SEGURANÇA: Polícia brasileira discrimina a raça, independentemente da origem?

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Uma carta de um professor angolano radicado no Brasil abre o debate: somos preconceituosos também com os negros estrangeiros?

POR Redação SRzd23/07/2006|4 min de leitura

SEGURANÇA: Polícia brasileira discrimina a raça, independentemente da origem?
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Os angolanos descobriram o Brasil. E não só aqui. Depois de 30 anos de independência, eles se abriram para o mundo. Os que nos escolheram encontraram no Rio de Janeiro um lugar perfeito. E estão chegando em quantidade cada vez mais expressiva.

E com eles, alguns problemas. Policiais identificam ligações de alguns com a criminalidade. Principalmente contrabando. O lucro ilegal instiga aqueles que não conseguiram amealhar recursos suficientes para conquistar a independência financeira.

E outro problema mais grave: os conhecimentos militares dos angolanos são disputados por traficantes que querem desvendar os segredos de armamentos de guerra. A maioria dos angolanos não se deixa seduzir por este perigoso caminho e tem ajudado a sociedade a superar seus problemas. A criatividade da cultura angolana é bem-vinda. Agrega valor.

Mas será que o comando de Segurança do Rio de Janeiro, por exemplo, tem tratado os africanos com discriminação porque eles são negros? Há poucos dias, um grupo de angolanos foi abordado por policiais com truculência. Foram acusados inclusive de subtrair dinheiro dos estrangeiros.

Esta semana eu recebi uma carta do respeitado professor Zakeu A. Zengo sobre o assunto. O debate está aberto.

“Caro Sidney Rezende,

Estou ligado ao seu programa desta manhã [dia 13 de julho] e chamou-me atenção a reportagem sobre os angolanos e a Polícia Militar da Ilha do Governador. Situações que envolvem estrangeiros que aqui moram, especialmente os angolanos que volta e meia ocupam páginas policiais, demandam um bom esclarecimento para não fragilizar mais ainda a posição dessa comunidade diante da opinião pública, das autoridades e, principalmente, dos homens das armas na rua.

Quanto ao episódio em pauta, e como bem lembraste, são velhas as notícias que dão conta dos assaltos a turistas e pessoas em serviços que viajam de Angola para o Brasil e vice-versa. Tudo parece ocorrer no Rio de Janeiro porque é justamente aqui que o avião da TAAG (Linhas Aéreas de Angola), a única a operar essa rota, aterrisa. O que ocorre é que, com a constante divulgação de notícias de assaltos que têm como vítimas principalmente as chamadas “Kinguileiras” angolanas (senhoras que aqui compram para revender em Angola, movimentando algo em torno de dez a 20 milhões de dólares por ano em favor do comércio da cidade), a sociedade foi tomando conhecimento do fato e a polícia, sempre atenta e conhecidamente viciada em ações ilegais, passou a tirar vantagem da situação tornando rotineiras ações de extorção contra angolanos que vão e vêm, particularmente nos dias de vôo, mencionados pelo seu repórter (quintas e domingos).

Além das situações que envolvem ações dos marginais, que param ônibus, taxis e viaturas civis para assaltar, passamos a ter então uma nova situação: a ação dos policiais corruptos!

Nos dias de vôo as blitzes são quase infalíveis na entrada e saída do aeroporto, que param qualquer viatura com passageiros tipicamente angolanos, principalmente mulheres e jovens, que são os que mais praticam o mencionado sistema de troca comercial. Tudo deles é revistado em minúcias para encontrar razões de extorção, quando não submetidos gratuitamente a tratamentos de arresto que acabam em apropriação de dinheiro e bens, como o caso em pauta hoje. Consta inclusive que já é costume policiais fixarem cobranças de extorsão em dólar e em produtos contidos nas bagagens!

Creio que a sociedade precisa tomar conhecimento deste novo problema que aflige meus patrícios na cidade maravilhosa, e as autoridades competentes colocar sob advertência as unidades policiais que monitoram essas áreas, até em nome das boas relações histórias entre os dois povos e o respeito ao direito de ir e vir dessas pessoas. É, portanto, uma questão de direitos humanos!

Um grande abraço e bom trabalho.

Zakeu A. Zengo”

Os angolanos descobriram o Brasil. E não só aqui. Depois de 30 anos de independência, eles se abriram para o mundo. Os que nos escolheram encontraram no Rio de Janeiro um lugar perfeito. E estão chegando em quantidade cada vez mais expressiva.

E com eles, alguns problemas. Policiais identificam ligações de alguns com a criminalidade. Principalmente contrabando. O lucro ilegal instiga aqueles que não conseguiram amealhar recursos suficientes para conquistar a independência financeira.

E outro problema mais grave: os conhecimentos militares dos angolanos são disputados por traficantes que querem desvendar os segredos de armamentos de guerra. A maioria dos angolanos não se deixa seduzir por este perigoso caminho e tem ajudado a sociedade a superar seus problemas. A criatividade da cultura angolana é bem-vinda. Agrega valor.

Mas será que o comando de Segurança do Rio de Janeiro, por exemplo, tem tratado os africanos com discriminação porque eles são negros? Há poucos dias, um grupo de angolanos foi abordado por policiais com truculência. Foram acusados inclusive de subtrair dinheiro dos estrangeiros.

Esta semana eu recebi uma carta do respeitado professor Zakeu A. Zengo sobre o assunto. O debate está aberto.

“Caro Sidney Rezende,

Estou ligado ao seu programa desta manhã [dia 13 de julho] e chamou-me atenção a reportagem sobre os angolanos e a Polícia Militar da Ilha do Governador. Situações que envolvem estrangeiros que aqui moram, especialmente os angolanos que volta e meia ocupam páginas policiais, demandam um bom esclarecimento para não fragilizar mais ainda a posição dessa comunidade diante da opinião pública, das autoridades e, principalmente, dos homens das armas na rua.

Quanto ao episódio em pauta, e como bem lembraste, são velhas as notícias que dão conta dos assaltos a turistas e pessoas em serviços que viajam de Angola para o Brasil e vice-versa. Tudo parece ocorrer no Rio de Janeiro porque é justamente aqui que o avião da TAAG (Linhas Aéreas de Angola), a única a operar essa rota, aterrisa. O que ocorre é que, com a constante divulgação de notícias de assaltos que têm como vítimas principalmente as chamadas “Kinguileiras” angolanas (senhoras que aqui compram para revender em Angola, movimentando algo em torno de dez a 20 milhões de dólares por ano em favor do comércio da cidade), a sociedade foi tomando conhecimento do fato e a polícia, sempre atenta e conhecidamente viciada em ações ilegais, passou a tirar vantagem da situação tornando rotineiras ações de extorção contra angolanos que vão e vêm, particularmente nos dias de vôo, mencionados pelo seu repórter (quintas e domingos).

Além das situações que envolvem ações dos marginais, que param ônibus, taxis e viaturas civis para assaltar, passamos a ter então uma nova situação: a ação dos policiais corruptos!

Nos dias de vôo as blitzes são quase infalíveis na entrada e saída do aeroporto, que param qualquer viatura com passageiros tipicamente angolanos, principalmente mulheres e jovens, que são os que mais praticam o mencionado sistema de troca comercial. Tudo deles é revistado em minúcias para encontrar razões de extorção, quando não submetidos gratuitamente a tratamentos de arresto que acabam em apropriação de dinheiro e bens, como o caso em pauta hoje. Consta inclusive que já é costume policiais fixarem cobranças de extorsão em dólar e em produtos contidos nas bagagens!

Creio que a sociedade precisa tomar conhecimento deste novo problema que aflige meus patrícios na cidade maravilhosa, e as autoridades competentes colocar sob advertência as unidades policiais que monitoram essas áreas, até em nome das boas relações histórias entre os dois povos e o respeito ao direito de ir e vir dessas pessoas. É, portanto, uma questão de direitos humanos!

Um grande abraço e bom trabalho.

Zakeu A. Zengo”

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