Polêmica. Carlinhos Brown saiu em defesa de Claudia Leitte, que virou alvo de críticas nos últimos dias após retirar a menção a “Iemanjá” da música “Caranguejo (Cata Caranguejo)”.

Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram a artista cantando “Eu canto ao meu Rei Yeshua” ao invés de  “Saudando a rainha Iemanjá”, durante show realizado no último sábado (14).

Secretário de Cultura de Salvador critica cantora

A decisão da cantora gerou acusações de intolerância religiosa e teve repercussão ampliada com o comentário do secretário de Cultura de Salvador, Pedro Tourinho, que considerou a alteração racista.

Em texto publicado no Instagram, o gestor lembrou que a palavra “axé” vem de origem yorubá e, “com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada axé music”.

Ele ressaltou que o axé music é fortemente ligado às religiões de matriz africana, criticando artistas que lucram com essa cultura enquanto demonizam seus símbolos.

Com a palavra, Carlinhos Brown

Criador da Timbalada, Carlinhos Brown destacou que Leite não é uma “pessoa racista”. Ela canta dessa forma desde 2014, período em que se tornou evangélica. Para o músico, o gesto não significa que a colega seja preconceituosa.

“O gueto é uma casa laica. Todas as pessoas podem fazer suas manifestações. Quem sou eu para me meter nesta situação agora que tá todo mundo pensando que tipo de reação ter sobre uma questão dessa. É muito difícil, não queria me manifestar desse assunto, é muito polêmico, eu só quero dizer o seguinte: ‘Deus está em todos os lugares’. E que a gente procure não colocar Deus e os Orixás nas nossas inconsequências”, disse Brown em entrevista ao site iBahia.

“Eu não queria estar falando [disso], é polêmica, eu tenho uma espiritualidade muito acentuada, mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista. A gente tem que buscar esse tom, não vi que o secretário falou, ele falou sobre mudar letras, e, para o povo de santo, que tem tamanha clareza, e sabe que Yeshua é Oxalá. A gente não tem que estar polemizando isso”, endossou o artista, que considera Claudia Leitte uma afilhada musical.

“Feio são letras que detonam a mulher, inconsistentes com desejos sociais que a gente tem. Dá licença, eu não quero me envolver em polêmica, parem de nos separar, nos dividir. Nós temos problemas, somos desrespeitados o tempo todo, não pode usar as pessoas que a gente consegue chamar, que se aproximam, contra nós mesmo. Eu não tenho nada com essa polêmica, mas eu posso garantir que Claudinha não é uma pessoa racista. Se ela mudou a letra, é responsabilidade dela como artista, mas imaginar que ela seja uma pessoa racista é lei do engano”, pontuou.

Brown preferiu minimizar o debate e destacou que Yeshua, na crença cristã, pode ser associado a Oxalá, marido de Iemanjá nas religiões afro-brasileiras.

“Se ela mudou a letra, a responsabilidade é dela como artista. Mas imaginar que ela é racista é um grande engano”, completou. A cantora Claudia Leitte ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas.

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