nem poder. Afinal, é disso que se alimentam. A política se tornou um grande negócio, na sua premissa fundamental de se apropriar do dinheiro público. Os partidos, no passado, já venderam a ilusão de que tinham princípios, valores e ideologias. Mas a tecnologia fez essa máscara cair. Agora todos já sabem que os partidos políticos são apenas grupos empresariais que, através de eleições, disputam o privilégio de terem acesso aos cofres públicos. Tudo o que querem, desejam e anseiam é isso: terem acesso aos cofres públicos, para usarem a seu próprio favor. Antigamente os partidos até tentavam se esconder através de uma aura de princípios éticos e morais.

Mas os partidos modernos, os políticos de hoje, perderam totalmente a compostura. Partidos reivindicam ministérios e setores específicos da sociedade não porque tenham projetos ou ideias para aquele setor, mas simplesmente porque desejam monetizar aquela área para privilegiar seus próprios grupos.

Ao agir com esse alto nível de desvio ideológico as casas legislativas se comportam como milícias: criam dificuldades para cobrar facilidades. Seja na câmara federal ou no senado, assim como nas câmaras estaduais e municipais, a palavra de ordem é aquela máxima que orienta grupos milicianos em todo o Brasil: criar dificuldade para cobrar facilidade.

Agindo como um grupo privilegiado dentro da sociedade, os políticos tentam convencer os brasileiros que democracia é algo que custa caro. Que os brasileiros, se quiserem manter a democracia no país, precisam pagar caro. Pagar caro para eles, que se comportam como se fossem os “donos” dessa entidade chamada democracia. Por causa disso os salários dos políticos tem que ser exorbitantes e o cidadão precisa financiar aberrações como o fundo partidário e o fundo eleitoral. Privilégios para um grupo que se julga integrante de uma casta superior e acredita ser dono do país.

É disso que estamos tratando. Da necessidade do contribuinte parar de se deixar explorar pela máquina cruel da política brasileira. Uma atividade econômica perversa e insana, cujo sucesso financeiro depende do fracasso do Brasil no seu propósito de se tornar um país civilizado. E qualquer mudança nesse sentido tem que começar com uma reforma política que seja capaz de diminuir os custos excessivos da administração pública no Brasil.

Waldir Leite é jornalista e filósofo existencialista graduado pela UFRJ. Gosta da vida e dos filmes de Woody Allen. Escreve contos e romances. Vai a praia sempre que pode. E sofre muito por não poder acabar com a guerra, a fome e a miséria.

*As opiniões contidas neste texto não refletem, necessariamente, as do portal SRzd

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