Especialista responde principais dúvidas sobre um possível fim da pandemia

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Com quase dois anos de duração, a pandemia de Covid-19 pode, finalmente, estar perto de chegar ao fim. Dados atualizados informam que o Brasil teve, na última semana, a menor média móvel de mortes diárias desde abril de 2020, registrando 186 óbitos e 15,8 mil casos da doença no último dia 3 de novembro. No […]

POR Redação SRzd10/11/2021|7 min de leitura

Especialista responde principais dúvidas sobre um possível fim da pandemia

Máscara. Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

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Com quase dois anos de duração, a pandemia de Covid-19 pode, finalmente, estar perto de chegar ao fim. Dados atualizados informam que o Brasil teve, na última semana, a menor média móvel de mortes diárias desde abril de 2020, registrando 186 óbitos e 15,8 mil casos da doença no último dia 3 de novembro. No total, foram mais de 609 mil vidas perdidas e quase 22 milhões de pessoas infectadas pela doença.

O médico geneticista David Schlesinger, CEO do laboratório Mendelics, que atuou ativamente no sequenciamento do vírus Sars-Cov-2, acredita estarmos perto de um “Adeus pandemia, bem-vindo a endemia”. Mas será o momento de relaxar quanto às medidas de prevenção? Segundo David, o ideal é que 75% da população esteja totalmente vacinada. Abaixo, o especialista responde as principais dúvidas sobre o assunto, confira:

O que, exatamente, define um início de pandemia?

Uma pandemia é caracterizada por surtos de uma doença infecciosa em vários países do mundo ao mesmo tempo, o que indica que a doença está sendo transmitida entre populações. Por isso, pandemias costumam ser difíceis de controlar. No caso do novo Coronavírus, a pandemia de COVID-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020. Naquela data, já haviam sido reportados 118 mil casos em 114 países. Desde então, esse número subiu para mais de 246 milhões de casos em mais de 200 países.

Quais parâmetros podem nos dizer que a pandemia acabou? Tem alguma definição da OMS?

Segundo a OMS, após a fase pandêmica, quando há transmissão do vírus durante longos períodos de tempo e em diferentes regiões, passaremos para uma fase de queda de transmissão e transmissão sazonal . Ou seja, com a queda do número de casos e a baixa transmissão, o vírus passa a ser transmitido em alta escala somente em algumas épocas do ano, geralmente durante o inverno. Esse comportamento é muito comum para doenças infecciosas como a gripe (influenza). Por exemplo: costumamos ver um aumento de casos durante o inverno, quando as pessoas tendem a ficar em locais fechados e com pouca ventilação. A tendência é que a COVID-19 se torne uma infecção sazonal, endêmica, com o aumento do número de casos durante o inverno, mas com picos bem abaixo do que vimos nesses dois anos iniciais.

O que é uma endemia?

Doenças são consideradas endêmicas quando ocorrem em regiões e/ou populações específicas. Mesmo durante a época de aumento de casos da doença, o número não é tão alarmante quanto o observado durante a fase pandêmica. A população passa a conviver constantemente com a doença, e as campanhas para redução de transmissão e número casos podem ser mais planejadas. É o caso da gripe, no inverno, e da dengue, no verão brasileiro. Vamos conviver com a Covid-19 por muito tempo ainda, e vamos precisar nos vacinar com uma certa frequência, mas tudo indica que ela não será uma ameaça tão grande nos próximos anos.

Existe alguma estimativa de prazo para isso acontecer no Brasil?

É difícil fazer essa predição. A contenção da pandemia depende de vários fatores:

Vacinação: uma alta cobertura vacinal reduz o número de mortes e contém a transmissão.

Distanciamento social: enquanto ainda estivermos convivendo com altas taxas de transmissão, é preciso manter o distanciamento e evitar aglomerações, locais lotados e com má ventilação.

Uso de máscaras: a máscara é uma barreira física de proteção contra o vírus. Enquanto a pandemia estiver em curso, é importante utilizar máscaras para conter a transmissão. Inclusive, o uso de máscaras é recomendado em qualquer local onde você esteja exposto a agentes infecciosos, como no transporte público e hospitais, por exemplo, mesmo em um contexto pós pandemia.

Todas essas medidas reduzem a transmissão e o número de pessoas infectadas, o que é muito importante para a prevenção do aparecimento de novas variantes que possam escapar à imunidade vacinal e gerar novos surtos. O número de novos casos diários está caindo no Brasil desde o fim de junho deste ano. Porém, ainda estamos registrando mais de 10 mil novos casos e cerca de 400 mortes por dia no país. Precisamos continuar vigilantes, mas temos esperança de que estejamos entrando em uma fase pós pandêmica, com surtos sazonais.

Após esse término, as pessoas poderão levar a vida como antes ou ainda precisaremos manter alguns dos cuidados adquiridos nesses últimos anos por conta da Covid-19?

Assim como fazemos com outras doenças infecciosas, como a gripe, por exemplo, é provável que precisemos manter a vacinação contra a Covid-19 com campanhas anuais. Além disso, evitar locais com má ventilação diminui a transmissão não só do coronavírus, mas também de outras doenças infecciosas, como a gripe (influenza), tuberculose e caxumba, por exemplo. A testagem também continua sendo importante pós pandemia para que tenhamos um controle dos vírus que estão circulando na nossa população. Essa informação ajuda a identificar surtos mais precocemente e a criar campanhas de vacinação mais direcionadas.

Esse retorno à vida “normal” já tem acontecido com a diminuição de casos de Covid e aumento da vacinação. Porém, qual a recomendação médica para retornar à rotina? Existe alguma escala para ir seguindo aos poucos essa volta?

As recomendações para retornar à rotina e às atividades presenciais incluem uso de máscaras, distanciamento social, evitar locais lotados e com má ventilação. De forma geral, quanto maiores as taxas de pessoas vacinadas, menores as chances de novos surtos do Coronavírus. No Brasil, já temos mais de 55% da população do país completamente vacinada e 75% com pelo menos uma dose. O ideal é vacinar completamente pelo menos 70% da população para que tenhamos uma imunidade coletiva e podermos retornar às atividades rotineiras de forma mais segura. Alguns órgãos, como a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), já estimam que a imunidade coletiva talvez só aconteça quando tivermos mais de 90% da população completamente imunizada.

Mesmo com o fim da pandemia, o vírus ainda circula. Existe algum ponto de controle total? Só a vacina ajuda a eliminar o risco? Quais critérios para saber quando devemos ficar atentos novamente e retomar o isolamento?

A vacinação, aliada às medidas de proteção (uso de máscara, distanciamento social), é a melhor arma que temos para controlar e erradicar doenças infecciosas. No entanto, isso pode levar muitos anos para acontecer, principalmente quando envolve vírus como o SARS-CoV-2, que são muito transmissíveis e sofrem mutações com muita rapidez. O número de casos é o primeiro sinal de um novo surto. Por isso, precisamos continuar testando a população. É importante saber quais vírus estão sendo transmitidos na população e em quais taxas para criarmos uma vigilância epidemiológica.

Qual a sua opinião sobre o retorno de algumas atividades como volta às aulas, carnaval, eventos festivos, etc?

Aos poucos, o esperado é que as atividades cotidianas voltem a acontecer, mas isso deve ser feito de uma maneira responsável, com planejamento. É importante manter as medidas de segurança enquanto o vírus continua circulando, além de fazer o controle de casos através de testagem da população.

A testagem ainda será necessária?

Sim. A testagem é importante para acompanharmos quais doenças infecciosas estão sendo transmitidas na nossa população e em quais taxas. Com essa informação conseguimos detectar pessoas infectadas, guiar as campanhas de vacinação e conter novos surtos o mais cedo possível. O monitoramento constante de dados do vírus e suas variantes na população é chamado de vigilância epidemiológica, e é fundamental para decisões efetivas de saúde pública. No Brasil temos o Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde que já acompanha os casos de doenças infecciosas como a gripe (influenza), o sarampo e a dengue, por exemplo. No entanto, para que os casos sejam contabilizados, precisamos testar sempre que alguém apresenta sintomas.

A vacinação deve ocorrer anualmente?

Imagino que sim. Assim como fazemos com a gripe, provavelmente teremos que nos vacinar contra a Covid-19 anualmente, para atualizar as variantes cobertas pela vacina.

Com quase dois anos de duração, a pandemia de Covid-19 pode, finalmente, estar perto de chegar ao fim. Dados atualizados informam que o Brasil teve, na última semana, a menor média móvel de mortes diárias desde abril de 2020, registrando 186 óbitos e 15,8 mil casos da doença no último dia 3 de novembro. No total, foram mais de 609 mil vidas perdidas e quase 22 milhões de pessoas infectadas pela doença.

O médico geneticista David Schlesinger, CEO do laboratório Mendelics, que atuou ativamente no sequenciamento do vírus Sars-Cov-2, acredita estarmos perto de um “Adeus pandemia, bem-vindo a endemia”. Mas será o momento de relaxar quanto às medidas de prevenção? Segundo David, o ideal é que 75% da população esteja totalmente vacinada. Abaixo, o especialista responde as principais dúvidas sobre o assunto, confira:

O que, exatamente, define um início de pandemia?

Uma pandemia é caracterizada por surtos de uma doença infecciosa em vários países do mundo ao mesmo tempo, o que indica que a doença está sendo transmitida entre populações. Por isso, pandemias costumam ser difíceis de controlar. No caso do novo Coronavírus, a pandemia de COVID-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020. Naquela data, já haviam sido reportados 118 mil casos em 114 países. Desde então, esse número subiu para mais de 246 milhões de casos em mais de 200 países.

Quais parâmetros podem nos dizer que a pandemia acabou? Tem alguma definição da OMS?

Segundo a OMS, após a fase pandêmica, quando há transmissão do vírus durante longos períodos de tempo e em diferentes regiões, passaremos para uma fase de queda de transmissão e transmissão sazonal . Ou seja, com a queda do número de casos e a baixa transmissão, o vírus passa a ser transmitido em alta escala somente em algumas épocas do ano, geralmente durante o inverno. Esse comportamento é muito comum para doenças infecciosas como a gripe (influenza). Por exemplo: costumamos ver um aumento de casos durante o inverno, quando as pessoas tendem a ficar em locais fechados e com pouca ventilação. A tendência é que a COVID-19 se torne uma infecção sazonal, endêmica, com o aumento do número de casos durante o inverno, mas com picos bem abaixo do que vimos nesses dois anos iniciais.

O que é uma endemia?

Doenças são consideradas endêmicas quando ocorrem em regiões e/ou populações específicas. Mesmo durante a época de aumento de casos da doença, o número não é tão alarmante quanto o observado durante a fase pandêmica. A população passa a conviver constantemente com a doença, e as campanhas para redução de transmissão e número casos podem ser mais planejadas. É o caso da gripe, no inverno, e da dengue, no verão brasileiro. Vamos conviver com a Covid-19 por muito tempo ainda, e vamos precisar nos vacinar com uma certa frequência, mas tudo indica que ela não será uma ameaça tão grande nos próximos anos.

Existe alguma estimativa de prazo para isso acontecer no Brasil?

É difícil fazer essa predição. A contenção da pandemia depende de vários fatores:

Vacinação: uma alta cobertura vacinal reduz o número de mortes e contém a transmissão.

Distanciamento social: enquanto ainda estivermos convivendo com altas taxas de transmissão, é preciso manter o distanciamento e evitar aglomerações, locais lotados e com má ventilação.

Uso de máscaras: a máscara é uma barreira física de proteção contra o vírus. Enquanto a pandemia estiver em curso, é importante utilizar máscaras para conter a transmissão. Inclusive, o uso de máscaras é recomendado em qualquer local onde você esteja exposto a agentes infecciosos, como no transporte público e hospitais, por exemplo, mesmo em um contexto pós pandemia.

Todas essas medidas reduzem a transmissão e o número de pessoas infectadas, o que é muito importante para a prevenção do aparecimento de novas variantes que possam escapar à imunidade vacinal e gerar novos surtos. O número de novos casos diários está caindo no Brasil desde o fim de junho deste ano. Porém, ainda estamos registrando mais de 10 mil novos casos e cerca de 400 mortes por dia no país. Precisamos continuar vigilantes, mas temos esperança de que estejamos entrando em uma fase pós pandêmica, com surtos sazonais.

Após esse término, as pessoas poderão levar a vida como antes ou ainda precisaremos manter alguns dos cuidados adquiridos nesses últimos anos por conta da Covid-19?

Assim como fazemos com outras doenças infecciosas, como a gripe, por exemplo, é provável que precisemos manter a vacinação contra a Covid-19 com campanhas anuais. Além disso, evitar locais com má ventilação diminui a transmissão não só do coronavírus, mas também de outras doenças infecciosas, como a gripe (influenza), tuberculose e caxumba, por exemplo. A testagem também continua sendo importante pós pandemia para que tenhamos um controle dos vírus que estão circulando na nossa população. Essa informação ajuda a identificar surtos mais precocemente e a criar campanhas de vacinação mais direcionadas.

Esse retorno à vida “normal” já tem acontecido com a diminuição de casos de Covid e aumento da vacinação. Porém, qual a recomendação médica para retornar à rotina? Existe alguma escala para ir seguindo aos poucos essa volta?

As recomendações para retornar à rotina e às atividades presenciais incluem uso de máscaras, distanciamento social, evitar locais lotados e com má ventilação. De forma geral, quanto maiores as taxas de pessoas vacinadas, menores as chances de novos surtos do Coronavírus. No Brasil, já temos mais de 55% da população do país completamente vacinada e 75% com pelo menos uma dose. O ideal é vacinar completamente pelo menos 70% da população para que tenhamos uma imunidade coletiva e podermos retornar às atividades rotineiras de forma mais segura. Alguns órgãos, como a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), já estimam que a imunidade coletiva talvez só aconteça quando tivermos mais de 90% da população completamente imunizada.

Mesmo com o fim da pandemia, o vírus ainda circula. Existe algum ponto de controle total? Só a vacina ajuda a eliminar o risco? Quais critérios para saber quando devemos ficar atentos novamente e retomar o isolamento?

A vacinação, aliada às medidas de proteção (uso de máscara, distanciamento social), é a melhor arma que temos para controlar e erradicar doenças infecciosas. No entanto, isso pode levar muitos anos para acontecer, principalmente quando envolve vírus como o SARS-CoV-2, que são muito transmissíveis e sofrem mutações com muita rapidez. O número de casos é o primeiro sinal de um novo surto. Por isso, precisamos continuar testando a população. É importante saber quais vírus estão sendo transmitidos na população e em quais taxas para criarmos uma vigilância epidemiológica.

Qual a sua opinião sobre o retorno de algumas atividades como volta às aulas, carnaval, eventos festivos, etc?

Aos poucos, o esperado é que as atividades cotidianas voltem a acontecer, mas isso deve ser feito de uma maneira responsável, com planejamento. É importante manter as medidas de segurança enquanto o vírus continua circulando, além de fazer o controle de casos através de testagem da população.

A testagem ainda será necessária?

Sim. A testagem é importante para acompanharmos quais doenças infecciosas estão sendo transmitidas na nossa população e em quais taxas. Com essa informação conseguimos detectar pessoas infectadas, guiar as campanhas de vacinação e conter novos surtos o mais cedo possível. O monitoramento constante de dados do vírus e suas variantes na população é chamado de vigilância epidemiológica, e é fundamental para decisões efetivas de saúde pública. No Brasil temos o Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde que já acompanha os casos de doenças infecciosas como a gripe (influenza), o sarampo e a dengue, por exemplo. No entanto, para que os casos sejam contabilizados, precisamos testar sempre que alguém apresenta sintomas.

A vacinação deve ocorrer anualmente?

Imagino que sim. Assim como fazemos com a gripe, provavelmente teremos que nos vacinar contra a Covid-19 anualmente, para atualizar as variantes cobertas pela vacina.

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