As Safadezas vêm de Longe.
POR Redação SRzd08/08/2006|7 min de leitura
As Safadezas vêm de Longe.
POR Redação SRzd08/08/2006|7 min de leitura
Na semana passada, lancei a primeira parte desta minissérie em três capítulos e o pessoal se animou a postar, aqui, alguns comentários. Agora, chegou a hora de eleger o maior malandro do bem e o pior malandro do mal da história. Vamos relembrar alguns episódios; não há nada para se vangloriar! É tudo sujeira, desfaçatez, hipocrisia, cinismo social e “ladroagem”. Fica à seu critério discernir entre os malandros do bem e os malandros do mal. Resolvi começar voltando ao tempo do Império para não cairmos no erro de achar que a república instaurou a roubalheira. Ela vem de longe, navegando por éguas desconhecidas. Pois, vamos aos gatos, ou melhor, aos fatos (ou seria aos fados?!)
Afundando a Caravela
Rio de Janeiro, 1831, D.Pedro I acaba de abdicar ao trono no Brasil em prol de seu irmão D. Pedro II. A idéia de Pedro I era montar um exército em Portugal para enfrentar os miguelinos, seguidores do Rei D. Miguel I e colocar sua filha Dona Maria II no poder. O detalhe é que Dona Maria era sobrinha do Rei e prometida a este em casamento. Acabou que a rapariga se refugiou “em França” até que a guerra civil comandada pelo pai contra o tio/ noivo acabasse, o que ocorreria três anos depois. Ah… a guerra acabou com o tio/noivo deposto e Dona Maria II, tendo o tio e ex-Rei como ex-noivo, assumindo o trono aos quinze anos de idade. Casaria um ano depois com o neto da Imperatriz Josefina, primeira mulher de Napoleão Bonaparte. Detalhe: Dona Maria II não era portuguesa, era carioca da gema, nasceu no Palácio de São Cristóvão.
Pois, voltemos ao Rio de Janeiro naquele dia do embarque.
Quando D.Pedro I entrou no navio deu de cara com o ex-ministro da Guerra, de nome Rio Pardo e seguiu-se o seguinte diálogo:
Caro Imperador, só me restou voltar a Portugal, onde tenho direito a uma pequena aposentadoria.
Espero que não irá a Portugal antes de minha filha estar estabelecida no trono.
Mas, senhor, que queres que eu faça? Não tenho fortuna, só tinha meu subsidio e agora tenho de partir, pois estou ameaçado de morte!
Faça o que quiseres, não é da minha conta! Por que não roubaste como Barbacena? Estarias bem agora!
Sabendo que D.Pedro I tramava contra o próprio tio e futuro cunhado, que créditos devemos dar a ele quando acusa o Barbacena? E mais: quem foi Barbacena?
Luis Antonio Furtado de Castro do Rio e Mendonça e Faro foi Governador e Capitão Geral da Capitania das Minas Gerais; não era um político, era um cientista e iluminista. Foi dele o oficio de 1789 que sustou a Derrama, tributo obrigatório lançado pela corte portuguesa, segundo o qual funcionários do governo poderiam confiscar bens, invadir moradias, prender e até matar para cobrir o valor mínimo estipulado pelo quinto. Aha, aha, aha, aha… quem falava a verdade? D.Pedro I ou Barbacena? Quem era o impostor? Quem era o malandro dessa página fanfarrona da nossa história?
————–
Secos e Molhadas
Avançando um pouco no tempo, vamos a última chama do Império: o baile da Ilha Fiscal realizado na noite de 9 de Novembro de 1889. Foram 12 mil garrafas de vinho ( do Porto e do Algarve), 1 mil e 200 garrafas de champagne, além de vermute e 10 mil litros de cerveja para 5 mil convidados. Ou seja: bebeu-se como nunca na história. O cardápio da noite foi assinado pelo Chef francês Laurent Suadau e tinha, entre outras gastanças, 3 mil sopas de 22 mil qualidades, 800 latas de lagosta, 880 quilos de camarão, 3 mil latas de ervilha, 500 tigelas de ostras, 300 presuntos, 800 inhambus, 500 perus, 250 galinhas, 80 marrecos, 12 cabritos, 3 mil e 500 peças de caça míuda e 14 mil sorvetes ‘ uma grande novidade na época.
Na decoração foram utilizados 24 pavões empalhados. Exatamente às 10 horas da noite, o Imperador D.Pedro II, que passaria a festa amuado, adentrou o salão, escorregou e caiu. Quando se recuperou, disse: “o monarca escorregou, mas a monarquia não caiu”
O Colunista Escragnolle Doria do Jornal do Commercio ( edição de 11 de Novembro de 1889) escreveu que a festa deixou os republicanos horrorizados porque várias peças íntimas foram encontradas no dia seguinte na ilha, “a coroa não era tão casta como pressupunham os súditos”. A velha austeridade republicana!
Bom, só houve uma grande gafe na organização da festa, havia apenas um banheiro para 5 mil convidados ‘ nada diferente de algumas micaretas nos dias de hoje. Os homens se aliviaram na beira da Baía de Guanabara. Já as damas enviaram às pressas seus criados ao continente para providenciar baldes para por em baixo dos vestidos. O único convidado negro do baile, Sr. André Rebouças sintetizou: “Foi um bacanal!”
A festa, autorizada pelo Ministro da Fazenda, Sr. Afonso Celso Figueiredo, foi bancada com cem contos de réis que estavam guardados nos cofres do Ministério da Viação e Obras Públicas, destinados a atender aos flagelados da seca no Ceará.
Seis dias depois, ainda de ressaca, a Corte percebeu que o Império fora destituído.
———-
Bom, agora estamos de volta a República e podemos lidar com fatos mais próximos de nossa imaginação, vamos a eles:
Não Me Deixem Só
Primeiro governo eleito pelo voto direto desde 1960, Fernando Collor de Mello lançou no dia seguinte a sua posse, um programa de estatização baseado num gigantesco confisco monetário. O plano não acabou com a inflação e gerou enorme recessão econômica. Ainda assim manteve certa credibilidade até o dia 25 de Abril, quando numa entrevista para a revista Veja, seu irmão Pedro, contou detalhes do esquema PC e implodiu o governo.
Caiu do Céu
Ainda na era Collor, o senhor “imexível” Ministro do Trabalho, Antonio Rogério Magri, foi flagrado numa gravação recebendo 30 mil U$ do Diretor de Arrecadação e Fiscalização do INSS para facilitar a liberação de recursos do Fundo de Garantia de uma empresa do Acre: “o cara veio aqui e me deu 3o mil U$, meu Deus, caiu do céu!”
Quem Quer Água ?
Francisco Aristides Pereira, Prefeito de Lavras da Mangabeira usou verba do governo destinada a construção de açudes no combate à seca: e de fato, construiu trinta e dois açudes, só que todos em terrenos de parentes. Francisco ficou conhecido como “prefeito quem quer água”.
Severiano ao Contrário
Onaireves Rolim de Moura é um ex-Deputado Federal, foi cassado por ter pago 50 mil U$ para alguns deputados mudarem de partido. Votou pelo impeachment de Collor, dizendo: “Pela moralidade, pela família e pelo esporte”. Uma semana antes, havia sido anfitrião de Collor num suntuoso churrasco.
Meu Pai Pai
Um ex-governador do Rio de Janeiro ( que eu não vou dizer o nome para a família dele não encher o meu saco) arranjou junto a Assembléia Legislativa um emprego vitalício para o filho no tribunal de Contas do Estado. Aliás, este Governador é forte candidato a outra eleição que farei aqui em breve, a de pior Governador da história do Rio de Janeiro, olha que a concorrência é duríssima!
Escolham seu candidato e votem. Na próxima semana, o resultado !
Até lá …
Rob Faustino é jornalista, documentarista e Diretor de TV.
Na semana passada, lancei a primeira parte desta minissérie em três capítulos e o pessoal se animou a postar, aqui, alguns comentários. Agora, chegou a hora de eleger o maior malandro do bem e o pior malandro do mal da história. Vamos relembrar alguns episódios; não há nada para se vangloriar! É tudo sujeira, desfaçatez, hipocrisia, cinismo social e “ladroagem”. Fica à seu critério discernir entre os malandros do bem e os malandros do mal. Resolvi começar voltando ao tempo do Império para não cairmos no erro de achar que a república instaurou a roubalheira. Ela vem de longe, navegando por éguas desconhecidas. Pois, vamos aos gatos, ou melhor, aos fatos (ou seria aos fados?!)
Afundando a Caravela
Rio de Janeiro, 1831, D.Pedro I acaba de abdicar ao trono no Brasil em prol de seu irmão D. Pedro II. A idéia de Pedro I era montar um exército em Portugal para enfrentar os miguelinos, seguidores do Rei D. Miguel I e colocar sua filha Dona Maria II no poder. O detalhe é que Dona Maria era sobrinha do Rei e prometida a este em casamento. Acabou que a rapariga se refugiou “em França” até que a guerra civil comandada pelo pai contra o tio/ noivo acabasse, o que ocorreria três anos depois. Ah… a guerra acabou com o tio/noivo deposto e Dona Maria II, tendo o tio e ex-Rei como ex-noivo, assumindo o trono aos quinze anos de idade. Casaria um ano depois com o neto da Imperatriz Josefina, primeira mulher de Napoleão Bonaparte. Detalhe: Dona Maria II não era portuguesa, era carioca da gema, nasceu no Palácio de São Cristóvão.
Pois, voltemos ao Rio de Janeiro naquele dia do embarque.
Quando D.Pedro I entrou no navio deu de cara com o ex-ministro da Guerra, de nome Rio Pardo e seguiu-se o seguinte diálogo:
Caro Imperador, só me restou voltar a Portugal, onde tenho direito a uma pequena aposentadoria.
Espero que não irá a Portugal antes de minha filha estar estabelecida no trono.
Mas, senhor, que queres que eu faça? Não tenho fortuna, só tinha meu subsidio e agora tenho de partir, pois estou ameaçado de morte!
Faça o que quiseres, não é da minha conta! Por que não roubaste como Barbacena? Estarias bem agora!
Sabendo que D.Pedro I tramava contra o próprio tio e futuro cunhado, que créditos devemos dar a ele quando acusa o Barbacena? E mais: quem foi Barbacena?
Luis Antonio Furtado de Castro do Rio e Mendonça e Faro foi Governador e Capitão Geral da Capitania das Minas Gerais; não era um político, era um cientista e iluminista. Foi dele o oficio de 1789 que sustou a Derrama, tributo obrigatório lançado pela corte portuguesa, segundo o qual funcionários do governo poderiam confiscar bens, invadir moradias, prender e até matar para cobrir o valor mínimo estipulado pelo quinto. Aha, aha, aha, aha… quem falava a verdade? D.Pedro I ou Barbacena? Quem era o impostor? Quem era o malandro dessa página fanfarrona da nossa história?
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Secos e Molhadas
Avançando um pouco no tempo, vamos a última chama do Império: o baile da Ilha Fiscal realizado na noite de 9 de Novembro de 1889. Foram 12 mil garrafas de vinho ( do Porto e do Algarve), 1 mil e 200 garrafas de champagne, além de vermute e 10 mil litros de cerveja para 5 mil convidados. Ou seja: bebeu-se como nunca na história. O cardápio da noite foi assinado pelo Chef francês Laurent Suadau e tinha, entre outras gastanças, 3 mil sopas de 22 mil qualidades, 800 latas de lagosta, 880 quilos de camarão, 3 mil latas de ervilha, 500 tigelas de ostras, 300 presuntos, 800 inhambus, 500 perus, 250 galinhas, 80 marrecos, 12 cabritos, 3 mil e 500 peças de caça míuda e 14 mil sorvetes ‘ uma grande novidade na época.
Na decoração foram utilizados 24 pavões empalhados. Exatamente às 10 horas da noite, o Imperador D.Pedro II, que passaria a festa amuado, adentrou o salão, escorregou e caiu. Quando se recuperou, disse: “o monarca escorregou, mas a monarquia não caiu”
O Colunista Escragnolle Doria do Jornal do Commercio ( edição de 11 de Novembro de 1889) escreveu que a festa deixou os republicanos horrorizados porque várias peças íntimas foram encontradas no dia seguinte na ilha, “a coroa não era tão casta como pressupunham os súditos”. A velha austeridade republicana!
Bom, só houve uma grande gafe na organização da festa, havia apenas um banheiro para 5 mil convidados ‘ nada diferente de algumas micaretas nos dias de hoje. Os homens se aliviaram na beira da Baía de Guanabara. Já as damas enviaram às pressas seus criados ao continente para providenciar baldes para por em baixo dos vestidos. O único convidado negro do baile, Sr. André Rebouças sintetizou: “Foi um bacanal!”
A festa, autorizada pelo Ministro da Fazenda, Sr. Afonso Celso Figueiredo, foi bancada com cem contos de réis que estavam guardados nos cofres do Ministério da Viação e Obras Públicas, destinados a atender aos flagelados da seca no Ceará.
Seis dias depois, ainda de ressaca, a Corte percebeu que o Império fora destituído.
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Bom, agora estamos de volta a República e podemos lidar com fatos mais próximos de nossa imaginação, vamos a eles:
Não Me Deixem Só
Primeiro governo eleito pelo voto direto desde 1960, Fernando Collor de Mello lançou no dia seguinte a sua posse, um programa de estatização baseado num gigantesco confisco monetário. O plano não acabou com a inflação e gerou enorme recessão econômica. Ainda assim manteve certa credibilidade até o dia 25 de Abril, quando numa entrevista para a revista Veja, seu irmão Pedro, contou detalhes do esquema PC e implodiu o governo.
Caiu do Céu
Ainda na era Collor, o senhor “imexível” Ministro do Trabalho, Antonio Rogério Magri, foi flagrado numa gravação recebendo 30 mil U$ do Diretor de Arrecadação e Fiscalização do INSS para facilitar a liberação de recursos do Fundo de Garantia de uma empresa do Acre: “o cara veio aqui e me deu 3o mil U$, meu Deus, caiu do céu!”
Quem Quer Água ?
Francisco Aristides Pereira, Prefeito de Lavras da Mangabeira usou verba do governo destinada a construção de açudes no combate à seca: e de fato, construiu trinta e dois açudes, só que todos em terrenos de parentes. Francisco ficou conhecido como “prefeito quem quer água”.
Severiano ao Contrário
Onaireves Rolim de Moura é um ex-Deputado Federal, foi cassado por ter pago 50 mil U$ para alguns deputados mudarem de partido. Votou pelo impeachment de Collor, dizendo: “Pela moralidade, pela família e pelo esporte”. Uma semana antes, havia sido anfitrião de Collor num suntuoso churrasco.
Meu Pai Pai
Um ex-governador do Rio de Janeiro ( que eu não vou dizer o nome para a família dele não encher o meu saco) arranjou junto a Assembléia Legislativa um emprego vitalício para o filho no tribunal de Contas do Estado. Aliás, este Governador é forte candidato a outra eleição que farei aqui em breve, a de pior Governador da história do Rio de Janeiro, olha que a concorrência é duríssima!
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Até lá …
Rob Faustino é jornalista, documentarista e Diretor de TV.
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