Sossego surpreende na plástica, mas enredo fica confuso
Sem visão! Já passava das seis horas da manhã desta quinta-feira (21) quando a última escola iniciou o seu desfile na Sapucaí. Fechando a primeira noite da Série Ouro, a Acadêmicos do Sossego levou para a Avenida o enredo Visões Xamânicas. Desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues e inspirado nos relatos de Xamã Yanomami, o enredo apresentou […]
POR Caroline Gonçalves21/04/2022|9 min de leitura
Sem visão! Já passava das seis horas da manhã desta quinta-feira (21) quando a última escola iniciou o seu desfile na Sapucaí. Fechando a primeira noite da Série Ouro, a Acadêmicos do Sossego levou para a Avenida o enredo Visões Xamânicas.
Desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues e inspirado nos relatos de Xamã Yanomami, o enredo apresentou a saga imaginária entre o presente e o futuro.
Fala, Luiz!
“Uma grata satisfação. Um belo desfile, disputando as primeiras posições. Para mim, está no top 3 da primeira noite. Belíssimas fantasias, mas o enredo era uma maionese”.
Comissão de frente
A comissão de frente do coreógrafo Jardel Lemos apresentou o ritual de transcendência do Xamã ao mundo espiritual.
Os componentes utilizavam figurinos roxos com detalhes em azul, exceto um, que utilizava roupas douradas com detalhes em roxo e azul. Todos estavam com rostos pintados. Um tripé que lembrava terra com folhas também fez parte da apresentação do grupo. Em certo momento da performance, alguns utilizavam bastões.
“Desta vez traz uma concepção linda de figurino e maquiagem. Ao apresentar uma cerimônia xamânica entrega ao espectador caminhos diversos de entendimento. O tripé serve de palco para a materialização do ritual de transcendência. Coreografia simples e adequada aos objetivos cênicos do coreógrafo”, disse Márcio Moura, comentarista do SRzd.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabricio Pires e Giovanna Justo, realizou apresentações que se destacaram pela leveza dos movimentos. Demonstraram grande entrosamento e realizaram performances que valorizaram o bailado. Ambos utilizavam roupas pretas e azuis, com tons de rosa.
“Confirmando o que bailaram no ensaio técnico, o casal apresentou a dança clássica, exuberante e alegre! A performance do par permitiu identificar os movimentos obrigatórios do bailado na coreografia de cada um dos dançarinos. O estilo pleno de personalidade de Giovanna Justo, realizando giros com precisão e ocupando com propriedade o espaço para dançar, aliado a postura altiva e a desenvoltura de Fabrício Pires na execução dos movimentos obrigatórios, isto aliado a um riscado no qual se destacam o vigor do dançarino que, em seus meneios, fugas e contrafugas, deixa revelar os traços e sinais de sua formação nas artes marciais, tornaram a exibição encantadora. E Fabricio realizou a performance com muita elegância e galhardia! O experiente par soube, com grande naturalidade, afastar um adereço de fantasia que estava caído no local de sua apresentação e que poderia ter atrapalhado sua exibição. O bailado foi apresentado com vigor e simpatia! Lindo de apreciar”, disse Eliane Souza, comentarista do SRzd.
Alegorias e adereços
O abre-alas representava a Terra em processo de destruição, o que simboliza a primeira visão apresentada ao pajé pelos Xapiris. Na frente do carro, haviam duas cabeças de dragão suspensas. Nas laterais, chifres. E na parte traseira da alegoria, haviam caveiras.
O segundo carro retratava as conexões espirituais dos xamãs com diferentes origens e culturas. No topo da alegoria, uma cabeça com um cocar de índio. Já na parte da frente, haviam dois tigres em cada ponta.
A última alegoria simbolizava um novo mundo, a esperança do renascer das matas indígenas e da preservação da Terra. Havia também um tripe com uma cabeça de peixe e flocos de neve no topo.
Segundo o comentarista do SRzd, Jaime Cezario, as alegorias foram de difícil entendimento: “As alegorias seguiram a mesma tendência do que foi visto nas fantasias, cores exuberantes e buscando passar esse universo mágico , que para a maioria dos simples mortais, inalcançável”.
Fantasias
As fantasias, assim como as alegorias, foram de difícil leitura e entendimento. Muitos abordavam o tema indígena, mas ficou confuso de enxergar o enredo dentre as alas.
“O Sossego viajou nas visões xamânicas e trouxe fantasias que passearam na temática indígena e da natureza, numa ode de preservação ao nosso planeta. Muitas cores e como diz seu enredo, visões, as vezes difíceis de compreender mas que passou colorida e com bom acabamento”, disse Jaime Cezario.
Enredo
O enredo Visões Xamânicas, desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues, se inspirou nos relatos de Xamã Yanomami. Ele retratou a saga imaginária entre o presente e o futuro e representou a esperança em mudanças e melhoras na Terra futuramente. O enredo, porém, foi um pouco confuso e de difícil entendimento.
Para Marcelo Masô, comentarista do SRzd, se houvesse um número maior de alas, o enredo poderia ter sido entendido melhor: “A Acadêmicos do Sossego teceu seu enredo inspirando-se na história de David Kopenawa , em sua trajetória de vida até se transformar em Xamã Yanomami. A partir deste fio condutor a aguerrida escola do Largo da Batalha apresentou um grito de alerta para a destruição do planeta. Nesta linha de raciocínio, a Acadêmicos do Sossego traçou um enredo ficcional onde todos os Xamãs do mundo se uniram para salvar o planeta da destruição humana. Infelizmente o desenvolvimento do enredo ficou confuso, não ficando claro na apresentação a narrativa. Ademais, poderia o desfile ser apresentado com um maior número de alas, o que certamente facilitaria a compreensão do enredo”.
Samba-enredo
A Sossego levou para a Avenida o samba de autoria de Diego Tavares, Marcelo Adnet, Junior Fionda, Marcelinho Santos, Thiago Martins, Yago Pontes, Diego Nogueira, Rod Torres, Deodônio Neto, Gabriel Machado e Paulo Beckham.
Os componentes cantaram o samba, mas não o suficiente, deixando a desejar no intensidade do canto. “A falta de canto dos componentes refletiu o impacto do samba dá Sossego no seu desfile. Apesar do refrão bem valente, o cansaço pelo horário e o enredo confuso não ajudaram”, disse Cadu, comentarista do SRzd.
Bateria
A bateria da Sossego cumpriu muito bem o seu papel. Sob a regência do mestre Laion, deu um show nas bossas. Os ritmistas usaram fantasias na cor amarela e uma das peças era com estampas de onça.
“Um belíssimo desfile da swing da Batalha. O Mestre Laion, cada vez mais maduro, deu um show de ritmo e bossas. Ótimas apresentações aos julgadores, usando e abusando das bossas ao longo da pista. A equipe de direção funcionou bastante”, disse Bruno Moraes, comentarista do SRzd.
Harmonia
Já com o sol batendo na pista, a comunidade da Sossego teve a árdua missão de encerrar a primeira noite – já dia – da Sério Ouro. Esforçados, os componentes tentaram manter o pique na manhã de quinta-feita, mas o canto ficou aquém da esperado. O refrão até impulsionou, de certa forma, o desfile, mas o restante do samba não sustentou um desempenho perfeito do quesito.
“A escola não apresentou um bom entrosamento entre ritmo e melodia. Não houve equilíbrio melódico entre voz e instrumentos. Muitos componentes não estavam concentrados em relação a totalidade do samba. Faltou clareza na pronúncia do samba. O andamento do canto não foi regular durante toda a apresentação”, disse Célia Souto, comentarista do SRzd.
Evolução
A agremiação não apresentou graves problemas no quesito, como buracos ou correria contra o tempo, mas pecou em falhas de espaçamento de alas, como observado pela comentarista Célia Souto.
“A escola não desenvolveu um trabalho de regularidade entre as alas, movimentos dispersos e sem sincronia entre as alas prejudicaram a uniformidade do chão da escola”, disse Célia.
Ficha técnica
Enredo: “Visões Xamânicas” Presidente: Hugo Junior Carnavalesco: André Rodrigues Intérprete: Nino do Milênio Mestre de Bateria: Laion Jorge Rainha de Bateria: Malu Torres Comissão de Frente: Jardel Augusto Lemos Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Fabricio Pires e Giovanna Justo
Sem visão! Já passava das seis horas da manhã desta quinta-feira (21) quando a última escola iniciou o seu desfile na Sapucaí. Fechando a primeira noite da Série Ouro, a Acadêmicos do Sossego levou para a Avenida o enredo Visões Xamânicas.
Desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues e inspirado nos relatos de Xamã Yanomami, o enredo apresentou a saga imaginária entre o presente e o futuro.
Fala, Luiz!
“Uma grata satisfação. Um belo desfile, disputando as primeiras posições. Para mim, está no top 3 da primeira noite. Belíssimas fantasias, mas o enredo era uma maionese”.
Comissão de frente
A comissão de frente do coreógrafo Jardel Lemos apresentou o ritual de transcendência do Xamã ao mundo espiritual.
Os componentes utilizavam figurinos roxos com detalhes em azul, exceto um, que utilizava roupas douradas com detalhes em roxo e azul. Todos estavam com rostos pintados. Um tripé que lembrava terra com folhas também fez parte da apresentação do grupo. Em certo momento da performance, alguns utilizavam bastões.
“Desta vez traz uma concepção linda de figurino e maquiagem. Ao apresentar uma cerimônia xamânica entrega ao espectador caminhos diversos de entendimento. O tripé serve de palco para a materialização do ritual de transcendência. Coreografia simples e adequada aos objetivos cênicos do coreógrafo”, disse Márcio Moura, comentarista do SRzd.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabricio Pires e Giovanna Justo, realizou apresentações que se destacaram pela leveza dos movimentos. Demonstraram grande entrosamento e realizaram performances que valorizaram o bailado. Ambos utilizavam roupas pretas e azuis, com tons de rosa.
“Confirmando o que bailaram no ensaio técnico, o casal apresentou a dança clássica, exuberante e alegre! A performance do par permitiu identificar os movimentos obrigatórios do bailado na coreografia de cada um dos dançarinos. O estilo pleno de personalidade de Giovanna Justo, realizando giros com precisão e ocupando com propriedade o espaço para dançar, aliado a postura altiva e a desenvoltura de Fabrício Pires na execução dos movimentos obrigatórios, isto aliado a um riscado no qual se destacam o vigor do dançarino que, em seus meneios, fugas e contrafugas, deixa revelar os traços e sinais de sua formação nas artes marciais, tornaram a exibição encantadora. E Fabricio realizou a performance com muita elegância e galhardia! O experiente par soube, com grande naturalidade, afastar um adereço de fantasia que estava caído no local de sua apresentação e que poderia ter atrapalhado sua exibição. O bailado foi apresentado com vigor e simpatia! Lindo de apreciar”, disse Eliane Souza, comentarista do SRzd.
Alegorias e adereços
O abre-alas representava a Terra em processo de destruição, o que simboliza a primeira visão apresentada ao pajé pelos Xapiris. Na frente do carro, haviam duas cabeças de dragão suspensas. Nas laterais, chifres. E na parte traseira da alegoria, haviam caveiras.
O segundo carro retratava as conexões espirituais dos xamãs com diferentes origens e culturas. No topo da alegoria, uma cabeça com um cocar de índio. Já na parte da frente, haviam dois tigres em cada ponta.
A última alegoria simbolizava um novo mundo, a esperança do renascer das matas indígenas e da preservação da Terra. Havia também um tripe com uma cabeça de peixe e flocos de neve no topo.
Segundo o comentarista do SRzd, Jaime Cezario, as alegorias foram de difícil entendimento: “As alegorias seguiram a mesma tendência do que foi visto nas fantasias, cores exuberantes e buscando passar esse universo mágico , que para a maioria dos simples mortais, inalcançável”.
Fantasias
As fantasias, assim como as alegorias, foram de difícil leitura e entendimento. Muitos abordavam o tema indígena, mas ficou confuso de enxergar o enredo dentre as alas.
“O Sossego viajou nas visões xamânicas e trouxe fantasias que passearam na temática indígena e da natureza, numa ode de preservação ao nosso planeta. Muitas cores e como diz seu enredo, visões, as vezes difíceis de compreender mas que passou colorida e com bom acabamento”, disse Jaime Cezario.
Enredo
O enredo Visões Xamânicas, desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues, se inspirou nos relatos de Xamã Yanomami. Ele retratou a saga imaginária entre o presente e o futuro e representou a esperança em mudanças e melhoras na Terra futuramente. O enredo, porém, foi um pouco confuso e de difícil entendimento.
Para Marcelo Masô, comentarista do SRzd, se houvesse um número maior de alas, o enredo poderia ter sido entendido melhor: “A Acadêmicos do Sossego teceu seu enredo inspirando-se na história de David Kopenawa , em sua trajetória de vida até se transformar em Xamã Yanomami. A partir deste fio condutor a aguerrida escola do Largo da Batalha apresentou um grito de alerta para a destruição do planeta. Nesta linha de raciocínio, a Acadêmicos do Sossego traçou um enredo ficcional onde todos os Xamãs do mundo se uniram para salvar o planeta da destruição humana. Infelizmente o desenvolvimento do enredo ficou confuso, não ficando claro na apresentação a narrativa. Ademais, poderia o desfile ser apresentado com um maior número de alas, o que certamente facilitaria a compreensão do enredo”.
Samba-enredo
A Sossego levou para a Avenida o samba de autoria de Diego Tavares, Marcelo Adnet, Junior Fionda, Marcelinho Santos, Thiago Martins, Yago Pontes, Diego Nogueira, Rod Torres, Deodônio Neto, Gabriel Machado e Paulo Beckham.
Os componentes cantaram o samba, mas não o suficiente, deixando a desejar no intensidade do canto. “A falta de canto dos componentes refletiu o impacto do samba dá Sossego no seu desfile. Apesar do refrão bem valente, o cansaço pelo horário e o enredo confuso não ajudaram”, disse Cadu, comentarista do SRzd.
Bateria
A bateria da Sossego cumpriu muito bem o seu papel. Sob a regência do mestre Laion, deu um show nas bossas. Os ritmistas usaram fantasias na cor amarela e uma das peças era com estampas de onça.
“Um belíssimo desfile da swing da Batalha. O Mestre Laion, cada vez mais maduro, deu um show de ritmo e bossas. Ótimas apresentações aos julgadores, usando e abusando das bossas ao longo da pista. A equipe de direção funcionou bastante”, disse Bruno Moraes, comentarista do SRzd.
Harmonia
Já com o sol batendo na pista, a comunidade da Sossego teve a árdua missão de encerrar a primeira noite – já dia – da Sério Ouro. Esforçados, os componentes tentaram manter o pique na manhã de quinta-feita, mas o canto ficou aquém da esperado. O refrão até impulsionou, de certa forma, o desfile, mas o restante do samba não sustentou um desempenho perfeito do quesito.
“A escola não apresentou um bom entrosamento entre ritmo e melodia. Não houve equilíbrio melódico entre voz e instrumentos. Muitos componentes não estavam concentrados em relação a totalidade do samba. Faltou clareza na pronúncia do samba. O andamento do canto não foi regular durante toda a apresentação”, disse Célia Souto, comentarista do SRzd.
Evolução
A agremiação não apresentou graves problemas no quesito, como buracos ou correria contra o tempo, mas pecou em falhas de espaçamento de alas, como observado pela comentarista Célia Souto.
“A escola não desenvolveu um trabalho de regularidade entre as alas, movimentos dispersos e sem sincronia entre as alas prejudicaram a uniformidade do chão da escola”, disse Célia.
Ficha técnica
Enredo: “Visões Xamânicas” Presidente: Hugo Junior Carnavalesco: André Rodrigues Intérprete: Nino do Milênio Mestre de Bateria: Laion Jorge Rainha de Bateria: Malu Torres Comissão de Frente: Jardel Augusto Lemos Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Fabricio Pires e Giovanna Justo