A fim de evitar que crianças inglesas desenvolvam comportamentos anti-sociais, prejudicando o bem-estar da sociedade, o primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou planos de intervenções estatais em possíveis famílias de “alto-risco”.
A possibilidade de prever a personalidade de alguém, antes mesmo do nascimento, que possa “ameaçar a sociedade” preocupa o governo inglês. “Se nós não estivermos preparados para prevenir e intervir cada vez mais cedo, crianças irão crescer em famílias completamente disfuncionais, e em poucos anos se tornarão uma ameaça à sociedade e a elas mesmas”, declarou Blair em entrevista concedida a BBC News.
O pacote de ações preventivas foi criado por ministros e representantes de associações de caridade e proteção da criança. O anúncio oficial do plano será feito terça-feira, mas a declaração do primeiro-ministro já criou polêmica. As intervenções do governo pretendem atingir famílias que tenham envolvimento com álcool ou drogas, problemas mentais, e também mães adolescentes. “Podem haver sanções àqueles que se recusarem a seguir os conselhos”, anunciou o primeiro-ministro.
Membros do partido conservador, o segundo maior do Reino Unido, se posicionaram contra o pacote de medidas. “A solução não é intervenção estatal. Deve-se sim encorajar a sociedade, os setores voluntários, e grupos comunitários, a ajudar pessoas sem que se intrometam em suas vidas”, observou Oliver Letwin, diretor político do partido.
Os liberais democratas também discordaram do posicionamento de Tony Blair. “Ameaças vazias à mulheres grávidas farão pouco para recuperar a confiança em um governo que falhou ao lidar com a pobreza, com o crime e a exclusão social nos últimos nove anos”, explicou o membro do partido, Norman Lamb.