Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu: Gaguinho e Patolino como heróis atrapalhados
Por Ana Carolina Garcia, crítica de cinema do SRzd No final dos anos 1920, o cinema de animação chacoalhava Hollywood por se aproveitar dos benefícios do advento do som e da fala, tendo Mickey Mouse como símbolo da revolução desta vertente graças ao sucesso de “O Vapor Willie” (Steamboat Willie – 1928, EUA), que possibilitou à […]
PORAna Carolina Garcia21/4/2025|
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“Looney Tunes - O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” reverencia aos anos dourados da animação da Warner Bros. (Foto: Divulgação).
Por Ana Carolina Garcia, crítica de cinema do SRzd
No final dos anos 1920, o cinema de animação chacoalhava Hollywood por se aproveitar dos benefícios do advento do som e da fala, tendo Mickey Mouse como símbolo da revolução desta vertente graças ao sucesso de “O Vapor Willie” (Steamboat Willie – 1928, EUA), que possibilitou à Disney a produção da aclamada série de curtas-metragens “Silly Symphonies” (Silly Symphonies – 1929 a 1939, EUA), chamada de “Sinfonias Tolas” no Brasil. Sem protagonista fixo, a série representava experimentações que transformaram a vertente animada e, assim como Mickey, chamou a atenção da concorrência, inclusive da Warner Bros., que colocou seu departamento de animação para trabalhar num projeto capaz de brigar com a sinfonia da Casa do Mickey, “Looney Tunes” (Looney Tunes – 1930 a 2014, EUA).
Sob o comando do produtor Leon Schlesinger, dois ex-animadores da Disney, Hugh Harman e Rudolf Ising, criaram a série em 1930, tendo a irreverência como pilar principal. Caindo no gosto do público, chegando à telinha quando a televisão se popularizou, “Looney Tunes” se firmou na vertente animada, superando o teste do tempo tal qual as produções da Disney. Uma prova disso é a estreia de mais um título derivado da série, “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” (The Day the Earth Blew Up: A Looney Tunes Movie – 2024, EUA), na próxima quinta-feira (24).
Com direção de Peter Browngardt, o longa mostra Gaguinho e Patolino, ambos dublados por Eric Bauza, trabalhando numa fábrica de chicletes que esconde um plano alienígena. Em meio às suas trapalhadas, a dupla precisa se unir para salvar a todos com a importante ajuda de Petúnia (voz de Candi Milo).
“Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” explora a dinâmica entre Gaguinho e Patolino de maneira a apresentar as personalidades opostas de ambos, contrapondo razão (Gaguinho) e emoção (Patolino), tendo a loucura como tempero especial de uma trama que brinca com o cinema de espionagem e ficção-científica, mas dialogando com facilidade com o público infantil. Neste sentido, o longa conquista a fatia adulta da plateia por meio da nostalgia, surpreendendo-a com uma trilha sonora com direito a hits de R.E.M. e Bryan Adams, além de referência explícita ao blockbuster “Armageddon” (Armageddon – 1998, EUA), dirigido por Michael Bay para a Disney.
Remetendo aos anos de ouro da animação da Warner Bros., “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” é uma produção divertida que mantém intacta a essência da série original que, a partir da década de 1930, consolidou Chuck Jones como um dos maiores animadores de todos os tempos – Jones trabalhou no departamento de animação do estúdio por quase 30 anos. É um filme sobre o poder da união na luta do bem contra o mal, constantemente abordada pelo cinema. A diferença, aqui, é que o faz de forma despretensiosa para reverenciar o passado da Warner, que brigou pelos holofotes com o departamento de animação do Mickey, inclusive com outra série de sucesso, “Merrie Melodies” (Merrie Melodies – 1931 a 1969, EUA), estrelada pelos mesmos personagens, quando dividia a atenção dos espectadores entre as “Sinfonias Tolas” e as músicas (“tunes”) malucas (“looney”).
+ assista ao trailer oficial:
Sobre Ana Carolina Garcia: Formada em Comunicação Social e pós-graduada em Jornalismo Cultural, Ana Carolina Garcia é autora dos livros “A Fantástica Fábrica de Filmes – Como Hollywood se tornou a capital mundial do cinema” (2011), “Cinema no século XXI – Modelo tradicional na Era do Streaming” (2021) e “100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo” (2023). É vice-presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) desde 2021.
Por Ana Carolina Garcia, crítica de cinema do SRzd
No final dos anos 1920, o cinema de animação chacoalhava Hollywood por se aproveitar dos benefícios do advento do som e da fala, tendo Mickey Mouse como símbolo da revolução desta vertente graças ao sucesso de “O Vapor Willie” (Steamboat Willie – 1928, EUA), que possibilitou à Disney a produção da aclamada série de curtas-metragens “Silly Symphonies” (Silly Symphonies – 1929 a 1939, EUA), chamada de “Sinfonias Tolas” no Brasil. Sem protagonista fixo, a série representava experimentações que transformaram a vertente animada e, assim como Mickey, chamou a atenção da concorrência, inclusive da Warner Bros., que colocou seu departamento de animação para trabalhar num projeto capaz de brigar com a sinfonia da Casa do Mickey, “Looney Tunes” (Looney Tunes – 1930 a 2014, EUA).
Sob o comando do produtor Leon Schlesinger, dois ex-animadores da Disney, Hugh Harman e Rudolf Ising, criaram a série em 1930, tendo a irreverência como pilar principal. Caindo no gosto do público, chegando à telinha quando a televisão se popularizou, “Looney Tunes” se firmou na vertente animada, superando o teste do tempo tal qual as produções da Disney. Uma prova disso é a estreia de mais um título derivado da série, “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” (The Day the Earth Blew Up: A Looney Tunes Movie – 2024, EUA), na próxima quinta-feira (24).
Com direção de Peter Browngardt, o longa mostra Gaguinho e Patolino, ambos dublados por Eric Bauza, trabalhando numa fábrica de chicletes que esconde um plano alienígena. Em meio às suas trapalhadas, a dupla precisa se unir para salvar a todos com a importante ajuda de Petúnia (voz de Candi Milo).
“Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” explora a dinâmica entre Gaguinho e Patolino de maneira a apresentar as personalidades opostas de ambos, contrapondo razão (Gaguinho) e emoção (Patolino), tendo a loucura como tempero especial de uma trama que brinca com o cinema de espionagem e ficção-científica, mas dialogando com facilidade com o público infantil. Neste sentido, o longa conquista a fatia adulta da plateia por meio da nostalgia, surpreendendo-a com uma trilha sonora com direito a hits de R.E.M. e Bryan Adams, além de referência explícita ao blockbuster “Armageddon” (Armageddon – 1998, EUA), dirigido por Michael Bay para a Disney.
Remetendo aos anos de ouro da animação da Warner Bros., “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” é uma produção divertida que mantém intacta a essência da série original que, a partir da década de 1930, consolidou Chuck Jones como um dos maiores animadores de todos os tempos – Jones trabalhou no departamento de animação do estúdio por quase 30 anos. É um filme sobre o poder da união na luta do bem contra o mal, constantemente abordada pelo cinema. A diferença, aqui, é que o faz de forma despretensiosa para reverenciar o passado da Warner, que brigou pelos holofotes com o departamento de animação do Mickey, inclusive com outra série de sucesso, “Merrie Melodies” (Merrie Melodies – 1931 a 1969, EUA), estrelada pelos mesmos personagens, quando dividia a atenção dos espectadores entre as “Sinfonias Tolas” e as músicas (“tunes”) malucas (“looney”).
+ assista ao trailer oficial:
Sobre Ana Carolina Garcia: Formada em Comunicação Social e pós-graduada em Jornalismo Cultural, Ana Carolina Garcia é autora dos livros “A Fantástica Fábrica de Filmes – Como Hollywood se tornou a capital mundial do cinema” (2011), “Cinema no século XXI – Modelo tradicional na Era do Streaming” (2021) e “100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo” (2023). É vice-presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) desde 2021.