Considerado como um dos mais importantes jornalistas esportivo, Orlando Duarte, de 87 anos, vem travando uma dura batalha contra o Alzheimer. Através das redes sociais, sua mulher, Conceição Duarte, esposa de Orlando, relatou como tem sido sua luta diária desde que descobriu a doença, há cerca de um ano.
Profissional versátil e com muitos prêmios na carreira, Orlando Duarte contabiliza passagens pelas rádios “Bandeirantes”, “Jovem Pan”, “Trianon” e “Gazeta”; na televisão, trabalhou nas redes “Globo”, “Bandeirantes”, “Gazeta”, “SBT”, “Jovem Pan” e “Cultura”; e na mídia impressa, escreveu para os jornais “A Gazeta Esportiva”, “A Gazeta”, “Mundo Esportivo”, “A Gazeta Esportiva Ilustrada”, “O Tempo”, “Última Hora” e “Diário da Noite”.
“Da Copa do Mundo, para cá ele se desligou bastante do futebol. Eu pergunto e ele não responde, não sabe quem ganhou. Então, não seria justo eu escrever e as pessoas pensarem: ‘se ele está com raciocínio lógico, por que não está trabalhando?’. Aí comecei a não dormir, fiquei preocupada e concluí que precisava contar. Era 1h e resolvi escrever e falar, porque pessoas ligaram no aniversário dele e eu disse que estava doente. Mas se está doente, melhora, né? Não é o caso. Essa experiência (o Alzheimer) é dolorida porque não tem volta”, declarou a mulher do jornalista ao site “UOL”.
Segundo Conceição, o jornalista, que coleciona 14 coberturas de Copas do Mundo e dez de Olimpíadas, ainda sonha em voltar a exercer sua função.
Leia a publicação na íntegra:
Amigos do Facebook, quem escreve este post, agora é Conceição Duarte, mulher do Orlando Duarte.
Muitos de vocês, me conhecem.
Ao lado dele, a cada dia que passa, percebo que somos um, a extensão do outro.
A vida inteira, ele foi privilegiado pela memória. Guardava e fixava no seu cérebro, tudo o que lia, que ouvia; o nome das pessoas, os lugares por onde passou, os hotéis onde pousou, e isso me impressionava demais, pois, não basta ler, ver… ouvir. Temos que guardar dentro de nós, tudo o que absorvemos, caso contrário, de nada nos serve a leitura, o aprendizado, etc.
De dois anos para cá, depois da queda que o levou a fratura do fêmur, Orlando trouxe outras muitas coisas da saúde, que estavam em um cantinho qualquer no seu organismo esperando a oportunidade certa, para se instalar.
Até que recentemente, foi dado o diagnóstico de Alzheimer.
Vivendo com ele, percebia determinadas falhas, mas quando se está no meio do furacão, nem sempre enxergamos tudo.
Custou para aceitar, e custa ainda para entender exatamente o que se passa numa cabeça como a dele, e certamente, quem enfrenta o dia a dia de uma pessoa assim, sabe o que estou dizendo.
Na verdade, hoje, decidi trazer a vocês, depois de tanto carinho, o real motivo pelo qual ele está recolhido.
Estava esperando, uma oportunidade e a coragem, de contar coisas dele, e como realmente está de saúde.
Mostrei o facebook cheio de recados, e como ele ainda é querido, apesar de estar afastado.
Tenham certeza que ele tem seus momentos de tristeza, de se inconformar, mas como diz o fiseoterapeuta que muito o ajudou, o Fernando,: “Alzheimer, é a melhor doença que um idoso pode ter.” Óbvio, que vocês entendem o que “falamos” nessa frase. Sabemos que a doença é terrível.
Momentos depois que ele lembra uma coisa, logo se confunde novamente e… esquece. Hoje, ele estava muito bem.
Enfim, com o tempo, vou contando a vocês como se sente.
Agora a noite recebo no Whats Up, um vídeo de Jairo Giovenardi, Jornalista, que se formou junto comigo.
Desde então, Orlando, e ele também ficaram amigos.
O tempo nos afasta uns dos outros, como presente desta cidade imensa que vivemos, que é São Paulo.
Com esse amigo, tivemos momentos incríveis e rimos muito, Orlando, Jairo e eu.
Mostrei o vídeo ao OD e imediatamente, ele “sentiu” que conhecia aquela voz, aquele semblante, mas me perguntava: “quem é?” quem é? Pedi que escutasse até o final, e ele estava emocionado, mas não conseguiu dizer que era o Jairo Giovenardi.
Quando falei, ele ficou assim:
Vejam o vídeo do Jairo, e em seguida Orlando Duarte.
Deixo o meu muito obrigada, em nome de Orlando, a todos vocês que nos ligaram, ou que deixaram uma palavra de carinho e amor para ele.