Alunos interrompem peça de teatro em Universidade e apontam racismo na obra

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Estudantes da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e integrantes do Coletivo Dandara Gusmão, que tem alunos negros militantes da instituição, interromperam a apresentação de um espetáculo no Teatro Martim Gonçalves, que fica no campus da instituição no Canela, em Salvador, para impedir a apresentação da peça “Sob as Tetas da Loba”. […]

POR Redação SRzd04/06/2019|5 min de leitura

Alunos interrompem peça de teatro em Universidade e apontam racismo na obra

Estudantes invadem peça teatral e acusam de racismo. Foto: Reprodução de Internet

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Estudantes da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e integrantes do Coletivo Dandara Gusmão, que tem alunos negros militantes da instituição, interromperam a apresentação de um espetáculo no Teatro Martim Gonçalves, que fica no campus da instituição no Canela, em Salvador, para impedir a apresentação da peça “Sob as Tetas da Loba”.

Aos gritos e empurrando um cartaz, os estudantes acusaram a peça e a instituição de racismo. A obra “Sob as Tetas da Loba” reúne um compilado de textos do dramaturgo Jorge Andrade, e foi dirigida pelo professor Paulo Cunha.

Na apresentação do último sábado (1), integrantes do Coletivo Dandara Gusmão interromperam o espetáculo. Nesse dia, foi registrada desordem e bate-boca entre o público e os professores. Também foi preciso suspender a peça antes do fim.

Já no último domingo (2), o espetáculo foi até o final e os membros do coletivo ficaram na porta do teatro, pois foram impedidos de entrar no local. A Escola de Teatro da UFBA acionou a Polícia Militar para ficar na entrada do prédio.

No dia 27 de maio, o grupo divulgou nas redes sociais uma nota de repúdio contra o espetáculo, por considerar a apresentação racista. No mesmo texto, o Dandara Gusmão fala sobre os papéis em que pessoas negras são colocadas na peça.

“O sadismo de quem se debruça numa teatralidade como essa só reserva para a mulher preta os papéis em que ela está disposta a ser estuprada, assediada, enxotada, estereotipada e a mesma estrada pra o homem preto. Depois essa mesma gente cinicamente faz discursos a favor da democracia. Que justiça social é essa que favorece apenas o povo branco?”, questionou o grupo.

Grupo compartilhou uma publicação de uma estudante. Foto: Reprodução de Internet
Grupo compartilhou uma publicação de uma estudante. Foto: Reprodução de Internet

“A prática do racismo é uma constante na Escola de Teatro da UFBA, uma universidade com uma comunidade em mais de 40 mil pessoas não conseguiu evoluir para o século 21, apenas enxerga o nosso povo preto em posição de subalternidade, marginalidade e servidão”, escreveu o coletivo.

Imagens divulgadas nas redes sociais no domingo (2) mostram o momento em que o grupo se junta na frente do palco, com punhos erguidos, gritando palavras de ordem para que o espetáculo seja encerrado.

O vídeo mostra ainda uma discussão entre os estudantes que protestam e pessoas vestidas com a camiseta do espetáculo. Depois disso, a plateia inicia um coro alegando falta de respeito pela apresentação.

Professora relata agressão

Uma professora da Universidade, Deolinda Franca, divulgou um vídeo em sua página no Facebook na última segunda-feira (3), com um trecho do protesto na porta do teatro e na publicação afirmou que teria sido agredida verbal e fisicamente por um estudante. O vídeo gravado por ela, no entanto, não registra a suposta agressão física.

De acordo com a professora, ela esteve na Delegacia dos Barris para registrar boletim de ocorrência contra o estudante, a quem chamou de meliante, mas não pôde fazer a queixa porque o caso aconteceu em uma universidade federal.

Professora se refere a alunos como "meliantes". Foto: Reprodução de Internet
Professora se refere a alunos como “meliantes”. Foto: Reprodução de Internet

Em uma publicação nas redes sociais, uma jovem que foi assistir ao espetáculo escreveu uma nota de repúdio à produção: “Lágrimas me vêm aos olhos. Entre lágrimas entrei para assistir ao ‘espetáculo’. Quase entre lágrimas saí. Mas não. Não aplaudi. Vaiei. Gritei”.

Ainda na publicação dessa jovem, ela explica que a peça tinha atrizes e atores negros que interpretavam personagens marginais e estereotipadas: “a amiga de ‘classe inferior’, o policial que executa a ação de prender (não é o delegado ‘moreno’), a prostituta, o menor estuprador”.

A Escola de Teatro da UFBA não se manifestou oficialmente sobre o episódio com os estudantes do último fim de semana. Já a Organização publicou em sua página oficial a seguinte mensagem:”Desculpem os transtornos, mas precisamos romper com o silêncio de 38 anos de racismo”.

Com ingressos gratuitos e dirigida pelo dramaturgo Paulo Cunha, a peça “Sob as Tetas da Loba” é a 54ª produção da Companhia de Teatro da UFBA. O espetáculo é uma junção de quatro textos do autor Jorge Andrade, sendo eles: “Senhora na Boca do Lixo” (1963), “A Zebra” (1978), “A Loba” (1978) e “Milagre na Cela” (1973). A montagem estreou no dia 22 de maio e encerrou suas apresentações neste domingo (2).

Sob as Tetas da Loba. Foto: Divulgação
Sob as Tetas da Loba. Foto: Divulgação

Estudantes da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e integrantes do Coletivo Dandara Gusmão, que tem alunos negros militantes da instituição, interromperam a apresentação de um espetáculo no Teatro Martim Gonçalves, que fica no campus da instituição no Canela, em Salvador, para impedir a apresentação da peça “Sob as Tetas da Loba”.

Aos gritos e empurrando um cartaz, os estudantes acusaram a peça e a instituição de racismo. A obra “Sob as Tetas da Loba” reúne um compilado de textos do dramaturgo Jorge Andrade, e foi dirigida pelo professor Paulo Cunha.

Na apresentação do último sábado (1), integrantes do Coletivo Dandara Gusmão interromperam o espetáculo. Nesse dia, foi registrada desordem e bate-boca entre o público e os professores. Também foi preciso suspender a peça antes do fim.

Já no último domingo (2), o espetáculo foi até o final e os membros do coletivo ficaram na porta do teatro, pois foram impedidos de entrar no local. A Escola de Teatro da UFBA acionou a Polícia Militar para ficar na entrada do prédio.

No dia 27 de maio, o grupo divulgou nas redes sociais uma nota de repúdio contra o espetáculo, por considerar a apresentação racista. No mesmo texto, o Dandara Gusmão fala sobre os papéis em que pessoas negras são colocadas na peça.

“O sadismo de quem se debruça numa teatralidade como essa só reserva para a mulher preta os papéis em que ela está disposta a ser estuprada, assediada, enxotada, estereotipada e a mesma estrada pra o homem preto. Depois essa mesma gente cinicamente faz discursos a favor da democracia. Que justiça social é essa que favorece apenas o povo branco?”, questionou o grupo.

Grupo compartilhou uma publicação de uma estudante. Foto: Reprodução de Internet
Grupo compartilhou uma publicação de uma estudante. Foto: Reprodução de Internet

“A prática do racismo é uma constante na Escola de Teatro da UFBA, uma universidade com uma comunidade em mais de 40 mil pessoas não conseguiu evoluir para o século 21, apenas enxerga o nosso povo preto em posição de subalternidade, marginalidade e servidão”, escreveu o coletivo.

Imagens divulgadas nas redes sociais no domingo (2) mostram o momento em que o grupo se junta na frente do palco, com punhos erguidos, gritando palavras de ordem para que o espetáculo seja encerrado.

O vídeo mostra ainda uma discussão entre os estudantes que protestam e pessoas vestidas com a camiseta do espetáculo. Depois disso, a plateia inicia um coro alegando falta de respeito pela apresentação.

Professora relata agressão

Uma professora da Universidade, Deolinda Franca, divulgou um vídeo em sua página no Facebook na última segunda-feira (3), com um trecho do protesto na porta do teatro e na publicação afirmou que teria sido agredida verbal e fisicamente por um estudante. O vídeo gravado por ela, no entanto, não registra a suposta agressão física.

De acordo com a professora, ela esteve na Delegacia dos Barris para registrar boletim de ocorrência contra o estudante, a quem chamou de meliante, mas não pôde fazer a queixa porque o caso aconteceu em uma universidade federal.

Professora se refere a alunos como "meliantes". Foto: Reprodução de Internet
Professora se refere a alunos como “meliantes”. Foto: Reprodução de Internet

Em uma publicação nas redes sociais, uma jovem que foi assistir ao espetáculo escreveu uma nota de repúdio à produção: “Lágrimas me vêm aos olhos. Entre lágrimas entrei para assistir ao ‘espetáculo’. Quase entre lágrimas saí. Mas não. Não aplaudi. Vaiei. Gritei”.

Ainda na publicação dessa jovem, ela explica que a peça tinha atrizes e atores negros que interpretavam personagens marginais e estereotipadas: “a amiga de ‘classe inferior’, o policial que executa a ação de prender (não é o delegado ‘moreno’), a prostituta, o menor estuprador”.

A Escola de Teatro da UFBA não se manifestou oficialmente sobre o episódio com os estudantes do último fim de semana. Já a Organização publicou em sua página oficial a seguinte mensagem:”Desculpem os transtornos, mas precisamos romper com o silêncio de 38 anos de racismo”.

Com ingressos gratuitos e dirigida pelo dramaturgo Paulo Cunha, a peça “Sob as Tetas da Loba” é a 54ª produção da Companhia de Teatro da UFBA. O espetáculo é uma junção de quatro textos do autor Jorge Andrade, sendo eles: “Senhora na Boca do Lixo” (1963), “A Zebra” (1978), “A Loba” (1978) e “Milagre na Cela” (1973). A montagem estreou no dia 22 de maio e encerrou suas apresentações neste domingo (2).

Sob as Tetas da Loba. Foto: Divulgação
Sob as Tetas da Loba. Foto: Divulgação

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