A polêmica em torno da divisão da herança do ex-jogador e treinador Mário Jorge Lobo Zagallo, que morreu no dia 5 de janeiro, aos 92 anos, destaca as complexidades familiares e as tensões que podem surgir após o falecimento de uma figura pública.

Segundo o site “Notícias da TV”, que teve acesso à escritura de testamento público, assinada em novembro de 2016, o ídolo do futebol brasileiro explicitou seu descontentamento com três dos quatro filhos, os quais ele acusa de tentativa de extorsão e de anulação do inventário de Alcina de Castro Zagallo, sua mulher, que morreu em 2012. Alcina tinha 80 anos e foi vítima de insuficiência respiratória.

O pedido de abertura e cumprimento do testamento foi feito no dia 9 de janeiro, quatro dias após a morte do ex-jogador.

No documento, Zagallo nomeia o caçula Mario César para ficar com 50% de seus bens. Ele se diz “profundamente triste e magoado” com os outros três filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo e Paulo Jorge de Castro Zagallo.

A segunda metade dos bens foi partilhada entre os quatro filhos, totalizando 12,5% da herança para cada um. Assim, Mario Cesar ficará com 62,5% dos bens do tetracampeão e seus irmãos com 12,5% cada.

Além de nomear o caçula para ficar com a maior parte de seus bens, Zagallo se diz “profundamente triste e magoado” com os outros três filhos.

Ao jornalista Leo Dias, os advogados dos três filhos excluídos da herança, Analisa Teixeira e Daniel Blanck, afirmaram que estão tomando medidas cabíveis. Segundo o site, o patrimônio de Zagallo é avaliado em 15 milhões de reais.

Trajetória de Zagallo

Zagallo era alagoano, de Atalaia, e foi para o Rio de Janeiro aos 8 meses de vida. Aos 18 anos, foi convocado para servir o Exército e deu início à sua relação com as Copas do Mundo fazendo segurança das arquibancadas do estádio do Maracanã na derrota histórica do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950. Testemunha do Maracanazzo.

Tornou-se profissional como ponta-esquerda e foi tricampeão carioca pelo Flamengo. Em 1958, conquistou a primeira Copa do Mundo da história do país contra a Suécia. Jogador do Botafogo, foi bicampeão mundial com a seleção em 1962. Dois anos depois, iniciou a carreira de treinador, no mesmo clube.

Meses antes da Copa de 70, em plena Ditadura Militar, assumiu a seleção no lugar de João Saldanha. O tetra veio em 1994. Como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira, Zagallo participou da campanha na Copa dos Estados Unidos. Chegou à final da Copa de 1998 na derrota para a França.

Zagallo ainda foi treinador do Flamengo, Vasco, Fluminense, Bangu, Portuguesa, Kwait, Emirados Árabes e Arábia Saudita.