O que Will Smith, Jennifer Lopez, David Beckham, as Irmãs Williams do tênis, Michael Jordan, James Dolan, Dietrich Mateschitz, Roman Abramovich e Carlos Slim têm em comum, além do fato de serem todos milionários e famosos; admirados e bem sucedidos?
Simples. Todos são donos da bola, seja ela redonda, oval, laranja ou, para ser correto, um disco capaz de deslizar no gelo.
Todos são em maior ou menor percentual proprietários de equipes esportivas as mais diversas no futebol, basquete, futebol americano, hóquei, beisebol ou automobilismo.
Em âmbito mundial, muito mais do que no Brasil, o esporte é enxergado como um grande business, isto é, um grande negócio, que obrigatoriamente tem de dar lucro para quem nele investe, sejam personalidades ou empresas. Não apenas nos Estados Unidos, onde os times da NBA (basquete), NFL (futebol americano), NHL (hóquei), MLB (beisebol) ou MLS (futebol) têm donos, mas também em países como Inglaterra, Espanha e França, investidores dos mais variados ramos têm descoberto no esporte um filão para ganharem muito dinheiro.
Na lista citada acima, Will Smith é um dos donos do Philadelphia 76ers (NBA); Jennifer Lopez, Venus e Serena Williams integram o grupo de proprietários do Miami Dolphins; David Beckham é um dos donos do futuro time da MLS em Miami; Michael Jordan possui o Charlotte Hornets da NBA; e James Dolan é o dono do New York Knicks, da NBA; do New York Rangers, da NHL; e do próprio ginásio Madison Square Garden, arena desses times e
uma das maiores casas de espetáculo do mundo.
Proprietário da indústria de energéticos Red Bull, Mateschitz é dono das equipes de F-1 Red Bull e Toro Rosso; dos times de futebol New York Red Bulls, RB Brasil, RB Salzburg, RB Gana, RB Leipzig e FC Liefering. O russo Roman Abramovich deu ao inglês Chelsea a projeção internacional de que desfruta atualmente, e o mexicano Carlos Slim, sétimo homem mais rico do planeta, segundo a revista Forbes, especializada em economia, é o dono do Real Oviedo, da Espanha.
Com o fenômeno da globalização, o fluxo internacional de consumo, o poder dos meios de comunicação convencionais e digitais, além da óbvia necessidade de recursos por parte dos clubes, tanto para pagar dívidas quanto para investir e crescer, o dinheiro estrangeiro é cada vez mais bem-vindo nos clubes de todos os países.
Assim, a Autoridade de Investimentos do Qatar comprou o Paris-Saint Germain de Neymar e de Mbappé, campeão mundial pela França. No caso do futebol francês, a tendência é que a Liga 1 acabe sofrendo os efeitos da disparidade entre o alto volume de investimentos do PSG e as receitas bem inferiores com as quais os seus adversários são administrados.
Um dos times mais tradicionais do futebol francês, o Olympique de Marseille, por exemplo, não passou do décimo-quarto lugar no campeonato nacional, e sua dona, Margarita Louis-Dreyfus, pensa em colocá-lo à venda. O dinheiro russo de Roman Abramovich e Alisher Usmanov foi investido no Chelsea e no Arsenal, respectivamente. No Arsenal, por sinal, 2/3 pertencem ao empresário americano Stanley Kroenke e 1/3 a Usmanov.
No caso do futebol inglês, os donos vindos de fora do país têm procurado fazer um trabalho junto às comunidades, para manter laços com as torcidas. Na Premier League, das 20 equipes, 16 têm participação estrangeira. Cada vez mais forte no aspecto econômico, a China vem investindo pesado em esporte, não apenas dentro de suas fronteiras, mas também no exterior e em diferentes modalidades. Há menos de dois meses, um empresário daquele país, Jiang Lizhang, adquiriu 5% do Minnesota Timberwolves, da NBA, e comprou o Granada, do futebol da Espanha, no qual empresários chineses são proprietários ou co-proprietários de 16 dos clubes da Primeira Divisão.
Naquele país, os únicos clubes que seguem o modelo existente no Brasil, o de quadros sociais, sem donos, são Athletic Bilbao, Barcelona, Osasuña e Real Madrid. Uma das associações espanholas, o Málaga, tem como dono a empresa Qatar Investment Authority, a mesma proprietária do PSG.
Na Alemanha, o modelo que prevalece é o chamado de 50%+1. Os sócios são donos dessa parcela, ficando o restante em aberto para investimento externo. Possivelmente esse modelo, mesclando o quadro social com a presença de investidores externos – algo diferente do patrocinador – seja o que acabará prevalecendo no Brasil.
Embora no nosso país a história do futebol tenha sido construída há mais de 100 anos por clubes sociais e sem donos, não deverá demorar a haver mudanças. Como a principal fonte de renda dos clubes é a TV, e esta privilegia Flamengo e Corinthians com cotas muito mais elevadas, os demais terão de correr, para que não se concretize a espanholização do futebol brasileiro. Esta palavra, espanholização, se refere ao fato de que na Espanha o Barcelona e o Real Madrid têm receitas muito mais altas que as dos adversários, polarizam as disputas nacionais e são praticamente os únicos espanhóis a brigar por troféus europeus e de Mundial.
No caso brasileiro, até os anos 80, se dizia haver 13 grandes clubes no país – Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Bahia -, o que em 1987 deu origem ao conhecido Clube dos Treze.
Atualmente, deve-se levar em conta a queda de resultados de alguns clubes, como principalmente o Vasco, três vezes rebaixado no Brasileirão desde 2008; e o Bahia; e que outros não contam com grandes torcidas nacionais, como Fluminense, Botafogo, Atlético Mineiro e Santos, e que problemas de gestão e dívidas tiram o potencial de investimento da maioria.
Assim, é correto se falar numa Liga dos Sete, que inclui Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Internacional e Cruzeiro. Tratam-se dos clubes mais bem administrados do país e que num médio e longo prazo irão ganhar mais Brasileiros e Copas do Brasil, além de entrarem com chances reais em Mundiais, Libertadores da América e Sul-Americana.
Os demais terão de se contentar mesmo com papéis de coadjuvantes. No começo de agosto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu dirigentes de 17 clubes de futebol, que pressionaram por mudanças na legislação nacional, de modo a que haja a abertura dos clubes de futebol ao capital privado, o que acabaria permitindo que investidores até mesmo estrangeiros, comprem esses clubes.
Se isso ocorre no mercado europeu, em que há moeda e economia muito mais forte, quanto mais no Brasil, onde os clubes, em sua imensa maioria sobrevivem de pires na mão, graças às cotas de TV, como já foi dito -, aos empréstimos com juros altos, à venda de jogadores a baixo preço para a Europa, e a alguns patrocínios vultosos porém passageiros.
Assim, é de se imaginar, em breve que tão logo haja mudança na legislação, investidores da China, da Rússia e do Mundo Árabe irão desembarcar no Brasil trazendo dólares e euros para se tornarem proprietários dos grandes clubes do futebol verde-amarelo.
Com relação aos que hoje estão mais equilibrados financeiramente, poderá até ser adotado o modelo dos 50%+1 em vigor na Alemanha, uma espécie de composição entre os membros do atual quadro social e os empresários ou grupos compradores. Mas no caso daqueles com dívidas elevadas, resultados ruins e perda de atratividade perante o mercado de patrocinadores – caso do Vasco – investidores estrangeiros não terão dificuldades em fechar a compra. E a baixo preço. Pois esta será a última chance de sobrevivência de tais clubes. Do contrário, fecharão as portas.
O que Will Smith, Jennifer Lopez, David Beckham, as Irmãs Williams do tênis, Michael Jordan, James Dolan, Dietrich Mateschitz, Roman Abramovich e Carlos Slim têm em comum, além do fato de serem todos milionários e famosos; admirados e bem sucedidos?
Simples. Todos são donos da bola, seja ela redonda, oval, laranja ou, para ser correto, um disco capaz de deslizar no gelo.
Todos são em maior ou menor percentual proprietários de equipes esportivas as mais diversas no futebol, basquete, futebol americano, hóquei, beisebol ou automobilismo.
Em âmbito mundial, muito mais do que no Brasil, o esporte é enxergado como um grande business, isto é, um grande negócio, que obrigatoriamente tem de dar lucro para quem nele investe, sejam personalidades ou empresas. Não apenas nos Estados Unidos, onde os times da NBA (basquete), NFL (futebol americano), NHL (hóquei), MLB (beisebol) ou MLS (futebol) têm donos, mas também em países como Inglaterra, Espanha e França, investidores dos mais variados ramos têm descoberto no esporte um filão para ganharem muito dinheiro.
Na lista citada acima, Will Smith é um dos donos do Philadelphia 76ers (NBA); Jennifer Lopez, Venus e Serena Williams integram o grupo de proprietários do Miami Dolphins; David Beckham é um dos donos do futuro time da MLS em Miami; Michael Jordan possui o Charlotte Hornets da NBA; e James Dolan é o dono do New York Knicks, da NBA; do New York Rangers, da NHL; e do próprio ginásio Madison Square Garden, arena desses times e
uma das maiores casas de espetáculo do mundo.
Proprietário da indústria de energéticos Red Bull, Mateschitz é dono das equipes de F-1 Red Bull e Toro Rosso; dos times de futebol New York Red Bulls, RB Brasil, RB Salzburg, RB Gana, RB Leipzig e FC Liefering. O russo Roman Abramovich deu ao inglês Chelsea a projeção internacional de que desfruta atualmente, e o mexicano Carlos Slim, sétimo homem mais rico do planeta, segundo a revista Forbes, especializada em economia, é o dono do Real Oviedo, da Espanha.
Com o fenômeno da globalização, o fluxo internacional de consumo, o poder dos meios de comunicação convencionais e digitais, além da óbvia necessidade de recursos por parte dos clubes, tanto para pagar dívidas quanto para investir e crescer, o dinheiro estrangeiro é cada vez mais bem-vindo nos clubes de todos os países.
Assim, a Autoridade de Investimentos do Qatar comprou o Paris-Saint Germain de Neymar e de Mbappé, campeão mundial pela França. No caso do futebol francês, a tendência é que a Liga 1 acabe sofrendo os efeitos da disparidade entre o alto volume de investimentos do PSG e as receitas bem inferiores com as quais os seus adversários são administrados.
Um dos times mais tradicionais do futebol francês, o Olympique de Marseille, por exemplo, não passou do décimo-quarto lugar no campeonato nacional, e sua dona, Margarita Louis-Dreyfus, pensa em colocá-lo à venda. O dinheiro russo de Roman Abramovich e Alisher Usmanov foi investido no Chelsea e no Arsenal, respectivamente. No Arsenal, por sinal, 2/3 pertencem ao empresário americano Stanley Kroenke e 1/3 a Usmanov.
No caso do futebol inglês, os donos vindos de fora do país têm procurado fazer um trabalho junto às comunidades, para manter laços com as torcidas. Na Premier League, das 20 equipes, 16 têm participação estrangeira. Cada vez mais forte no aspecto econômico, a China vem investindo pesado em esporte, não apenas dentro de suas fronteiras, mas também no exterior e em diferentes modalidades. Há menos de dois meses, um empresário daquele país, Jiang Lizhang, adquiriu 5% do Minnesota Timberwolves, da NBA, e comprou o Granada, do futebol da Espanha, no qual empresários chineses são proprietários ou co-proprietários de 16 dos clubes da Primeira Divisão.
Naquele país, os únicos clubes que seguem o modelo existente no Brasil, o de quadros sociais, sem donos, são Athletic Bilbao, Barcelona, Osasuña e Real Madrid. Uma das associações espanholas, o Málaga, tem como dono a empresa Qatar Investment Authority, a mesma proprietária do PSG.
Na Alemanha, o modelo que prevalece é o chamado de 50%+1. Os sócios são donos dessa parcela, ficando o restante em aberto para investimento externo. Possivelmente esse modelo, mesclando o quadro social com a presença de investidores externos – algo diferente do patrocinador – seja o que acabará prevalecendo no Brasil.
Embora no nosso país a história do futebol tenha sido construída há mais de 100 anos por clubes sociais e sem donos, não deverá demorar a haver mudanças. Como a principal fonte de renda dos clubes é a TV, e esta privilegia Flamengo e Corinthians com cotas muito mais elevadas, os demais terão de correr, para que não se concretize a espanholização do futebol brasileiro. Esta palavra, espanholização, se refere ao fato de que na Espanha o Barcelona e o Real Madrid têm receitas muito mais altas que as dos adversários, polarizam as disputas nacionais e são praticamente os únicos espanhóis a brigar por troféus europeus e de Mundial.
No caso brasileiro, até os anos 80, se dizia haver 13 grandes clubes no país – Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Bahia -, o que em 1987 deu origem ao conhecido Clube dos Treze.
Atualmente, deve-se levar em conta a queda de resultados de alguns clubes, como principalmente o Vasco, três vezes rebaixado no Brasileirão desde 2008; e o Bahia; e que outros não contam com grandes torcidas nacionais, como Fluminense, Botafogo, Atlético Mineiro e Santos, e que problemas de gestão e dívidas tiram o potencial de investimento da maioria.
Assim, é correto se falar numa Liga dos Sete, que inclui Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Internacional e Cruzeiro. Tratam-se dos clubes mais bem administrados do país e que num médio e longo prazo irão ganhar mais Brasileiros e Copas do Brasil, além de entrarem com chances reais em Mundiais, Libertadores da América e Sul-Americana.
Os demais terão de se contentar mesmo com papéis de coadjuvantes. No começo de agosto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu dirigentes de 17 clubes de futebol, que pressionaram por mudanças na legislação nacional, de modo a que haja a abertura dos clubes de futebol ao capital privado, o que acabaria permitindo que investidores até mesmo estrangeiros, comprem esses clubes.
Se isso ocorre no mercado europeu, em que há moeda e economia muito mais forte, quanto mais no Brasil, onde os clubes, em sua imensa maioria sobrevivem de pires na mão, graças às cotas de TV, como já foi dito -, aos empréstimos com juros altos, à venda de jogadores a baixo preço para a Europa, e a alguns patrocínios vultosos porém passageiros.
Assim, é de se imaginar, em breve que tão logo haja mudança na legislação, investidores da China, da Rússia e do Mundo Árabe irão desembarcar no Brasil trazendo dólares e euros para se tornarem proprietários dos grandes clubes do futebol verde-amarelo.
Com relação aos que hoje estão mais equilibrados financeiramente, poderá até ser adotado o modelo dos 50%+1 em vigor na Alemanha, uma espécie de composição entre os membros do atual quadro social e os empresários ou grupos compradores. Mas no caso daqueles com dívidas elevadas, resultados ruins e perda de atratividade perante o mercado de patrocinadores – caso do Vasco – investidores estrangeiros não terão dificuldades em fechar a compra. E a baixo preço. Pois esta será a última chance de sobrevivência de tais clubes. Do contrário, fecharão as portas.