ARTIGO: Morando na casa do jacaré-do-papo-amarelo

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â??Você já levou seu filho para ver o jacaré?â?

POR Redação SRzd30/05/2006|3 min de leitura

ARTIGO: Morando na casa do jacaré-do-papo-amarelo
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‘Você já levou seu filho para ver o jacaré?â?. A pergunta da dona do bar me pegou de surpresa, mal mudara para o Recreio, zona oeste do Rio. Ali pertinho de casa, a caminho da praia, qualquer ponte sobre o Canal das Taxas podia dar vista para jacarés. Demorei um pouco para tomar coragem e levar meu filho para um programa tão selvagem, e medi a distância até o carro em caso de necessidade. Já me imaginava, no futuro, vendo meu filho sair de casa com uma prancha de surf: ‘Divirta-se, filho, cuidado com o jacaréâ?. Periga não ter este futuro…

Passado o momento de estranheza, o que me assustou mesmo foi ver como bichos tão pré-históricos sobrevivem, placidamente, num esgoto parado como o tal Canal das Taxas. Nem tão parado, aliás. Uma cachoeira de esgoto fresquinho jorrava de uma pseudo-estação de tratamento direto para aquele habitat na Avenida Gláucio Gil, uma das principais do Recreio. Tinha bastante espuma para lavar os jacarés, mas aquilo que bóia estava por ali boiando também.

Isso já tem dois anos. De lá para cá recebi constantes notícias de jacarés apanhados pelos bombeiros tentando atravessar a Avenida das Américas, jacarés invadindo quintais (principalmente em enchentes, até em Realengo), jacarés que passam as noites embaixo de caminhões numa fábrica em Jacaré(claro!)paguá. Aprendi que, se for o caso de fugir de um, só em zigue-zague, para desnorteá-lo, porque o bicho corre. E aprendi também que eles (digo, elas) põem ovos em matagais como os dos arredores do Riocentro e Autódromo. Desde então dói ver incêndio nestes matagais (alguns ainda conseguindo ser manguezais) e, mais ainda, ver a plantação de edifícios que foi surgindo entre o Riocentro e a Estrada dos Bandeirantes, a Vila do Pan… Agora surge a notícia de que a Prefeitura, antecipando-se à ganância dos construtores, fez um plano de ocupação com prédios de toda a área entre o Autódromo e a Cidade de Deus. Não se trata aqui de meter o pau no César Maia e nos construtores. Vou mais embaixo: nós, seres humanos, viramos uma praga no planeta. Estamos ocupando todos os espaços e tudo o que está à nossa frente tem que sair. Mas os jacarés não vão ser extintos. Estão sendo confinados aos presídios Chico Mendes e Marapendi (vulgo parques ‘ bom, pelo menos existem) com direito a banho de sol e de esgoto.

‘Você já levou seu filho para ver o jacaré?â?. A pergunta da dona do bar me pegou de surpresa, mal mudara para o Recreio, zona oeste do Rio. Ali pertinho de casa, a caminho da praia, qualquer ponte sobre o Canal das Taxas podia dar vista para jacarés. Demorei um pouco para tomar coragem e levar meu filho para um programa tão selvagem, e medi a distância até o carro em caso de necessidade. Já me imaginava, no futuro, vendo meu filho sair de casa com uma prancha de surf: ‘Divirta-se, filho, cuidado com o jacaréâ?. Periga não ter este futuro…

Passado o momento de estranheza, o que me assustou mesmo foi ver como bichos tão pré-históricos sobrevivem, placidamente, num esgoto parado como o tal Canal das Taxas. Nem tão parado, aliás. Uma cachoeira de esgoto fresquinho jorrava de uma pseudo-estação de tratamento direto para aquele habitat na Avenida Gláucio Gil, uma das principais do Recreio. Tinha bastante espuma para lavar os jacarés, mas aquilo que bóia estava por ali boiando também.

Isso já tem dois anos. De lá para cá recebi constantes notícias de jacarés apanhados pelos bombeiros tentando atravessar a Avenida das Américas, jacarés invadindo quintais (principalmente em enchentes, até em Realengo), jacarés que passam as noites embaixo de caminhões numa fábrica em Jacaré(claro!)paguá. Aprendi que, se for o caso de fugir de um, só em zigue-zague, para desnorteá-lo, porque o bicho corre. E aprendi também que eles (digo, elas) põem ovos em matagais como os dos arredores do Riocentro e Autódromo. Desde então dói ver incêndio nestes matagais (alguns ainda conseguindo ser manguezais) e, mais ainda, ver a plantação de edifícios que foi surgindo entre o Riocentro e a Estrada dos Bandeirantes, a Vila do Pan… Agora surge a notícia de que a Prefeitura, antecipando-se à ganância dos construtores, fez um plano de ocupação com prédios de toda a área entre o Autódromo e a Cidade de Deus. Não se trata aqui de meter o pau no César Maia e nos construtores. Vou mais embaixo: nós, seres humanos, viramos uma praga no planeta. Estamos ocupando todos os espaços e tudo o que está à nossa frente tem que sair. Mas os jacarés não vão ser extintos. Estão sendo confinados aos presídios Chico Mendes e Marapendi (vulgo parques ‘ bom, pelo menos existem) com direito a banho de sol e de esgoto.

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