Fãs da internet transformam colagens originais de marina w. em sucesso instantâneo
A escritora e blogueira marina w., dona de um texto leve e delicado, conhecido no bloWg há 18 anos, agora também faz sucesso com suas colagens, que se tornaram objeto de desejo entre seus seguidores nas redes sociais. Autora de três livros, “Diário de uma bipolar”, “O caderno de cinema de marina w.”, e outro, […]
POR Redação SRzd07/03/2018|6 min de leitura
A escritora e blogueira marina w., dona de um texto leve e delicado, conhecido no bloWg há 18 anos, agora também faz sucesso com suas colagens, que se tornaram objeto de desejo entre seus seguidores nas redes sociais.
Autora de três livros, “Diário de uma bipolar”, “O caderno de cinema de marina w.”, e outro, ainda sem título, de receitas culinárias, marina começou a fazer colagens por hobby. Quando resolveu publicá-las no Instagram, começou a receber uma quantidade grande de encomendas, e hoje seu tempo é inteiramente dedicado à elas. Feitas à mão, são muito charmosas e logo se tornaram moda. Saiba mais sobre seu trabalho e planos, nesta entrevista feita por sua leitora Cristina Lóis.
Acompanho teu blog desde 2001, e existe uma curiosidade. Porque marina w.? E por que a letra minúscula?
– É a junção dos meus dois nomes próprios, Maria Adriana. Já que ninguém pode me chamar assim, porque é um nome que não desliza, criei esse outro que acabou ficando. O W foi mais pra compor. Muita gente me chama de Marina, mesmo me conhecendo antes da internet. Acho um nome lindo. Minúscula porque gosto do e.e. cummings 🙂
Sim, eu também. Vamos Falar sobre suas colagens. Eu já comprei umas cinco (risos)
– Que bom! rs
Quando você resolveu fazer?
– Sempre fiz por hobby. Um dia, no Instagram, a Pinky Wainer, artista plástica que eu adoro, sugeriu que eu fizesse uns lambes. Mas depois de procurar várias gráficas, descobri que a colagem teria que ser digital, não sei fazer, pretendo aprender. Então optei por pequenos cartazes.
Tem alguma que você goste mais?
– Tem. Algumas ficam mais legais no papel do que impressas, estas eu procuro não vender mais, a não ser que a pessoa queira mesmo com todas as imperfeições. Na verdade, colagem é a arte da imperfeição. Gosto do resultado impresso da Marilyn Monroe de asas, adoro asas, da Nastassja kinski, idem, da Nina, da Aretha Franklin misturada com Gauguin. Curto muito usar pintores clássicos interagindo com a foto.
Por que o preço mudou?
– Custavam cem reais. Em dezembro fiz uma promoção de Natal, pela metade do preço, e acabei deixando. Porque a maior parte das pessoas que quer comprar está sem dinheiro. As que não estão compram várias de uma vez, como você.
(risos) Vai nessa. Colagens estão na moda?
– Muito! A gente vê páginas e páginas de colagens bárbaras no Instagram. O Caetano faz lindamente; o Vik Muniz andou publicando umas bárbaras. A Mariana Valente, neta da Clarice, faz colagens delicadas e está expondo no MOMA.
Acho que o charme da tua colagem é ser analógica, não é?
– É que a cola, o papel e a tesoura parecem coisas tão antigas… É romântico.
Você saberia traçar o perfil dos compradores?
– Não sei te dizer. A Pinky falou que os lambes seriam pra pessoas que não têm dinheiro pra comprar uma obra de arte, mas também não querem comprar um poster reproduzindo Van Gogh.
Qual a campeã de vendas?
– Sem dúvida é a Nina Simone. Perdi a conta de quantas vendi.
Você também recebe encomendas…
– Sim, algumas mães pedem para eu fazer dos seus filhos; ou noivas; casais de namorados. O pedido mais comum é artista que eu não tenha feito ainda. A mais recente foi uma da Françoise Hardy.
Como é teu método de trabalho?
– Eu faço muito rapidamente, a não ser encomenda. Encomenda posso demorar dois dias inteiros, porque preciso testar várias possibilidades. Ainda não pude organizar meus recortes, gostaria de ser mais disciplinada, mas são centenas e centenas, alguns minúsculos, isso também me faz perder tempo.
Qual a melhor e a pior parte desse trabalho?
– A pior, sem dúvida, é o correio. Dia 16 de janeiro mandei encomendas para Maceió e Manaus, e ainda não chegaram. O correio anda ruim demais. Sedex é rápido, mas caro. A melhor é a pessoa gostar. É a melhor parte, sem dúvida. Se não gostar, faço outra. Preciso que a pessoa fique satisfeita. Também quero que seja surpresa, então só publico no Instagram depois. Gosto de saber que elas estão espalhadas em vários cantos do Brasil, e até mesmo fora. Belém, Bahia, Paraíba, Nova York, Bruxelas, Acre. Algumas pessoas compram por pay pal.
Que tipo de colagem você não faz?
– Não faço com artistas brasileiros, porque temo ser processada. Claro que a Madonna também pode me processar. Mas é meio impossível, né, e ia ser uma honra, e ótimo marketing rs Eu diria: “Mas senhor juiz, o que são 50 reais?” Uma coisa muito hétera complica, fazer um John Wayne é mais difícil. Espero um dia poder vir a fazer outras coisas, como capas de livros e cds.
Trocando de assunto: quando o Diário de uma bipolar será reeditado?
– Queria muito reeditá-lo, e quando falo disso acabo sendo repetitiva. Queria reeditar não porque quero me fixar nele, ao contrário, quero me desapegar. Ele teve 6 meses de vida, era campeão de vendas dentro da Nova Fronteira, até o (Carlos Augusto) Lacerda resolver vendê-la. É um livro útil, que já tirou gente da cama. Meu psiquiatra, dr. Olavo Campos, disse que toda a parte médica está desatualizada, porque a psiquiatria avançou demais. Pra começar, o diagnóstico da doença mudou. O Transtorno Bipolar se tornou uma doença conhecida, foi parar no cinema, na literatura e até nas novelas, mas pessoas continuam sendo tratadas de maneira errada. Gostaria que o livro tivesse tido uma trajetória maior, para atingir mais pessoas que sofrem dessa doença horrível, que leva tanta gente a tirar a própria vida. Mas não tenho obtido sucesso junto às editoras. Uma pena. Reedição é difícil. Na verdade se eu começar a falar do Diário não paro mais, foi um livro que me deu muitas alegrias.
Tem um outro de cinema…
– Sim, O caderno de cinema de marina w. São análises de filmes feitas por um espectador comum. Não posso ser chamada de cinéfila. Tem muitas curiosidades de bastidores, pequenas biografias, essas coisas.
Gosto muito. Você tem outros projetos?
– Organizei um livro de culinária com receitas enviadas por 60 pessoas públicas, de dramaturgos a cantores pop, passando por políticos e artistas plásticos. Mas as editoras interessadas pararam a negociação no meio: não há dinheiro. Estou escrevendo um livro infanto juvenil, e tenho esboços de um outro sobre envelhecer. Mas meu tempo está muito comprometido com as colagens.
Obrigado, Marina. Boa sorte. Você gostaria de dizer alguma coisa que não disse?
– Sim. “#xovampirao”
A escritora e blogueira marina w., dona de um texto leve e delicado, conhecido no bloWg há 18 anos, agora também faz sucesso com suas colagens, que se tornaram objeto de desejo entre seus seguidores nas redes sociais.
Autora de três livros, “Diário de uma bipolar”, “O caderno de cinema de marina w.”, e outro, ainda sem título, de receitas culinárias, marina começou a fazer colagens por hobby. Quando resolveu publicá-las no Instagram, começou a receber uma quantidade grande de encomendas, e hoje seu tempo é inteiramente dedicado à elas. Feitas à mão, são muito charmosas e logo se tornaram moda. Saiba mais sobre seu trabalho e planos, nesta entrevista feita por sua leitora Cristina Lóis.
Acompanho teu blog desde 2001, e existe uma curiosidade. Porque marina w.? E por que a letra minúscula?
– É a junção dos meus dois nomes próprios, Maria Adriana. Já que ninguém pode me chamar assim, porque é um nome que não desliza, criei esse outro que acabou ficando. O W foi mais pra compor. Muita gente me chama de Marina, mesmo me conhecendo antes da internet. Acho um nome lindo. Minúscula porque gosto do e.e. cummings 🙂
Sim, eu também. Vamos Falar sobre suas colagens. Eu já comprei umas cinco (risos)
– Que bom! rs
Quando você resolveu fazer?
– Sempre fiz por hobby. Um dia, no Instagram, a Pinky Wainer, artista plástica que eu adoro, sugeriu que eu fizesse uns lambes. Mas depois de procurar várias gráficas, descobri que a colagem teria que ser digital, não sei fazer, pretendo aprender. Então optei por pequenos cartazes.
Tem alguma que você goste mais?
– Tem. Algumas ficam mais legais no papel do que impressas, estas eu procuro não vender mais, a não ser que a pessoa queira mesmo com todas as imperfeições. Na verdade, colagem é a arte da imperfeição. Gosto do resultado impresso da Marilyn Monroe de asas, adoro asas, da Nastassja kinski, idem, da Nina, da Aretha Franklin misturada com Gauguin. Curto muito usar pintores clássicos interagindo com a foto.
Por que o preço mudou?
– Custavam cem reais. Em dezembro fiz uma promoção de Natal, pela metade do preço, e acabei deixando. Porque a maior parte das pessoas que quer comprar está sem dinheiro. As que não estão compram várias de uma vez, como você.
(risos) Vai nessa. Colagens estão na moda?
– Muito! A gente vê páginas e páginas de colagens bárbaras no Instagram. O Caetano faz lindamente; o Vik Muniz andou publicando umas bárbaras. A Mariana Valente, neta da Clarice, faz colagens delicadas e está expondo no MOMA.
Acho que o charme da tua colagem é ser analógica, não é?
– É que a cola, o papel e a tesoura parecem coisas tão antigas… É romântico.
Você saberia traçar o perfil dos compradores?
– Não sei te dizer. A Pinky falou que os lambes seriam pra pessoas que não têm dinheiro pra comprar uma obra de arte, mas também não querem comprar um poster reproduzindo Van Gogh.
Qual a campeã de vendas?
– Sem dúvida é a Nina Simone. Perdi a conta de quantas vendi.
Você também recebe encomendas…
– Sim, algumas mães pedem para eu fazer dos seus filhos; ou noivas; casais de namorados. O pedido mais comum é artista que eu não tenha feito ainda. A mais recente foi uma da Françoise Hardy.
Como é teu método de trabalho?
– Eu faço muito rapidamente, a não ser encomenda. Encomenda posso demorar dois dias inteiros, porque preciso testar várias possibilidades. Ainda não pude organizar meus recortes, gostaria de ser mais disciplinada, mas são centenas e centenas, alguns minúsculos, isso também me faz perder tempo.
Qual a melhor e a pior parte desse trabalho?
– A pior, sem dúvida, é o correio. Dia 16 de janeiro mandei encomendas para Maceió e Manaus, e ainda não chegaram. O correio anda ruim demais. Sedex é rápido, mas caro. A melhor é a pessoa gostar. É a melhor parte, sem dúvida. Se não gostar, faço outra. Preciso que a pessoa fique satisfeita. Também quero que seja surpresa, então só publico no Instagram depois. Gosto de saber que elas estão espalhadas em vários cantos do Brasil, e até mesmo fora. Belém, Bahia, Paraíba, Nova York, Bruxelas, Acre. Algumas pessoas compram por pay pal.
Que tipo de colagem você não faz?
– Não faço com artistas brasileiros, porque temo ser processada. Claro que a Madonna também pode me processar. Mas é meio impossível, né, e ia ser uma honra, e ótimo marketing rs Eu diria: “Mas senhor juiz, o que são 50 reais?” Uma coisa muito hétera complica, fazer um John Wayne é mais difícil. Espero um dia poder vir a fazer outras coisas, como capas de livros e cds.
Trocando de assunto: quando o Diário de uma bipolar será reeditado?
– Queria muito reeditá-lo, e quando falo disso acabo sendo repetitiva. Queria reeditar não porque quero me fixar nele, ao contrário, quero me desapegar. Ele teve 6 meses de vida, era campeão de vendas dentro da Nova Fronteira, até o (Carlos Augusto) Lacerda resolver vendê-la. É um livro útil, que já tirou gente da cama. Meu psiquiatra, dr. Olavo Campos, disse que toda a parte médica está desatualizada, porque a psiquiatria avançou demais. Pra começar, o diagnóstico da doença mudou. O Transtorno Bipolar se tornou uma doença conhecida, foi parar no cinema, na literatura e até nas novelas, mas pessoas continuam sendo tratadas de maneira errada. Gostaria que o livro tivesse tido uma trajetória maior, para atingir mais pessoas que sofrem dessa doença horrível, que leva tanta gente a tirar a própria vida. Mas não tenho obtido sucesso junto às editoras. Uma pena. Reedição é difícil. Na verdade se eu começar a falar do Diário não paro mais, foi um livro que me deu muitas alegrias.
Tem um outro de cinema…
– Sim, O caderno de cinema de marina w. São análises de filmes feitas por um espectador comum. Não posso ser chamada de cinéfila. Tem muitas curiosidades de bastidores, pequenas biografias, essas coisas.
Gosto muito. Você tem outros projetos?
– Organizei um livro de culinária com receitas enviadas por 60 pessoas públicas, de dramaturgos a cantores pop, passando por políticos e artistas plásticos. Mas as editoras interessadas pararam a negociação no meio: não há dinheiro. Estou escrevendo um livro infanto juvenil, e tenho esboços de um outro sobre envelhecer. Mas meu tempo está muito comprometido com as colagens.
Obrigado, Marina. Boa sorte. Você gostaria de dizer alguma coisa que não disse?