ARTIGO: Gomas de sujar

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Você já reparou como as pessoas jogam chiclete no chão?

POR Redação SRzd22/07/2006|4 min de leitura

ARTIGO: Gomas de sujar
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Silenciosa e cumulativamente se avoluma uma poluição típica dos espaços urbanos. Ela macula mais os locais abertos, mas não livra os ambientes fechados. Suja tanto os mármores dos locais mais nobres, quanto as pistas em que se exercitam as pessoas preocupadas com a manutenção da saúde.

Feito, originalmente, a partir do látex extraído de uma árvore originária das Américas Central e Latina chamada chicle, a Sapota zapotilla , o chiclete é o responsável por essa poluição. Há goma de mascar por tudo quanto é canto.

Basta dar uma olhadela no chão acimentado dos pátios das escolas, nos vãos granitados e até mesmo nos tapetes das baias dos balcões de chek-in dos aeroportos, que lá estão coladas as sobras dos chicletes. Não é difícil percebê-las: elas são arredondadas e escurecidas pela sujeira que se acumula com o passar do tempo e dos sapatos.

Fruto do mero prazer de mascar o chiclete – visto que essas gomas não alimentam, embora estejam disponíveis em diversos sabores, formas e cores, e em locais de fácil acesso aos olhos dos fregueses nos estabelecimentos comerciais -, as gomas seguem sujando tudo. Há locais em que os empregados da limpeza podem ser vistos raspando, com espátulas, a sujeira deixada pelos mascadores de chicletes.

Não há organizações que lutem contra essa poluição específica e que reúnam estatísticas sobre essa praga. Mas como a maioria dos usuários, discreta e mal-educadamente, dispensa as lixeiras para se livrar das sobras dos chicletes compulsivamente mastigados, dá para prever que chegue a milhões de toneladas a quantidade mascada dessa borracha com diferentes sabores.

Ainda que seja considerado, popularmente, um hábito prosaico ou mesmo inocente, os gastroenterologistas advertem que o ato de mascar as gomas provoca o chamado movimento peristáltico no estômago, que se prepara, assim, para receber o alimento e digeri-lo.

Por outro lado, um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Nothumbria, na Grã-Bretanha, reuniu evidências sugerindo que mascar chicletes pode ser bom para a memória e a inteligência. De acordo com os cientistas, a repetição dos movimentos feitos para mastigar a goma causaria um aumento na freqüência cardíaca, responsável pela oxigenação do cérebro, conferindo-lhe mais eficiência de cognição.

E esse é um hábito de crianças, adolescentes e adultos que, ao cuspirem no chão a tal borrachinha, colaboram com esse tipo quase negligenciado de poluição.

É tão grande a quantidade de chicletes grudados nas calçadas das cidades irlandesas, que as autoridades daquele país estão discutindo a criação de um novo imposto sobre o produto. A idéia é acrescentar uma taxa entre 5 e 10 centavos de euro ao preço da goma. A limpeza urbana de lá é obrigada a usar máquinas especiais para remover as manchas viscosas espalhadas por toda parte.

E o hábito de mascar não é coisa de hoje não: citado pelo Guia dos Curiosos, o pesquisador sueco Bangt Nordqvist publicou um artigo científico relatando ter encontrado no sul de seu país, perto de ossadas da época da Idade da Pedra, três pedaços de resina de bétula mascados por dentes humanos. Nordqvist afirma que o produto continha resíduos de zilitol, um desinfetante que ajudava os homens primitivos a manter a arcada dentária limpa e protegida.

Desculpa a redundância, mas não custa nada jogar o lixo no lixo, porque sujar o meio-ambiente é coisa que não cola mais.

Edmilson Silva é jornalista

Silenciosa e cumulativamente se avoluma uma poluição típica dos espaços urbanos. Ela macula mais os locais abertos, mas não livra os ambientes fechados. Suja tanto os mármores dos locais mais nobres, quanto as pistas em que se exercitam as pessoas preocupadas com a manutenção da saúde.

Feito, originalmente, a partir do látex extraído de uma árvore originária das Américas Central e Latina chamada chicle, a Sapota zapotilla , o chiclete é o responsável por essa poluição. Há goma de mascar por tudo quanto é canto.

Basta dar uma olhadela no chão acimentado dos pátios das escolas, nos vãos granitados e até mesmo nos tapetes das baias dos balcões de chek-in dos aeroportos, que lá estão coladas as sobras dos chicletes. Não é difícil percebê-las: elas são arredondadas e escurecidas pela sujeira que se acumula com o passar do tempo e dos sapatos.

Fruto do mero prazer de mascar o chiclete – visto que essas gomas não alimentam, embora estejam disponíveis em diversos sabores, formas e cores, e em locais de fácil acesso aos olhos dos fregueses nos estabelecimentos comerciais -, as gomas seguem sujando tudo. Há locais em que os empregados da limpeza podem ser vistos raspando, com espátulas, a sujeira deixada pelos mascadores de chicletes.

Não há organizações que lutem contra essa poluição específica e que reúnam estatísticas sobre essa praga. Mas como a maioria dos usuários, discreta e mal-educadamente, dispensa as lixeiras para se livrar das sobras dos chicletes compulsivamente mastigados, dá para prever que chegue a milhões de toneladas a quantidade mascada dessa borracha com diferentes sabores.

Ainda que seja considerado, popularmente, um hábito prosaico ou mesmo inocente, os gastroenterologistas advertem que o ato de mascar as gomas provoca o chamado movimento peristáltico no estômago, que se prepara, assim, para receber o alimento e digeri-lo.

Por outro lado, um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Nothumbria, na Grã-Bretanha, reuniu evidências sugerindo que mascar chicletes pode ser bom para a memória e a inteligência. De acordo com os cientistas, a repetição dos movimentos feitos para mastigar a goma causaria um aumento na freqüência cardíaca, responsável pela oxigenação do cérebro, conferindo-lhe mais eficiência de cognição.

E esse é um hábito de crianças, adolescentes e adultos que, ao cuspirem no chão a tal borrachinha, colaboram com esse tipo quase negligenciado de poluição.

É tão grande a quantidade de chicletes grudados nas calçadas das cidades irlandesas, que as autoridades daquele país estão discutindo a criação de um novo imposto sobre o produto. A idéia é acrescentar uma taxa entre 5 e 10 centavos de euro ao preço da goma. A limpeza urbana de lá é obrigada a usar máquinas especiais para remover as manchas viscosas espalhadas por toda parte.

E o hábito de mascar não é coisa de hoje não: citado pelo Guia dos Curiosos, o pesquisador sueco Bangt Nordqvist publicou um artigo científico relatando ter encontrado no sul de seu país, perto de ossadas da época da Idade da Pedra, três pedaços de resina de bétula mascados por dentes humanos. Nordqvist afirma que o produto continha resíduos de zilitol, um desinfetante que ajudava os homens primitivos a manter a arcada dentária limpa e protegida.

Desculpa a redundância, mas não custa nada jogar o lixo no lixo, porque sujar o meio-ambiente é coisa que não cola mais.

Edmilson Silva é jornalista

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