A colonoscopia é um exame que deve ser realizado rotineiramente para o diagnóstico precoce e prevenção do câncer colorretal. Nos casos em que há risco habitual para a doença, ou seja, quando não há informação de casos na família, a indicação é que o primeiro exame seja realizado aos 45 anos de idade. A partir deste, se não houver nenhuma anormalidade, o exame poderá ser repetido em até 5 anos, ou conforme a orientação do médico.
No caso de câncer colorretal em parente de até segundo grau, o primeiro exame deve ser feito aos 45 anos, ou 10 anos antes da idade que o parente tinha quando recebeu o diagnóstico da doença. A partir daí, sem anormalidades no exame, repetir a cada 5 anos.
Se houver alguma anormalidade no exame, em geral um adenoma, que é uma pequena lesão na superfície do cólon ou do reto, que pode evoluir para um câncer, o exame deve ser repetido com mais frequência. O médico que acompanha o paciente determinará esta frequência com base no histórico familiar e em outras informações do paciente.
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Há, ainda, algumas situações mais específicas que requerem atenção especial. É o caso de tipos de câncer mais raros, com aspecto de hereditariedade mais grave, como a Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) ou síndrome de Lynch. Neste caso, as chances de desenvolver a doença são muito elevadas e até mesmo um teste genético poderá ser recomendado. Para estes pacientes, a colonoscopia será indicada ainda na adolescência ou até mesmo antes, conforme cada caso.
“O mais importante é que as pessoas conheçam a importância de realizar a colonoscopia e não deixem de realizar assim que tiverem a indicação médica. O câncer colorretal, quando diagnosticado precocemente, é muito mais simples de tratar e as chances de cura são muito maiores. Quanto mais tardiamente acontecer o diagnóstico, mais difícil será o tratamento”, explica o doutor Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião geral e oncológico, coordenador do Centro de Doenças Peritoneais da Beneficência Portuguesa de São Paulo – BP.
A importância do preparo
A colonoscopia é fundamental, mas existe um risco inerente ao procedimento. Por isso, não se deve fazer mais exames do que o necessário e sempre seguir corretamente as instruções do preparo antes da realização do exame. Estas medidas são importantes para reduzir os riscos e oferecer mais segurança ao exame.
“Os eventos adversos são bastante raros. Nos melhores serviços, acontecem em cerca de um a cada 4.500 exames. Ainda assim, o número é alto se compararmos a exames como toque retal, para a prevenção do câncer de próstata, ou a mamografia, para o câncer de mama, praticamente isentos de risco”, explica o médico.
Os mais comuns são a perfuração durante o exame e o sangramento que não se resolve após o procedimento. No caso de perfuração, se o intestino estiver absolutamente limpo, dificilmente haverá uma contaminação fecal significativa. Por este motivo, a realização do preparo antes do exame é tão importante.
O tratamento, neste caso, é cirúrgico e deve ser realizado imediatamente, por meio de videocirurgia, a fim de reparar as lesões ocorridas. No caso do sangramento, ainda menos frequente, em geral é autolimitado e cede espontaneamente em pouco tempo. Caso contrário, também será indicado o tratamento cirúrgico.
Sintomas e diagnóstico
“As pessoas já estão acostumadas a realizar consultas e exames com foco na prevenção do câncer de próstata, câncer de mama e outras doenças graves, mas pouco se fala sobre o câncer colorretal”, alerta o doutor Arnaldo Urbano, destacando que este é o terceiro câncer mais incidente, tanto em homens como em mulheres, atrás apenas do câncer de pele não melanoma e do câncer de próstata, nos homens, e de mama, nas mulheres.
A maneira mais fácil de diagnosticar o câncer colorretal é a colonoscopia. Isso porque o exame é capaz de detectar a doença antes mesmo de seu início. O exame pode detectar um pólipo, que somente depois de alguns anos, se não removido, poderá se transformar em câncer. Pode, também, detectar a doença em estágio inicial, quando ainda não oferece nenhum sintoma.
Mesmo em estágio mais avançado, os sintomas podem ser bastante inespecíficos, dificultando o diagnóstico. Mudança do hábito intestinal, que passa a apresentar constipação ou diarreia, presença de sangue nas fezes, fezes mais escurecidas ou a sensação de querer evacuar, mas não conseguir são alguns deles.
Outro sintoma que deve servir de alerta é a presença de massa abdominal palpável, dores abdominais constantes, anemia sem diagnóstico ou perda de peso não intencional, principalmente em pacientes acima de 45 anos.
Todos estes sintomas podem estar relacionados a diversas outras causas, mas seja qual for, devem ser investigados. Quando antes o diagnóstico for realizado, maiores as chances de cura.
O câncer colorretal
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são cerca de 40 mil novos casos ao ano de câncer colorretal no Brasil, na grande maioria dos casos tratáveis e curáveis, quando detectados precocemente.
O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso, o cólon e o reto.
Além de realizar a colonoscopia, alguns hábitos de vida são importantes para a prevenção não apenas do câncer colorretal, mas de vários outros tipos de câncer e problemas sérios de saúde. A prática de atividade física regular é um deles.
“O paciente ativo fisicamente apresenta trânsito intestinal melhor, evacua melhor e reduz o tempo em que as fezes e produtos que ficam nas fezes e que são potenciais cancerígenos permanecerão em contato com a mucosa colorretal. Este contato prolongado favorece o surgimento de adenomas, que são os precursores do câncer”, explica o profissional.
O ideal é que sejam praticados pelo menos 150 minutos de atividades moderadas a intensas por semana. Além disso, é importante manter uma dieta rica em fibras e grãos, balanceada, com o consumo de laticínios e não exceder 500g de carne vermelha cozida por semana.
Também devem ser evitados os alimentos ultraprocessados, embutidos e enlatados, o consumo excessivo de bebida alcoólica, tabagismo e sobrepeso.