A comovente declaração de amor da mulher de um ministro do Supremo, por Sidney Rezende

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A história que vou contar aqui tem 10 anos e eu nunca comentei com ninguém. E somente resolvi fazê-lo após saber da triste notícia da morte de Tereza Barroso, mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, na última sexta-feira (13). Aos 57 anos, um câncer que iniciou no fêmur prosperou sua força […]

POR Sidney Rezende15/01/2023|6 min de leitura

A comovente declaração de amor da mulher de um ministro do Supremo, por Sidney Rezende

Tereza e Luís Roberto Barroso. Foto: Reprodução

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A história que vou contar aqui tem 10 anos e eu nunca comentei com ninguém. E somente resolvi fazê-lo após saber da triste notícia da morte de Tereza Barroso, mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, na última sexta-feira (13). Aos 57 anos, um câncer que iniciou no fêmur prosperou sua força maligna e interrompeu a trajetória desta mulher ativa, empresária, inteligente, sorridente com um bom humor que chamava a atenção.  Os amigos reputam ter sido esta uma das suas qualidades. Eu não a conheci pessoalmente.

O então advogado e professor Luís Roberto Barroso iniciou sua trajetória no STF em 26 de junho de 2013 em substituição a Carlos Ayres Britto. E os seus primeiros desafios deixaram os conservadores, evangélicos e a direita de cabelo em pé. Eu já o conhecia do Rio de Janeiro e havia entrevistado-o incontáveis vezes. Na verdade, conheci primeiro o seu pai, também advogado. E também, Luís. O pai era muito sério no que fazia e logo notei que o filho também era brilhante.

Logo de cara, no Supremo, Barroso teve que encarar como relator o julgamento da ação que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. O processo foi julgado em maio de 2011 com o reconhecimento do direito a casais homossexuais, mas houve recurso e este ficou sob os cuidados do novato que acabara de chegar.

Ele também foi o responsável por duas ações penais que estavam sob a relatoria do então presidente da Casa, Joaquim Barbosa, relativas ao episódio conhecido como mensalão mineiro.  Para resumir, Barroso precisou trabalhar muito, porque passaram para ele quase 8 mil processos inconclusos. E nenhum de decisão fácil. Para se ter ideia, no recesso de julho daquele ano, Barroso passou os 30 dias estudando direito penal para entender melhor as curvas da Ação Penal 470, o hoje histórico processo do mensalão.

Os sonhos de um País e Mundo mais justos, ele vem conquistando aos poucos… tentando através do seu trabalho.

Fiz esta longa introdução só para dar uma pincelada útil para o leitor entender o terreno político pantanoso e as pontas sensíveis de pautas de costume que o ministro teve que enfrentar.

A ponte que se deu para chegar a Tereza Barroso foi uma declaração que foi tirada de contexto. Numa de tantas outras consideradas “polêmicas”. Aquela que Barroso disse: “Eu não sou um juiz que me considero pautado pela repercussão do que vou decidir, e muito menos pelo que vai dizer o jornal do dia seguinte, e muito menos estou almejando ser manchete favorável. Eu sou um juiz constitucional, sou pautado pelo que considero certo, correto, embora não me ache o dono da verdade. Porém, o que vai sair no jornal do dia seguinte não faz diferença pra mim se não for o certo”. Ele foi duramente criticado por dizer isso. Mas eu fui um dos poucos que dei-lhe razão, e, agora, relendo a afirmação, penso igual. Mas o que se publicou foram interpretações envenenadas.

Não vi isenção nos editoriais e textos jornalísticos sobre a matéria. “O que jornalistas – sabe Deus turbinados por quais motivações – estão fazendo beira à falta de respeito e, agindo assim, só aparentam emprestar sua pena de aluguel com o objetivo de criar ‘juízes bons e corretos’ contra outros que julgam ‘desonestos e comprometidos’, escrevi e não fui rebatido.

Por conta deste texto, recebi o email com a mensagem de Tereza Barroso, que nunca divulguei antes, e quero crer até hoje que nem Luís Roberto saiba da existência dele. Segue abaixo a íntegra:

Caro Sidney, sou Tereza Barroso, mulher de Luís Roberto Barroso.

Opto por enviar este email e não fazer comentários no seu Blog, obviamente por imaginar ou talvez, por nem conseguir imaginar, como seria a repercussão, se minhas palavras tomassem um sentido diferente do qual verdadeiramente quero dar.

Luís Roberto tem muitos sonhos, para ele, para nós da família e para o Brasil e o mundo.

Os sonhos que ele sempre teve para ele e família foram todos realizados, mesmo tendo apenas 55 anos.

Ele usava o dinheiro que ganhava com tantas outras causas que ele tinha, e financiava todas estas que fazia pro-bono.

Somos uma família cheia de amor, temos muitos e bons amigos, moramos onde queremos, passeamos muito pelo mundo e temos saúde (ele venceu um câncer de esôfago ano passado), graças ao Bom Deus.

Os sonhos de um País e Mundo mais justos, ele vem conquistando aos poucos… tentando através do seu trabalho, defendendo causas como Uniões Homoafetivas, pesquisas com células tronco, aborto no caso de feto anencefálicos.

Ele usava o dinheiro que ganhava com tantas outras causas que ele tinha, e financiava todas estas que fazia pro-bono.

Desnecessário comentar que isto afeta diretamente as camadas da sociedade que são menos favorecidas, pois o rico tira o feto da barriga se quiser e quando quiser, independente da lei que vigora no País. Para dar apenas um exemplo.

Luís Roberto tem uma história de trabalho cheia de sucesso e alegrias.

Seu nome sempre foi cogitado para o STF, desde muito tempo… por seu notório saber jurídico. Fato que ninguém contesta.

Particularmente, acho que o que o qualifica para o STF, conhecendo-o como conheço, é que ele tenta ser sempre justo.

Fazer o que é certo na vida é seu lema desde que eu o conheci, há 20 anos.

Foi isto que ele disse na última sessão do Plenário e que você mencionou no seu Blog.

Como pode acontecer de sua maior e melhor característica ser agora o que alguns criticam?

Por isto te escrevo.

Para dizer que é muito bom ler que alguém diz o que é verdadeiro e não manipula.

Não distorce uma versão que não dá margem a isto.

Está tudo lá GRAVADO.

Muito obrigada.

Que Deus nos abençoe a todos, Tereza Barroso.

Reler o email de Tereza Barroso nas circunstâncias da sua morte é muito comovente. Eu considero uma demonstração de amor à sua família e um respeito muito elevado pelo homem com quem ela escolheu viver.

A história que vou contar aqui tem 10 anos e eu nunca comentei com ninguém. E somente resolvi fazê-lo após saber da triste notícia da morte de Tereza Barroso, mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, na última sexta-feira (13). Aos 57 anos, um câncer que iniciou no fêmur prosperou sua força maligna e interrompeu a trajetória desta mulher ativa, empresária, inteligente, sorridente com um bom humor que chamava a atenção.  Os amigos reputam ter sido esta uma das suas qualidades. Eu não a conheci pessoalmente.

O então advogado e professor Luís Roberto Barroso iniciou sua trajetória no STF em 26 de junho de 2013 em substituição a Carlos Ayres Britto. E os seus primeiros desafios deixaram os conservadores, evangélicos e a direita de cabelo em pé. Eu já o conhecia do Rio de Janeiro e havia entrevistado-o incontáveis vezes. Na verdade, conheci primeiro o seu pai, também advogado. E também, Luís. O pai era muito sério no que fazia e logo notei que o filho também era brilhante.

Logo de cara, no Supremo, Barroso teve que encarar como relator o julgamento da ação que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. O processo foi julgado em maio de 2011 com o reconhecimento do direito a casais homossexuais, mas houve recurso e este ficou sob os cuidados do novato que acabara de chegar.

Ele também foi o responsável por duas ações penais que estavam sob a relatoria do então presidente da Casa, Joaquim Barbosa, relativas ao episódio conhecido como mensalão mineiro.  Para resumir, Barroso precisou trabalhar muito, porque passaram para ele quase 8 mil processos inconclusos. E nenhum de decisão fácil. Para se ter ideia, no recesso de julho daquele ano, Barroso passou os 30 dias estudando direito penal para entender melhor as curvas da Ação Penal 470, o hoje histórico processo do mensalão.

Os sonhos de um País e Mundo mais justos, ele vem conquistando aos poucos… tentando através do seu trabalho.

Fiz esta longa introdução só para dar uma pincelada útil para o leitor entender o terreno político pantanoso e as pontas sensíveis de pautas de costume que o ministro teve que enfrentar.

A ponte que se deu para chegar a Tereza Barroso foi uma declaração que foi tirada de contexto. Numa de tantas outras consideradas “polêmicas”. Aquela que Barroso disse: “Eu não sou um juiz que me considero pautado pela repercussão do que vou decidir, e muito menos pelo que vai dizer o jornal do dia seguinte, e muito menos estou almejando ser manchete favorável. Eu sou um juiz constitucional, sou pautado pelo que considero certo, correto, embora não me ache o dono da verdade. Porém, o que vai sair no jornal do dia seguinte não faz diferença pra mim se não for o certo”. Ele foi duramente criticado por dizer isso. Mas eu fui um dos poucos que dei-lhe razão, e, agora, relendo a afirmação, penso igual. Mas o que se publicou foram interpretações envenenadas.

Não vi isenção nos editoriais e textos jornalísticos sobre a matéria. “O que jornalistas – sabe Deus turbinados por quais motivações – estão fazendo beira à falta de respeito e, agindo assim, só aparentam emprestar sua pena de aluguel com o objetivo de criar ‘juízes bons e corretos’ contra outros que julgam ‘desonestos e comprometidos’, escrevi e não fui rebatido.

Por conta deste texto, recebi o email com a mensagem de Tereza Barroso, que nunca divulguei antes, e quero crer até hoje que nem Luís Roberto saiba da existência dele. Segue abaixo a íntegra:

Caro Sidney, sou Tereza Barroso, mulher de Luís Roberto Barroso.

Opto por enviar este email e não fazer comentários no seu Blog, obviamente por imaginar ou talvez, por nem conseguir imaginar, como seria a repercussão, se minhas palavras tomassem um sentido diferente do qual verdadeiramente quero dar.

Luís Roberto tem muitos sonhos, para ele, para nós da família e para o Brasil e o mundo.

Os sonhos que ele sempre teve para ele e família foram todos realizados, mesmo tendo apenas 55 anos.

Ele usava o dinheiro que ganhava com tantas outras causas que ele tinha, e financiava todas estas que fazia pro-bono.

Somos uma família cheia de amor, temos muitos e bons amigos, moramos onde queremos, passeamos muito pelo mundo e temos saúde (ele venceu um câncer de esôfago ano passado), graças ao Bom Deus.

Os sonhos de um País e Mundo mais justos, ele vem conquistando aos poucos… tentando através do seu trabalho, defendendo causas como Uniões Homoafetivas, pesquisas com células tronco, aborto no caso de feto anencefálicos.

Ele usava o dinheiro que ganhava com tantas outras causas que ele tinha, e financiava todas estas que fazia pro-bono.

Desnecessário comentar que isto afeta diretamente as camadas da sociedade que são menos favorecidas, pois o rico tira o feto da barriga se quiser e quando quiser, independente da lei que vigora no País. Para dar apenas um exemplo.

Luís Roberto tem uma história de trabalho cheia de sucesso e alegrias.

Seu nome sempre foi cogitado para o STF, desde muito tempo… por seu notório saber jurídico. Fato que ninguém contesta.

Particularmente, acho que o que o qualifica para o STF, conhecendo-o como conheço, é que ele tenta ser sempre justo.

Fazer o que é certo na vida é seu lema desde que eu o conheci, há 20 anos.

Foi isto que ele disse na última sessão do Plenário e que você mencionou no seu Blog.

Como pode acontecer de sua maior e melhor característica ser agora o que alguns criticam?

Por isto te escrevo.

Para dizer que é muito bom ler que alguém diz o que é verdadeiro e não manipula.

Não distorce uma versão que não dá margem a isto.

Está tudo lá GRAVADO.

Muito obrigada.

Que Deus nos abençoe a todos, Tereza Barroso.

Reler o email de Tereza Barroso nas circunstâncias da sua morte é muito comovente. Eu considero uma demonstração de amor à sua família e um respeito muito elevado pelo homem com quem ela escolheu viver.

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