O youtuber Felipe Neto e o herdeiro do Grupo Globo Paulo Marinho discutiram sobre o investimento publicitário na televisão. Durante o evento YouPix, no último dia 25, o youtuber questionou o motivo de a audiência da televisão aberta cair e a receita de publicidade aumentar.

Como a audiência desce e a receita de publicidade sobe? Não há mais justificativa em audiência, não há justificativa sólida e concreta que não seja o BV(Bonificação de Volume), o relacionamento, mandar o cara pra França pra assistir Cannes com dinheiro da agência

“Eu questiono como a audiência desce e a receita de publicidade sobe. Não há mais justificativa em audiência, não há justificativa sólida e concreta que não seja o BV, o relacionamento, mandar o cara pra França pra assistir Cannes com dinheiro da agência”, falou Felipe Neto. “Eu não estou dizendo que a TV não dá resultado. Eu estou dizendo que não justifica a audiência da Globo. A televisão continua com força. Mas como a receita da Globo sobe quando a audiência desce?”, continuou.

No entanto, Paulo Marinho estava na plateia e negou. “Isso não é verdade. A audiência não está caindo. Dentro do universo da televisão, não está caindo. Você tem uma divisão digital que obviamente vai crescendo. A Globo ou a Globosat, no payTV, estão com audiências históricas nos últimos dois anos. Você colocou uma coisa na conta da Rede Globo que é estrutural de mercado”, disse. “O modelo de medição de ‘Game of Thrones’ é igualzinho ao da Globo e de qualquer rede de televisão. Você usa um instituto de pesquisa, por amostra. É o mesmo critério nos Estados Unidos, Brasil e qualquer outro lugar do mundo”.

Paulo Marinho deu ainda uma informação que causou estranheza ao youtuber e à plateia. “São 100 milhões de pessoas que passam pela TV Globo por dia”, disse o executivo. “E você acredita nesse número? 100 milhões de pessoas por dia!?”, questionou Felipe fazendo o público rir. Marinho confirmou que sim.

Bonificação de Volume (BV)

O BV é um acordo feito entre veículos de comunicação e agências de publicidade. “Com o dinheiro do anunciante. Costuma ocorrer assim: a agência negocia, no começo do ano, uma meta anual de crescimento dos investimentos a serem realizados no veículo pelo conjunto de seus clientes. O percentual de BV a ser pago pelo veículo à agência é definido a partir desse montante. A negociação, portanto, gera um valor ‘devido’ pela agência ao veículo – estabelecido num instrumento chamado ‘Carta de BV'”, como explica o jornalista Adriano Silva em seu livro “Treze meses dentro da TV”.

“Amarrada financeiramente, a agência se volta aos seus clientes oferecendo novas oportunidades de investimento que lhe permitam cumprir a sua cota junto aos veículos com os quais têm assinadas as ‘Cartas de BV’. O veículo, portanto, nesse cenário, não precisaria fazer muito esforço para vender seus projetos à agência – a agência já estaria comprada”, continua Adriano.