VIOLÊNCIA: Mídia cobre pouco as causas da insegurança

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Pesquisa em 1.315 textos de 57 jornais do Brasil indica que há mais matérias sobre violência (25%) do que sobre exclusão (2,6%).

POR Redação SRzd04/09/2006|4 min de leitura

VIOLÊNCIA: Mídia cobre pouco as causas da insegurança
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Os meios de comunicação no Brasil dão mais destaque à falta de segurança do que às causas desse problema, indica uma pesquisa que analisou 1.315 textos (entre reportagens, artigos, editoriais e entrevistas) veiculados em 57 jornais de todos os Estados em 2004. O levantamento, feito pela Agência de Notícias do Direito da Infância (Andi), levou em conta apenas os materiais que mencionassem a expressão “direitos humanos” ou palavras similares, como “cidadania” e “direito”.

A análise verificou que a maior parte das matérias (24,9%) tinha alguma relação com segurança, guerra, violência e conflitos armados. Já fome, pobreza, exclusão e desigualdade (2,6%), educação (2,2%) e renda, trabalho e desemprego (1,1%) apareceram com freqüência bem menor. Outros problemas sociais, como acesso a água e saneamento (0,8%) e habitação (0,5%), também receberam menos atenção da mídia.

Os dados foram apresentados a jornalistas, representantes de organizações não-governamentais e de instituições públicas, e acadêmicos ligados à área, que foram convidados a expressar sua opinião. O resultado deu origem a um livro “Mídia e Direitos Humanos”.

“O livro é o primeiro estudo realizado a fundo no Brasil sobre a qualidade da cobertura da mídia em relação aos direitos humanos. A análise é pautada em elementos concretos, é uma radiografia para que se possa debater o assunto e discutir quais aspectos precisam ser melhorados e o que deve ser feito pelos jornalistas e pelos demais envolvidos para aumentar a qualidade desse material”, afirma Veet Vivarta, secretário-executivo da Andi. “Verificamos que ainda há uma associação muito grande dos direitos humanos às questões de violência. Isso é compreensível, já que o país tem limites a serem enfrentados em relação à segurança pública. Mas achamos limitador que outros temas centrais não tenham sido tão abordados”, diz acrescenta.

Ele esclarece, porém, que a cobertura de outros temas tem crescido, mas eles são freqüentemente dissociados dos direitos humanos. “A Andi monitora cerca de 60 jornais diariamente e percebemos que a educação tem tido cada vez mais destaque. Uma bela educação, como nós sabemos, é um direito, mas grande parte das matérias jornalísticas sobre esse tema não o explica como um direito. Essas matérias, então, não entraram na análise do livro”, ressalta.

Um aspecto positivo destacado na publicação, diz Vivarta, é que o assunto direitos humanos tem sido tratado com menos preconceito. “Esperávamos encontrar um número significativo de trabalhos citando que direitos humanos é coisa de bandidos, fato muito presente no imaginário popular e que a mídia muitas vezes acaba alimentando. Mas isso só apareceu em 0,5% do material analisado, o que mostra um avanço significativo da cobertura”.

Entre os intelectuais que escreveram artigo ou deram entrevista estão Fábio Konder Comparato (professor de Direito), Caco Barcelos (jornalista), Eliane Brum (jornalista), Maria Vitória Benevides (socióloga), Dalmo Dalari (jurista), Sérgio Adorno (sociólogo), José Arbex Jr. (jornalista), Hélio Bicudo (ex-vice-prefeito de São Paulo) e Cecília Ugaz (chefe da equipe de realização dos Relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD). “Participam não apenas os profissionais de comunicação, mas as fontes de informação dessas pessoas, como professores e representantes de instituições importantes, por exemplo”, observa Vivarta.

O livro ainda traz elementos de apoio ao trabalho do jornalista, como um banco de fontes de informação, com o contato de entidades de referência no assunto, um glossário com os principais termos usados na área e uma referência bibliográfica. Ele será distribuído pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, parceira na realização da obra.

* Para o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Os meios de comunicação no Brasil dão mais destaque à falta de segurança do que às causas desse problema, indica uma pesquisa que analisou 1.315 textos (entre reportagens, artigos, editoriais e entrevistas) veiculados em 57 jornais de todos os Estados em 2004. O levantamento, feito pela Agência de Notícias do Direito da Infância (Andi), levou em conta apenas os materiais que mencionassem a expressão “direitos humanos” ou palavras similares, como “cidadania” e “direito”.

A análise verificou que a maior parte das matérias (24,9%) tinha alguma relação com segurança, guerra, violência e conflitos armados. Já fome, pobreza, exclusão e desigualdade (2,6%), educação (2,2%) e renda, trabalho e desemprego (1,1%) apareceram com freqüência bem menor. Outros problemas sociais, como acesso a água e saneamento (0,8%) e habitação (0,5%), também receberam menos atenção da mídia.

Os dados foram apresentados a jornalistas, representantes de organizações não-governamentais e de instituições públicas, e acadêmicos ligados à área, que foram convidados a expressar sua opinião. O resultado deu origem a um livro “Mídia e Direitos Humanos”.

“O livro é o primeiro estudo realizado a fundo no Brasil sobre a qualidade da cobertura da mídia em relação aos direitos humanos. A análise é pautada em elementos concretos, é uma radiografia para que se possa debater o assunto e discutir quais aspectos precisam ser melhorados e o que deve ser feito pelos jornalistas e pelos demais envolvidos para aumentar a qualidade desse material”, afirma Veet Vivarta, secretário-executivo da Andi. “Verificamos que ainda há uma associação muito grande dos direitos humanos às questões de violência. Isso é compreensível, já que o país tem limites a serem enfrentados em relação à segurança pública. Mas achamos limitador que outros temas centrais não tenham sido tão abordados”, diz acrescenta.

Ele esclarece, porém, que a cobertura de outros temas tem crescido, mas eles são freqüentemente dissociados dos direitos humanos. “A Andi monitora cerca de 60 jornais diariamente e percebemos que a educação tem tido cada vez mais destaque. Uma bela educação, como nós sabemos, é um direito, mas grande parte das matérias jornalísticas sobre esse tema não o explica como um direito. Essas matérias, então, não entraram na análise do livro”, ressalta.

Um aspecto positivo destacado na publicação, diz Vivarta, é que o assunto direitos humanos tem sido tratado com menos preconceito. “Esperávamos encontrar um número significativo de trabalhos citando que direitos humanos é coisa de bandidos, fato muito presente no imaginário popular e que a mídia muitas vezes acaba alimentando. Mas isso só apareceu em 0,5% do material analisado, o que mostra um avanço significativo da cobertura”.

Entre os intelectuais que escreveram artigo ou deram entrevista estão Fábio Konder Comparato (professor de Direito), Caco Barcelos (jornalista), Eliane Brum (jornalista), Maria Vitória Benevides (socióloga), Dalmo Dalari (jurista), Sérgio Adorno (sociólogo), José Arbex Jr. (jornalista), Hélio Bicudo (ex-vice-prefeito de São Paulo) e Cecília Ugaz (chefe da equipe de realização dos Relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD). “Participam não apenas os profissionais de comunicação, mas as fontes de informação dessas pessoas, como professores e representantes de instituições importantes, por exemplo”, observa Vivarta.

O livro ainda traz elementos de apoio ao trabalho do jornalista, como um banco de fontes de informação, com o contato de entidades de referência no assunto, um glossário com os principais termos usados na área e uma referência bibliográfica. Ele será distribuído pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, parceira na realização da obra.

* Para o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

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