ARTIGO: Nuances e matizes

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Houve um tempo, que a bem da verdade foi apenas outro dia, em que os personagens do jogo político bradavam aos quatro ventos suas diferenças em relação aos adversários, e delas se orgulhavam.

POR Redação SRzd29/06/2006|3 min de leitura

ARTIGO: Nuances e matizes
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Houve um tempo, que a bem da verdade foi apenas outro dia, em que os personagens do jogo político bradavam aos quatro ventos suas diferenças em relação aos adversários, e delas se orgulhavam. Era um tempo em que os vermelhos, eram vermelhos , do mais intenso carmim. E acenavam com bandeiras e planos quinquenais de um paraíso igualitário em construção. Se para igualizar fosse necessário lançar mão de um cerceamento de expressão aqui, uma negação total ao passado, até à sua herança mais inofensiva, alegre e colorida, que assim fosse. Era só olhar ali adiante, na curva da estrada, onde foices colhiam e martelos produziam o mais bem acabado ideal de união. Afinal, só a perversa má vontade de alguns poderia esconder a verdade inqüestionável: O coletivo estava acima dos detalhes e das dores eventuais e a recompensa seria de todos.

Neste mesmo tempo, os azuis diziam ser profundamente azuis, em toda a exuberância da cor do céu e do mar. A cor que abriria ao bicho homem a oportunidade ímpar de mergulhar fundo ou alçar vôos altíssimos no mundo personalizado das escolhas individuais. Onde cada cabeça única, com suas qualidades inatas ou adquiridas poderia estar certa da recompensa, do pote de ouro que as trocas do mercado livre e libertador lhe reservariam logo ali adiante. Afinal, o bolo estava crescendo e, fazendo por onde, derrubando barreiras e controles, estava mais do que óbvio que cada qual teria seu naco garantido. Aqui e ali seria necessário o uso da força bruta , para a eliminação de obstáculos indesejados no caminho da felicidade suprema. Paciência.

Passado o tempo, até houve aqui e ali, alguns lampejos de iluminação, onde, dizem , chegaram a reluzir cores originais. Mas no final das contas, muitas contas, noções coloridas foram deixadas de lado. Em troca de um valor supremo, contabilizável e acumulável. Vermelho e azul não passam hoje de intenções desbotadas.

Consola saber apenas que a maldade e o egoísmo não são suficientes para preencher a alma do bicho homem. Que teima em ter certeza de que vale a pena viver a vida inteira em busca de cores, nuances e matizes.

Euclydes P. é jornalista

Houve um tempo, que a bem da verdade foi apenas outro dia, em que os personagens do jogo político bradavam aos quatro ventos suas diferenças em relação aos adversários, e delas se orgulhavam. Era um tempo em que os vermelhos, eram vermelhos , do mais intenso carmim. E acenavam com bandeiras e planos quinquenais de um paraíso igualitário em construção. Se para igualizar fosse necessário lançar mão de um cerceamento de expressão aqui, uma negação total ao passado, até à sua herança mais inofensiva, alegre e colorida, que assim fosse. Era só olhar ali adiante, na curva da estrada, onde foices colhiam e martelos produziam o mais bem acabado ideal de união. Afinal, só a perversa má vontade de alguns poderia esconder a verdade inqüestionável: O coletivo estava acima dos detalhes e das dores eventuais e a recompensa seria de todos.

Neste mesmo tempo, os azuis diziam ser profundamente azuis, em toda a exuberância da cor do céu e do mar. A cor que abriria ao bicho homem a oportunidade ímpar de mergulhar fundo ou alçar vôos altíssimos no mundo personalizado das escolhas individuais. Onde cada cabeça única, com suas qualidades inatas ou adquiridas poderia estar certa da recompensa, do pote de ouro que as trocas do mercado livre e libertador lhe reservariam logo ali adiante. Afinal, o bolo estava crescendo e, fazendo por onde, derrubando barreiras e controles, estava mais do que óbvio que cada qual teria seu naco garantido. Aqui e ali seria necessário o uso da força bruta , para a eliminação de obstáculos indesejados no caminho da felicidade suprema. Paciência.

Passado o tempo, até houve aqui e ali, alguns lampejos de iluminação, onde, dizem , chegaram a reluzir cores originais. Mas no final das contas, muitas contas, noções coloridas foram deixadas de lado. Em troca de um valor supremo, contabilizável e acumulável. Vermelho e azul não passam hoje de intenções desbotadas.

Consola saber apenas que a maldade e o egoísmo não são suficientes para preencher a alma do bicho homem. Que teima em ter certeza de que vale a pena viver a vida inteira em busca de cores, nuances e matizes.

Euclydes P. é jornalista

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