Debate não conseguiu produzir um fato político relevante, afirma cientista político.
POR Redação SRzd15/08/2006|3 min de leitura
Debate não conseguiu produzir um fato político relevante, afirma cientista político.
POR Redação SRzd15/08/2006|3 min de leitura
Sem a presença de Lula, o debate da TV Bandeirantes não tinha como não ser morno. Todos estavam contra Lula. Neste contexto, seja pelo formato, seja pela falta de disputa e de emoção dos candidatos presentes, o debate encaminhou-se para a dispersão e o desinteresse. O debate não produziu um fato político relevante. Seu fato mais importante foi a ausência de Lula.
Heloísa Helena foi a mais ríspida e veemente, atacando o governo Lula e a ‘sordidez dos banqueirosâ?. Atacou também o PSDB e o governo Fernando Henrique. Neste último aspecto, a intenção da senadora foi clara: estocar Alckmin, com o qual disputa os votos dos setores de extrato salarial e educacional superior.
Alckmin foi o mais assertivo, procurando afirmar pontos programáticos. Mas o tom monocórdio não produziu um destaque que pudesse marcar e permanecer na lembrança dos telespectadores.
Além dos ataques ao governo Lula, os temas que mais pontificaram foram a segurança pública, tamanho do Estado, carga tributaria, o desenvolvimento, a reforma agrária, a saúde e a educação. Das propostas e promessas que foram anunciadas, poucos disseram como irão realizá-las.
Sobre a segurança pública, Alckmin desfilou números e êxitos de seu governo, mas não conseguiu explicar a pergunta que lhe foi feita pelo jornalista Franklin Martins: se o seu governo alcançou tantos êxitos, por que a política de segurança pública faliu no Estado?
A ausência de Lula deve ser analisada a partir de três óticas diversas. A primeira ótica é a ótica do eleitor. Deste ponto de vista, a ausência deve ser criticada, pois ela sonega ao eleitor a oportunidade de cotejar seu processo de decisão de voto com o debate de idéias e propostas dos candidatos.
A segunda ótica é a ótica dos candidatos presentes no debate. Para eles, era fundamental que Lula estivesse presente. O debate ganharia relevância e interesse. Poderiam atacar Lula e constrangê-lo ao vivo, provocando erosão em sua imagem. Sem Lula, perderam ânimo combativo e telespectadores.
A terceira ótica é a ótica do próprio Lula. Deste ponto de vista, foi correta sua decisão de não comparecer ao debate. Nada teria ganho e poderia até ter perdido alguns pontos. José Serra deverá seguir a mesma tática e não comparecerá nos debates entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo.
Candidatos que têm grande vantagem e a perspectiva de vitória no primeiro turno nada têm a ganhar em debates desta natureza. Os formatos dos debates são limitadores, o risco de erros ou de efeitos negativos dos ataques dos adversários é alto e é relativamente baixo o número de telespectadores.
A propaganda gratuita de rádio e TV começará hoje com as pesquisas indicando a tendência de vitória de Lula no primeiro turno. Os especialistas não acreditam que os programas sejam capazes de modificar esta tendência. Se há alguma aposta a ser feita, esta é nas chamadas comerciais dos candidatos. Isto, contudo, não significa que a eleição já está decidida. Em política sempre existe espaço para o imprevisto, que pode mudar o curso dos acontecimentos.
Aldo Fornazieri é cientista político e diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Sem a presença de Lula, o debate da TV Bandeirantes não tinha como não ser morno. Todos estavam contra Lula. Neste contexto, seja pelo formato, seja pela falta de disputa e de emoção dos candidatos presentes, o debate encaminhou-se para a dispersão e o desinteresse. O debate não produziu um fato político relevante. Seu fato mais importante foi a ausência de Lula.
Heloísa Helena foi a mais ríspida e veemente, atacando o governo Lula e a ‘sordidez dos banqueirosâ?. Atacou também o PSDB e o governo Fernando Henrique. Neste último aspecto, a intenção da senadora foi clara: estocar Alckmin, com o qual disputa os votos dos setores de extrato salarial e educacional superior.
Alckmin foi o mais assertivo, procurando afirmar pontos programáticos. Mas o tom monocórdio não produziu um destaque que pudesse marcar e permanecer na lembrança dos telespectadores.
Além dos ataques ao governo Lula, os temas que mais pontificaram foram a segurança pública, tamanho do Estado, carga tributaria, o desenvolvimento, a reforma agrária, a saúde e a educação. Das propostas e promessas que foram anunciadas, poucos disseram como irão realizá-las.
Sobre a segurança pública, Alckmin desfilou números e êxitos de seu governo, mas não conseguiu explicar a pergunta que lhe foi feita pelo jornalista Franklin Martins: se o seu governo alcançou tantos êxitos, por que a política de segurança pública faliu no Estado?
A ausência de Lula deve ser analisada a partir de três óticas diversas. A primeira ótica é a ótica do eleitor. Deste ponto de vista, a ausência deve ser criticada, pois ela sonega ao eleitor a oportunidade de cotejar seu processo de decisão de voto com o debate de idéias e propostas dos candidatos.
A segunda ótica é a ótica dos candidatos presentes no debate. Para eles, era fundamental que Lula estivesse presente. O debate ganharia relevância e interesse. Poderiam atacar Lula e constrangê-lo ao vivo, provocando erosão em sua imagem. Sem Lula, perderam ânimo combativo e telespectadores.
A terceira ótica é a ótica do próprio Lula. Deste ponto de vista, foi correta sua decisão de não comparecer ao debate. Nada teria ganho e poderia até ter perdido alguns pontos. José Serra deverá seguir a mesma tática e não comparecerá nos debates entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo.
Candidatos que têm grande vantagem e a perspectiva de vitória no primeiro turno nada têm a ganhar em debates desta natureza. Os formatos dos debates são limitadores, o risco de erros ou de efeitos negativos dos ataques dos adversários é alto e é relativamente baixo o número de telespectadores.
A propaganda gratuita de rádio e TV começará hoje com as pesquisas indicando a tendência de vitória de Lula no primeiro turno. Os especialistas não acreditam que os programas sejam capazes de modificar esta tendência. Se há alguma aposta a ser feita, esta é nas chamadas comerciais dos candidatos. Isto, contudo, não significa que a eleição já está decidida. Em política sempre existe espaço para o imprevisto, que pode mudar o curso dos acontecimentos.
Aldo Fornazieri é cientista político e diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
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