Pesquisa do Grupo Gay da Bahia revela que assassinatos de homossexuais aumentam no país, e denuncia: menos de 10% dos criminosos vão a julgamento.
POR Redação SRzd14/06/2006|4 min de leitura
Pesquisa do Grupo Gay da Bahia revela que assassinatos de homossexuais aumentam no país, e denuncia: menos de 10% dos criminosos vão a julgamento.
POR Redação SRzd14/06/2006|4 min de leitura
Entre 1980 e 2005 foram assassinados no Brasil 2.511 homossexuais, em sua maioria vítima de crimes homofóbicos. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), realizador da pesquisa, o ódio aos homossexuais se manifesta nos requintes de crueldade com que são praticados esses homicídios: dezenas de tiros ou facadas, uso de múltiplas armas, tortura prévia e declarações do assassino como ‘Matei porque odeio gay!â?.
O relatório ‘Assassinatos de homossexuais no Brasil (2005)â? apresenta o perfil dos gays, travestis e lésbicas vítimas de crimes homofóbicos nos últimos 25 anos. Os estados de São Paulo e Pernambuco são os mais violentos. Entre as vítimas, ricos empresários, cabeleireiros, padres e pais-de-santo, funcionários públicos. Os afro-descendentes são maioria. Menos de 10% dos criminosos são levados a julgamento.
Dentre as vítimas, 72% são gays, 25% travestis e 3% lésbicas. Para uma população estimada em 20 mil indivíduos, os transgêneros (travestis e transexuais) são proporcionalmente mais agredidos que lésbicas e gays, que somam mais de 18 milhões de brasileiros, 10% da população.
Segundo o Grupo Gay, no Brasil registra-se, portanto, um crime de ódio anti-homossexual a cada três dias ‘ uma média de cem homicídios anuais. A partir de 2000, esse número vem aumentando: 125 crimes por ano, sendo que, em 2004, atingiu o recorde de 158 homicídios.
Se comparado com outros países do mundo, numa lista de 25 nações sobre as quais há informações disponíveis, incluindo Irã, Arábia Saudita, Somália, Argentina, Peru e Colômbia, além dos principais países europeus, o Brasil ocupa o primeiro lugar, seguido do México, com 35 mortes anuais, e dos Estados Unidos, com 25 homicídios. Este último, além de ter cem milhões de habitantes a mais, dispõe de coleta rigorosa de estatísticas sobre hate crimesâ? (crimes de ódio), enquanto no Brasil tais dados dependem do limitado levantamento em jornais e internet.
Segundo o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB e responsável pela pesquisa, ‘estes números são apenas a ponta de um pavoroso iceberg de ódio e sangue. Não estamos sendo vitimistas, nem exagerando ao indicar que, certamente, todo dia, pelo menos um homossexual é assassinado no Brasil, embora tais informações nem sempre cheguem até os militantes. Prova disto é que, em 2004, foram registrados 158 crimes e, em 2005, este número baixou incrivelmente para 81. Infelizmente não porque estamos conseguindo erradicar o ódio homofóbico ou porque os gays estão se cuidando mais. Tal redução pela metade se deveu à suspensão da pesquisa semanal sobre homicídios na mídia, devido à falta de financiamento para sua manutenção.â?
Para Marcelo Cerqueira, atual Presidente do GGB, ‘o governo, particularmente o Ministério da Justiça e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, devem criar com urgência um departamento específico para a coleta rigorosa de informação sobre crimes de ódio – sobretudo contra minorias sexuais e raciais – pois somente conhecendo em profundidade tais crimes, o perfil das vítimas e de seus algozes, é que conseguiremos conter esta matança. Que país é este que aplaude os travestis no carnaval e no dia seguinte mata um homossexual na esquina?â?
A maioria das vítimas foram assassinadas a tiros. As causas mais comuns são facadas, pedradas, asfixiamento, pauladas e enforcamento. É sobretudo nos fins de semana quando mais homossexuais são assassinados: os travestis, na rua, a tiros; os gays, dentro de seus apartamentos, a facadas. As idades das vítimas variam de 12 a 82 anos; a dos assassinos, de 14 a 50 anos.
A partir de 2000, São Paulo, é o estado que registra o maior número de assassinatos de homossexuais: 21 por ano. Mais preocupante, porém, é Pernambuco, que com um quinto da população, contabilizou no mesmo período 16 crimes homofóbicos. Bahia, Goiás e Rio de Janeiro têm em média um crime homofóbico por mês. Essas estatísticas, contudo, apresentam enorme oscilação.
O Distrito Federal, que, em 2001, registrou 11 homossexuais assassinados, em 2004, teve apenas um, e nenhum em 2005. Não há informação sobre crimes homofóbicos em sete estados, sobretudo no extremo norte, o que reforça o reconhecimento de que o número real destes homicídios deve ser o dobro do apresentado nesta pesquisa.
Leia mais: Agência Adital
Entre 1980 e 2005 foram assassinados no Brasil 2.511 homossexuais, em sua maioria vítima de crimes homofóbicos. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), realizador da pesquisa, o ódio aos homossexuais se manifesta nos requintes de crueldade com que são praticados esses homicídios: dezenas de tiros ou facadas, uso de múltiplas armas, tortura prévia e declarações do assassino como ‘Matei porque odeio gay!â?.
O relatório ‘Assassinatos de homossexuais no Brasil (2005)â? apresenta o perfil dos gays, travestis e lésbicas vítimas de crimes homofóbicos nos últimos 25 anos. Os estados de São Paulo e Pernambuco são os mais violentos. Entre as vítimas, ricos empresários, cabeleireiros, padres e pais-de-santo, funcionários públicos. Os afro-descendentes são maioria. Menos de 10% dos criminosos são levados a julgamento.
Dentre as vítimas, 72% são gays, 25% travestis e 3% lésbicas. Para uma população estimada em 20 mil indivíduos, os transgêneros (travestis e transexuais) são proporcionalmente mais agredidos que lésbicas e gays, que somam mais de 18 milhões de brasileiros, 10% da população.
Segundo o Grupo Gay, no Brasil registra-se, portanto, um crime de ódio anti-homossexual a cada três dias ‘ uma média de cem homicídios anuais. A partir de 2000, esse número vem aumentando: 125 crimes por ano, sendo que, em 2004, atingiu o recorde de 158 homicídios.
Se comparado com outros países do mundo, numa lista de 25 nações sobre as quais há informações disponíveis, incluindo Irã, Arábia Saudita, Somália, Argentina, Peru e Colômbia, além dos principais países europeus, o Brasil ocupa o primeiro lugar, seguido do México, com 35 mortes anuais, e dos Estados Unidos, com 25 homicídios. Este último, além de ter cem milhões de habitantes a mais, dispõe de coleta rigorosa de estatísticas sobre hate crimesâ? (crimes de ódio), enquanto no Brasil tais dados dependem do limitado levantamento em jornais e internet.
Segundo o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB e responsável pela pesquisa, ‘estes números são apenas a ponta de um pavoroso iceberg de ódio e sangue. Não estamos sendo vitimistas, nem exagerando ao indicar que, certamente, todo dia, pelo menos um homossexual é assassinado no Brasil, embora tais informações nem sempre cheguem até os militantes. Prova disto é que, em 2004, foram registrados 158 crimes e, em 2005, este número baixou incrivelmente para 81. Infelizmente não porque estamos conseguindo erradicar o ódio homofóbico ou porque os gays estão se cuidando mais. Tal redução pela metade se deveu à suspensão da pesquisa semanal sobre homicídios na mídia, devido à falta de financiamento para sua manutenção.â?
Para Marcelo Cerqueira, atual Presidente do GGB, ‘o governo, particularmente o Ministério da Justiça e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, devem criar com urgência um departamento específico para a coleta rigorosa de informação sobre crimes de ódio – sobretudo contra minorias sexuais e raciais – pois somente conhecendo em profundidade tais crimes, o perfil das vítimas e de seus algozes, é que conseguiremos conter esta matança. Que país é este que aplaude os travestis no carnaval e no dia seguinte mata um homossexual na esquina?â?
A maioria das vítimas foram assassinadas a tiros. As causas mais comuns são facadas, pedradas, asfixiamento, pauladas e enforcamento. É sobretudo nos fins de semana quando mais homossexuais são assassinados: os travestis, na rua, a tiros; os gays, dentro de seus apartamentos, a facadas. As idades das vítimas variam de 12 a 82 anos; a dos assassinos, de 14 a 50 anos.
A partir de 2000, São Paulo, é o estado que registra o maior número de assassinatos de homossexuais: 21 por ano. Mais preocupante, porém, é Pernambuco, que com um quinto da população, contabilizou no mesmo período 16 crimes homofóbicos. Bahia, Goiás e Rio de Janeiro têm em média um crime homofóbico por mês. Essas estatísticas, contudo, apresentam enorme oscilação.
O Distrito Federal, que, em 2001, registrou 11 homossexuais assassinados, em 2004, teve apenas um, e nenhum em 2005. Não há informação sobre crimes homofóbicos em sete estados, sobretudo no extremo norte, o que reforça o reconhecimento de que o número real destes homicídios deve ser o dobro do apresentado nesta pesquisa.
Leia mais: Agência Adital
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