Nas próximas eleições de 2010 para deputado estadual, federal e senador, os eleitores terão mais subsídios para escolher seus candidatos. Um site que será desenvolvido pela Transparência Brasil deverá publicar informações sobre a atuação dos membros do Legislativo ‘ monitorando, por exemplo, quais as propostas feitas durante a campanha, a posição deles durante as votações no plenário e quais projetos foram apresentados.

“O Legislativo é pouco monitorado pela sociedade. Os cidadãos elegem os representantes uma vez a cada quatro anos e depois perdem o contato com eles. Não acompanham se as bandeiras defendidas por eles enquanto candidatos é levada em consideração após a eleição. E os representantes ficam sem ter que dar satisfação. O vínculo é muito distante”, afirma o consultor da Transparência Brasil para o projeto, Pedro Lehmann Baracui. “Queremos criar uma ferramenta de monitoramento da rotina desses representantes na internet, apontar, por exemplo, se ele votou de forma contrária ao que defendia e divulgar essas informações ao máximo”, completa.

Neste ano, a Transparência Brasil criou o Projeto Excelências, que disponibiliza um cadastro com o histórico e o desempenho legislativo (faltas, votações, uso de verbas de gabinete e emendas ao Orçamento) de todos os candidatos que pretendem se reeleger à Câmara dos Deputados e também de ex-ministros, ex-senadores, ex-governadores e ex-prefeitos de capital que concorrem a deputado federal. O diretor-executivo da organização, Cláudio Weber Abramo, afirma que o novo projeto será uma versão mais completa desse site ‘ que chega a ter até 40 consultas por segundo.

Baracui avalia que o novo projeto terá um diferencial importante em relação ao que existe atualmente. Ele vai abordar não só o aspecto negativo dos representantes, como as denúncias de corrupção, mas também o bom trabalho realizado pelos parlamentares. “O monitoramento não tem só o viés de clarear os aspectos mais sombrios. Aqueles representantes que são bons representantes, que apresentam projetos sobre os temas que se propuseram a defender, também terão suas ações registradas. Mas isso também vai acontecer com aquele representante que é incoerente, que não participa de nenhuma votação ou que participa apenas para bloquear a votação”, diz.

A iniciativa será financiada pelo Fundo das Nações Unidas para a Democracia (Fundef), que tem o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) como um de seus parceiros. O fundo concederá empréstimo para 125 projetos de vários países. Eles foram selecionados por terem foco na promoção da educação para a importância do voto, por promoverem o diálogo democrático e o acesso à informação. Os empréstimos somam US$ 36 milhões.

Cerca de seis meses após a liberação da verba, que deve acontecer até o final deste ano, o site deverá estar em funcionamento, prevê Abramo. “Já será possível disponibilizar dados de alguns Estados, pelo menos. Essas informações têm de estar disponíveis rapidamente, já que haverá renovação nas Assembléias Legislativas agora. É importante que se comece a monitorar desde o começo, para que se possa pressionar mais”, diz. “O comportamento político se modifica de acordo com as cobranças que os políticos recebem. Não é só um projeto que conseguirá promover essa mudança, mas ele é um impulso para que isso aconteça”, completa.

* Para o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.