Huck narra reação quando irmão contou ser gay e faz reflexões sobre o tema

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Luciano Huck foi o primeiro membro de sua família a saber que o irmão, o cineasta Fernando Grostein, de 40 anos, é gay. A notícia foi contada por Fernando em 1999 e deixou o apresentador da TV Globo em “choque”. O episódio é narrado em detalhes no recém-lançado livro de Huck; “De porta em porta”. […]

POR Redação SRzd02/09/2021|4 min de leitura

Huck narra reação quando irmão contou ser gay e faz reflexões sobre o tema

Fernando Grostein e Huck. Foto: Reprodução do Instagram

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Luciano Huck foi o primeiro membro de sua família a saber que o irmão, o cineasta Fernando Grostein, de 40 anos, é gay.

A notícia foi contada por Fernando em 1999 e deixou o apresentador da TV Globo em “choque”. O episódio é narrado em detalhes no recém-lançado livro de Huck; “De porta em porta”.

“‘Eu sou gay’, disse assim, na lata, o meu único irmão, Fernando. Quando Fernando, aos 20 anos, marcou sua posição e falou, ‘olha, eu sou gay’, essa é minha vida, isso não é uma escolha, esse é o meu ser, é como eu sou’, eu disse: ‘ok’. Mas, num primeiro momento, tive um certo choque – por razões que têm a ver com a forma obtusa, estúpida e quase desumana como o mundo dita as regras de comportamento, mas também porque você quer que a vida da pessoa que ama seja uma estrada asfaltada, sem buracos e pouco sinuosa (…) No mundo em que vivemos, embora isso esteja mudando, assumir-se gay ainda significa, infelizmente, enfrentar uma dose pesada de preconceito. A ‘libertação’ começou naquele dia em que Fernando me mostrou que não éramos nem tão parecidos nem tão próximos quanto eu imaginava (…) Hoje, vejo o quanto os anos e anos em que fui submetido a uma espécie de pós-graduação machista – que assolou e assola minha geração e muitas outras – me tonaram incapaz de enxergar os preconceitos que pensei, disse e fiz, e, pior ainda, as coisas importantes que deixei de pensar, dizer e fazer (…) Hoje sei que também tive medo de enfrentar meus próprios preconceitos”, e segue no mesmo capítulo em que trata do assunto:

“De forma estúpida, eu achava que tinha uma certa obrigação de reproduzir com ele as toxidades que havia absorvido em nome da virilidade, de uma ‘tradição’abjeta que gerou multidões de homens traumatizados e, no mínimo, sexualmente confusos (…) Dada a toda carga de referências machistas e homofóbicas que a sociedade brasileira me entregara – e o preconceito e o sofrimento que imaginei que isso traria para o Fernando e para a minha família – minha primeira sensação foi, de fato, a de perder o chão. Começa ali um embate entre tudo o que tinha entranhado em mim, fruto daquilo que hoje é chamado de machismo estrutural, e minha tentativa de tentar compreender e processar as novas informações e formar uma nova consciência”, explicou.

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A notícia foi contada por Fernando em 1999 e deixou o apresentador da TV Globo em “choque”. O episódio é narrado em detalhes no recém-lançado livro de Huck; “De porta em porta”.

“‘Eu sou gay’, disse assim, na lata, o meu único irmão, Fernando. Quando Fernando, aos 20 anos, marcou sua posição e falou, ‘olha, eu sou gay’, essa é minha vida, isso não é uma escolha, esse é o meu ser, é como eu sou’, eu disse: ‘ok’. Mas, num primeiro momento, tive um certo choque – por razões que têm a ver com a forma obtusa, estúpida e quase desumana como o mundo dita as regras de comportamento, mas também porque você quer que a vida da pessoa que ama seja uma estrada asfaltada, sem buracos e pouco sinuosa (…) No mundo em que vivemos, embora isso esteja mudando, assumir-se gay ainda significa, infelizmente, enfrentar uma dose pesada de preconceito. A ‘libertação’ começou naquele dia em que Fernando me mostrou que não éramos nem tão parecidos nem tão próximos quanto eu imaginava (…) Hoje, vejo o quanto os anos e anos em que fui submetido a uma espécie de pós-graduação machista – que assolou e assola minha geração e muitas outras – me tonaram incapaz de enxergar os preconceitos que pensei, disse e fiz, e, pior ainda, as coisas importantes que deixei de pensar, dizer e fazer (…) Hoje sei que também tive medo de enfrentar meus próprios preconceitos”, e segue no mesmo capítulo em que trata do assunto:

“De forma estúpida, eu achava que tinha uma certa obrigação de reproduzir com ele as toxidades que havia absorvido em nome da virilidade, de uma ‘tradição’abjeta que gerou multidões de homens traumatizados e, no mínimo, sexualmente confusos (…) Dada a toda carga de referências machistas e homofóbicas que a sociedade brasileira me entregara – e o preconceito e o sofrimento que imaginei que isso traria para o Fernando e para a minha família – minha primeira sensação foi, de fato, a de perder o chão. Começa ali um embate entre tudo o que tinha entranhado em mim, fruto daquilo que hoje é chamado de machismo estrutural, e minha tentativa de tentar compreender e processar as novas informações e formar uma nova consciência”, explicou.

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