LIVROS: Os caminhos de Virginia Woolf

  • Icon instagram_blue
  • Icon youtube_blue
  • Icon x_blue
  • Icon facebook_blue
  • Icon google_blue

Chega às livrarias “Cenas londrinas”, obra que reúne seis textos, inéditos no Brasil, com as impressões da escritora sobre a cidade onde viveu.

POR Redação SRzd16/07/2006|3 min de leitura

LIVROS: Os caminhos de Virginia Woolf
| Siga-nos Google News

“Ninguém pode se considerar expert sobre Londres se não dobrar numa rua lateral, longe das lojas e dos teatros, e bater na porta de uma das casas”.

Andar pelas ruas de Londres era um dos grandes prazeres de Virginia Woolf. Era da observação das pessoas, das paisagens que avistava durante suas caminhadas e das cenas do cotidiano, que a escritora tirava inspirações para suas histórias. “Cenas londrinas”, que chega, agora, às livrarias do país, reúne seis delas. Uma das crônicas, nunca publicada em livro anteriormente, foi descoberta somente no ano passado, entre papéis da biblioteca da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Os textos foram publicados, originalmente, a partir de dezembro de 1931, na revista bimestral “Good housekeeping”. Com a inclusão da sexta história, “Retrato de uma londrina”, os pequenos ensaios estão juntos pela primeira vez em livro.

Nascida em Londres, Virginia Woolf era filha do crítico e historiador Leslie Stephen. Sua mãe morreu quando a escritora tinha 13 anos, deixando-a com os primeiros sinais de depressão, agravados pela morte do pai, nove anos depois. O primeiro romance, “A viagem”, foi publicado em 1915, quando já estava casada com o intelectual Leonard Woolf. Foi a pequena editora dos dois que lançou obras de grandes nomes como T.S Eliot, Katharine Mansfield e E.M Forster. Até 1941, quando encheu o bolso de um casaco com pedras, afogando-se no rio Ouse, Virginia Woolf escreveu, além de “A Viagem” outros livros importantes , como “Mrs. Dalloway”, “Noite e dia”, “As ondas” e “Orlando”.

Em “Cenas londrinas” está uma espécie de guia pessoal da capital inglesa. A visão da autora sobre ruas, esquinas e interiores de residências. Um dos capítulos é dedicado às casas de escritores, como o poeta John Keats.

“Pois ele vivia no final da rua na pequena casa branca por trás de uma cerca de madeira. Nada mudou muito desde sua época. Mas quando entramos na casa em que Keats viveu, uma sombra de luto parece descer sobre o jardim. Uma árvore caiu e está escorada. Galhos fazem dançar sua sombra oscilante nas brancas paredes da casa. Ali, em que pese toda a alegria e serenidade da vizinhança, cantava o rouxinol; e se havia um lugar onde a febre e a angústia faziam sua morada era aquele, envolvendo o opresso territoriozinho verde com uma sensação de morte próxima, de brevidade da vida, da paixão do amor e sua infelicidade. A sala está vazia a não ser pelas duas cadeiras, pois Keats tinha poucos bens, pouca mobília e não mais, dizia ele, que 150 livros. (…) Ali, sentou-se na cadeira junto à janela e escutou sem se mover, e viu sem sobressaltos, e virou a página sem pressa, embora seu tempo fosse tão curto.”

Em “Cenas londrinas” estão verdadeiros passeios pela Londres da década de 30. Retratos de uma época e flagrantes feitos nas ruas por uma mulher apaixonada pela cidade onde vivia.

Cenas londrinas
José Olympio Editora
Tradução: Myriam Campelo
84 págs. R$ 23

“Ninguém pode se considerar expert sobre Londres se não dobrar numa rua lateral, longe das lojas e dos teatros, e bater na porta de uma das casas”.

Andar pelas ruas de Londres era um dos grandes prazeres de Virginia Woolf. Era da observação das pessoas, das paisagens que avistava durante suas caminhadas e das cenas do cotidiano, que a escritora tirava inspirações para suas histórias. “Cenas londrinas”, que chega, agora, às livrarias do país, reúne seis delas. Uma das crônicas, nunca publicada em livro anteriormente, foi descoberta somente no ano passado, entre papéis da biblioteca da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Os textos foram publicados, originalmente, a partir de dezembro de 1931, na revista bimestral “Good housekeeping”. Com a inclusão da sexta história, “Retrato de uma londrina”, os pequenos ensaios estão juntos pela primeira vez em livro.

Nascida em Londres, Virginia Woolf era filha do crítico e historiador Leslie Stephen. Sua mãe morreu quando a escritora tinha 13 anos, deixando-a com os primeiros sinais de depressão, agravados pela morte do pai, nove anos depois. O primeiro romance, “A viagem”, foi publicado em 1915, quando já estava casada com o intelectual Leonard Woolf. Foi a pequena editora dos dois que lançou obras de grandes nomes como T.S Eliot, Katharine Mansfield e E.M Forster. Até 1941, quando encheu o bolso de um casaco com pedras, afogando-se no rio Ouse, Virginia Woolf escreveu, além de “A Viagem” outros livros importantes , como “Mrs. Dalloway”, “Noite e dia”, “As ondas” e “Orlando”.

Em “Cenas londrinas” está uma espécie de guia pessoal da capital inglesa. A visão da autora sobre ruas, esquinas e interiores de residências. Um dos capítulos é dedicado às casas de escritores, como o poeta John Keats.

“Pois ele vivia no final da rua na pequena casa branca por trás de uma cerca de madeira. Nada mudou muito desde sua época. Mas quando entramos na casa em que Keats viveu, uma sombra de luto parece descer sobre o jardim. Uma árvore caiu e está escorada. Galhos fazem dançar sua sombra oscilante nas brancas paredes da casa. Ali, em que pese toda a alegria e serenidade da vizinhança, cantava o rouxinol; e se havia um lugar onde a febre e a angústia faziam sua morada era aquele, envolvendo o opresso territoriozinho verde com uma sensação de morte próxima, de brevidade da vida, da paixão do amor e sua infelicidade. A sala está vazia a não ser pelas duas cadeiras, pois Keats tinha poucos bens, pouca mobília e não mais, dizia ele, que 150 livros. (…) Ali, sentou-se na cadeira junto à janela e escutou sem se mover, e viu sem sobressaltos, e virou a página sem pressa, embora seu tempo fosse tão curto.”

Em “Cenas londrinas” estão verdadeiros passeios pela Londres da década de 30. Retratos de uma época e flagrantes feitos nas ruas por uma mulher apaixonada pela cidade onde vivia.

Cenas londrinas
José Olympio Editora
Tradução: Myriam Campelo
84 págs. R$ 23

Notícias Relacionadas

Ver tudo