O Partido dos Trabalhadores completa, nesta quinta-feira (10), 42 anos de fundação e reúne suas principais lideranças na cidade de São Paulo.
O encontro, fechado para o público, lançará comitês populares de mobilização com a mensagem de “reconstruir a democracia e o Brasil”.
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Fundado em 1980, o PT conta com mais de 1,6 milhões de filiados, tem a maior bancada na Câmara dos Deputados e a quarta no Senado Federal, além de quatro governadores, centenas de deputados estaduais, prefeitos e milhares de vereadores.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, de dezembro de 2012, apontou que o PT é o partido preferido de 28% dos entrevistados. MDB e PSDB, que apareceram empatados na segunda posição, tiveram preferência de 2%. Na ocasião, o Datafolha ouviu 3.666 pessoas 191 cidades.
Desde a democratização, em 1985 com o fim da Ditadura Militar (1964 – 1985), foi a sigla que por mais tempo esteve no Poder, de 2003 até agosto de 2016, que mais venceu eleições presidenciais, quatro, e mais esteve, quando não venceu, em segundo lugar; 1989, 1994, 1998 e 2018.
Considerado, em sua origem, uma revolução na prática da política institucional e principal bandeira do combate à corrupção no país, viu sua imagem ser desgastada com o escândalo do Mensalão, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2005, e com as acusações de corrupção vindas da Operação Lava Jato, no período dos governos de Dilma Rousseff. Como desdobramentos, viu ministros, parlamentares e dirigentes filiados condenados e presos, uma presidente destituída e seu principal líder e referência, detido na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Paulistano de nascimento
Tendo a principal liderança enraizado sua luta no universo do sindicalismo entre os trabalhadores metalúrgicos da região do ABC Paulista e fixado residência em São Bernardo do Campo, o PT é, em seu DNA, um partido paulistano.
Lá, desde sua fundação no Colégio Sion, reuniu grande parte da intelectualidade, do segmento artístico e acadêmico, além de lideranças da igreja Católica.
*Crédito da foto – Instituto Lula: Fundação do PT no Colégio Sion
Neste caldo heterogêneo, estavam também militantes de oposição ao regime e sindicalistas que organizaram as grandes greves entre 1978 e 1980. Se somaram também antigos representantes da esquerda brasileira, entre eles, ex-presos políticos e exilados que tiveram seus direitos retomados pela Lei da Anistia.
O surgimento de um movimento organizado por trabalhadores, liderado por Lula, permitiu a reorganização de um movimento sindical independente do Estado, o que foi concretizado na criação da Conferência das Classes Trabalhadoras, que viria ser o embrião da Central Única dos Trabalhadores, a CUT.
Surgido já nos últimos suspiros da Ditadura, foi um importante agrupamento na defesa da redemocratização na campanha pelas Diretas, em 1984.
Bom de voto
Rapidamente, impulsionado pela exposição na mídia, passou a ser um importante ator nas disputas eleitorais restabelecidas na década de oitenta.
Já na primeira disputa presidencial, ocupou a vaga dos setores progressistas no segundo turno contra Fernando Collor de Mello, numa campanha marcada por manipulações nas vésperas da votação decisiva.
+ Relembre a disputa presidencial de 1989
Ainda na primeira década, conquistou outros importantes resultados nas urnas e forte apelo popular. Um de seus feitos foi ganhar, de forma surpreendente, a prefeitura da maior cidade do país, São Paulo, em 1988, com Luíza Erundina, migrante nordestina e a primeira mulher a comandar a principal capital brasileira.
*Crédito da foto – SPTuris: Erundina no sambódromo do Anhembi, em 1991
Além de ser o protagonista das disputas presidenciais, somou a eleição de parlamentares importantes para o Congresso Nacional, para as Assembleias Legislativas, prefeituras e Câmaras Municipais.
Ocupou alguns dos mais importantes governos de estado, como Rio Grande do Sul, Bahia, Pará, Ceará e Minas Gerais. Mas também acumula alta rejeição em outras unidades da Federação, nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. Amarga ainda o fato de nunca ter conseguido vencer a disputa paulista, no estado onde nasceu.
Nas análises históricas das eleições dos últimos quarenta anos atinge, em média, uma marca que apenas o PT consegue registrar; cerca de um terço do eleitorado nos primeiros turnos.
No decorrer deste período de redemocratização e pluralidade partidária, tem resistido. Os partidos do ex-presidente Collor e do atual, Jair Bolsonaro, quando eleitos, mostram a fragilidade das legendas que se opõem ao petismo. O PRN, desapareceu. O PSL, perdeu o bolsonarismo.
No campo progressista, o principal rival eleitoral do PT, o PSDB, vive um momento de encolhimento e rachas institucionais, perdendo representatividade política e potencial popular.
O MDB, importante movimento das esquerdas desde os tempos da Ditadura, tornou-se e manteve-se grande corporativamente, mas distante de liderar um projeto de nação com adesão ampla de diferentes segmentos. O PDT, de Leonel Brizola, também mostra sinais de enfraquecimento.
Até mesmo o campo oposto ao petismo, chamado de direita e que ganhou força desde os movimentos de criminalização das esquerdas no país reunindo setores da sociedade que sempre foram simpáticos a liberalidade econômica, encolhimento do estado e regramento nos costumes, também se mostra difuso, incapaz de construir uma frente para se contrapor ao PT.
Neste setor já é notável a disseminação de variadas correntes, como o União Brasil, todas elas procurando espaços de Poder e não a construção de um modelo de gestão pública e governamental.
Em 2022, o Partido dos Trabalhadores terá o teste mais desafiador de seus 42 anos, devendo ser, pelo que indicam as pesquisas divulgadas até o momento, o principal adversário do bolsonarismo e do conservadorismo no Brasil e na América Latina.
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