Nascido no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1938, José Eugênio Soares, o Jô Soares, que morreu em São Paulo na madrugada desta sexta-feira (5), é dono de uma carreira inigualável.
Filho do empresário paraibano Orlando Soares e da dona de casa Mercedes Leal, ele queria ser diplomata, mas se tornou um artista com múltiplas faces. Foi apresentador, humorista, jornalista, diretor teatral, ator e músico.
Em 1958, Jô trabalhou na TV Rio atuando em shows de comédia e escrevendo roteiros. Em 1959 estreou no filme “O Homem do Sputnik”, dirigido por Carlos Manga, no gênero comédia.
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Tornou-se roteirista do programa “Câmera Um”, da TV Tupi. Nesse mesmo ano estreou no teatro, como o bispo, na peça “O Auto da Compadecida”. Passou a escrever para os programas humorísticos da TV Continental e atuava no Grande Teatro da TV Tupi.
Durante a década de 60, fez parte da equipe da TV Record, onde atuou nos programas humorísticos, “A Família Trapo” (1962), “Jô Show” (1965), “Praça da Alegria” (1967), “Quadra de Azes” (1969), entre outros.
Ingressou na Rede Globo em 1970, onde participou de diversos programas, entre eles, “Faça Humor Não Faça Guerra” (1970), “Satiricon” (1973), “O Planeta dos Homens” (1976) e “Viva o Gordo” (1981).
Interpretou personagens marcantes, entre eles: “Francineide”, o mordomo “Gordon”, “Irmão Carmelo”, “Norminha” e “Capitão Gay” e criou bordões que fizeram sucesso, entre eles: ”tem pai que é cego”, “cala a boca, Batista”, “a ignorância da juventude é um espanto”, “vai pra casa, Padilha”, entre outros.
Em 1981, estreou “Viva o Gordo”, seu próprio programa. Seis anos depois, deixou a Globo para apresentar seu próprio programa, inspirado nos talk-shows americanos, no SBT, o “Jô Soares Onze e Meia”.
“Tudo o que fiz e tudo o que faço sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre”, disse Jô Soares em depoimento concedido ao “Memória Globo” em novembro de 2002.
Em 1990, o artista fez uma pausa em sua carreira de humorista e passou a se dedicar ao teatro, à música e à literatura. Nessa época escreveu o livro “O Xangô de Baker Street” (1995) e “O Homem que Matou Getúlio Vargas” (1998).
De volta à Globo em 2000, comandou por 16 anos o “Programa do Jô”, onde recebeu os maiores artistas do país. O programa contava com a participação do “Sexteto”, grupo formado pelos músicos Derico (sax), Bira (baixo), Miltinho (bateria), Tomatti (guitarra), Chico Oliveira (trompete) e o maestro Osmar (teclados), além do garçom Alex. Somando os programas no SBT e Globo, Jô fez ao todo 14.238 entrevistas.
No cinema, Jô Soares chegou a dirigir um filme, “O Pai do Povo”, em 1976, e atuou em clássicos como “Hitler III Mundo” (1968), de “José Agrippino de Paula”, e “A Mulher de Todos” (1969), de Rogério Sganzerla.
Católico, foi casado com a atriz Teresa Austregésilo entre 1959 e 1979. Em 1964 nasceu seu único filho, Rafael Soares, que era autista e faleceu em 31 de outubro de 2014. Entre 1980 e 1983 Jô viveu com a atriz Silvia Bandeira, doze anos mais nova que ele. Entre 1987 e 19998 vivei com a designer gráfica Flávia Junqueira.
Além do português, Jô Soares falava outros cinco idiomas, com diferentes níveis de fluência: inglês, francês, italiano, espanhol e alemão. No dia 4 de agosto de 2016, foi eleito para a Academia Paulista de Letras para a cadeira n.º 33.