“Hollywood ainda é dos homens brancos”

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O diretor John Singleton se une ao consagrado cineasta Spike Lee na luta pela diversidade racial no cinema – dentro e fora das telas.

POR Redação SRzd27/06/2006|4 min de leitura

“Hollywood ainda é dos homens brancos”
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Em entrevista ao jornal americano “Los Angeles Times”, John Singleton, o aclamado diretor de “Quatro Irmãos” e “Os donos da rua” afirmou: “A chance de se encontrar um executivo de cinema americano que não seja um homem branco é bem menor do que a de se encontrar um chefão de estúdio como frentista de posto de gasolina”.

Singleton – que sempre faz questão de abordar temas multirraciais em seus projetos – disse ainda que tem como meta botar uma corzinha nesse quadro tão branco que é Hollywood. O diretor reconhece que essa não é uma tarefa fácil, pois tudo o que os estúdios querem é dinheiro arrecadado com histórias sem graça, com mocinhos brancos. Segundo ele, este é um paradoxo, já que as populações que mais crescem nos Estados Unidos são as de negros e latinos.

Depois de ter bancado os custos do filme “Hustle and flow – Ritmo de um sonho” em 2005 (sucesso nos cinemas do mundo inteiro), o diretor ficou marcado. Ele acaba de assinar um contrato inédito com a Universal Pictures: o estúdio vai promover e distribuir cinco filmes financiados e produzidos por Singleton. Ele receberá da Universal, no máximo, US$15 milhões por filme, o que em Hollywood não é nada – não paga o cachê de estrelas como Tom Cruise e Brad Pitt.

Apesar disso, o contrato assinado entre a Universal e John Singleton é de extrema importância, já que o estúdio garantiu que vai distribuir os filmes e não vai se meter de maneira alguma no processo criativo do diretor.

O primeiro filme a ser produzido será “Illegal tender” (ainda sem título no Brasil, mas algo como “Dinheiro ilegal”), a história de um jovem latino-americano que mora no Bronx (subúrbio de Nova York) e tenta fugir com a sua mãe dos traficantes que assassinaram seu pai. O filme está sendo rodado em Nova York e em Porto Rico e vai ser dirigido por Franc Reyes, diretor do thriller latino “Império”.

Apesar de a Universal não desembolsar muito para a produção das fitas, de acordo com Singleton “é possível contar uma boa história com um elenco multirracial por menos de US$15 milhões e ainda assim se ter muito lucro”. O filme já está sendo comparado com o cult “Scarface”, do aclamado diretor Brian de Palma.

Estúdios trabalham em sistema monocolor

Spike Lee, diretor negro de sucessos como “Faça a coisa certa” e o recente “O plano perfeito”, é outro defensor da causa de Singleton – colorir o mundo anglo-saxão da monocromática Hollywood. Lee diz estar confiante de que, aos poucos, essa imagem branca vai mudar.

O diretor lembra que nunca, nos vinte anos em que faz cinema nos EUA, teve a companhia de um executivo de estúdio negro nas dúzias de reuniões com chefões de estúdios em Hollywood.

Segundo conta, ele tentou descobrir o número de produtores-executivos ou presidentes latinos e negros que existem nos grandes estúdios como 20th Century Fox, New Line, Paramount, Universal, Warner Bros. e Sony Pictures. O resultado de sua pesquisa: não há nenhum.

A Universal divulgou uma nota onde reconhecia não ter um número grande de representantes afro-americanos em cargos de alto escalão, mas diz acreditar que a parceria com John Singleton trará ao estúdio novas histórias e pontos-de-vista diferentes.

A Universal, aceitando a crítica de Spike Lee, reconheceu no comunicado que há um longo caminho a ser percorrido para se ter diversidade racial em Hollywood, em todos os setores. No que depender de John Singleton e de seus filmes, este caminho vai se tornar pelo menos cinco vezes mais curto.

Samantha Nogueira é jornalista, professora da Universidade Estadual de São Francisco e mora nos Estados Unidos desde 2001.

Em entrevista ao jornal americano “Los Angeles Times”, John Singleton, o aclamado diretor de “Quatro Irmãos” e “Os donos da rua” afirmou: “A chance de se encontrar um executivo de cinema americano que não seja um homem branco é bem menor do que a de se encontrar um chefão de estúdio como frentista de posto de gasolina”.

Singleton – que sempre faz questão de abordar temas multirraciais em seus projetos – disse ainda que tem como meta botar uma corzinha nesse quadro tão branco que é Hollywood. O diretor reconhece que essa não é uma tarefa fácil, pois tudo o que os estúdios querem é dinheiro arrecadado com histórias sem graça, com mocinhos brancos. Segundo ele, este é um paradoxo, já que as populações que mais crescem nos Estados Unidos são as de negros e latinos.

Depois de ter bancado os custos do filme “Hustle and flow – Ritmo de um sonho” em 2005 (sucesso nos cinemas do mundo inteiro), o diretor ficou marcado. Ele acaba de assinar um contrato inédito com a Universal Pictures: o estúdio vai promover e distribuir cinco filmes financiados e produzidos por Singleton. Ele receberá da Universal, no máximo, US$15 milhões por filme, o que em Hollywood não é nada – não paga o cachê de estrelas como Tom Cruise e Brad Pitt.

Apesar disso, o contrato assinado entre a Universal e John Singleton é de extrema importância, já que o estúdio garantiu que vai distribuir os filmes e não vai se meter de maneira alguma no processo criativo do diretor.

O primeiro filme a ser produzido será “Illegal tender” (ainda sem título no Brasil, mas algo como “Dinheiro ilegal”), a história de um jovem latino-americano que mora no Bronx (subúrbio de Nova York) e tenta fugir com a sua mãe dos traficantes que assassinaram seu pai. O filme está sendo rodado em Nova York e em Porto Rico e vai ser dirigido por Franc Reyes, diretor do thriller latino “Império”.

Apesar de a Universal não desembolsar muito para a produção das fitas, de acordo com Singleton “é possível contar uma boa história com um elenco multirracial por menos de US$15 milhões e ainda assim se ter muito lucro”. O filme já está sendo comparado com o cult “Scarface”, do aclamado diretor Brian de Palma.

Estúdios trabalham em sistema monocolor

Spike Lee, diretor negro de sucessos como “Faça a coisa certa” e o recente “O plano perfeito”, é outro defensor da causa de Singleton – colorir o mundo anglo-saxão da monocromática Hollywood. Lee diz estar confiante de que, aos poucos, essa imagem branca vai mudar.

O diretor lembra que nunca, nos vinte anos em que faz cinema nos EUA, teve a companhia de um executivo de estúdio negro nas dúzias de reuniões com chefões de estúdios em Hollywood.

Segundo conta, ele tentou descobrir o número de produtores-executivos ou presidentes latinos e negros que existem nos grandes estúdios como 20th Century Fox, New Line, Paramount, Universal, Warner Bros. e Sony Pictures. O resultado de sua pesquisa: não há nenhum.

A Universal divulgou uma nota onde reconhecia não ter um número grande de representantes afro-americanos em cargos de alto escalão, mas diz acreditar que a parceria com John Singleton trará ao estúdio novas histórias e pontos-de-vista diferentes.

A Universal, aceitando a crítica de Spike Lee, reconheceu no comunicado que há um longo caminho a ser percorrido para se ter diversidade racial em Hollywood, em todos os setores. No que depender de John Singleton e de seus filmes, este caminho vai se tornar pelo menos cinco vezes mais curto.

Samantha Nogueira é jornalista, professora da Universidade Estadual de São Francisco e mora nos Estados Unidos desde 2001.

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