Madrinha Eunice e Dona Guga fazem parte de exposição que resgata história negra de São Paulo

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A artista Soberana Ziza abre duas exposições na capital paulista baseadas em uma pesquisa que desenvolve sobre a memória de mulheres negras na cidade. As mostras foram premiadas pelo Programa de Ação Cultural do governo de São Paulo e acontecem sob o título Mulheres-raízes da Conexão. As obras, fruto do trabalho da artista como muralista, […]

POR Redação SRzd07/11/2021|3 min de leitura

Madrinha Eunice e Dona Guga fazem parte de exposição que resgata história negra de São Paulo

Dona Guga e Madrinha Eunice. Foto: SRzd/Guilherme Queiroz e Reprodução/YouTube

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A artista Soberana Ziza abre duas exposições na capital paulista baseadas em uma pesquisa que desenvolve sobre a memória de mulheres negras na cidade. As mostras foram premiadas pelo Programa de Ação Cultural do governo de São Paulo e acontecem sob o título Mulheres-raízes da Conexão.

As obras, fruto do trabalho da artista como muralista, se desdobraram em outras técnicas, como a da sublimação em tecido. Nelas, as mulheres, personagens importantes da cidade, aparecem conectadas à terra por raízes.

“É a reconexão com o nosso ancestral. Essa base, essa rede, essa raiz fortalecida é o que vai ser um fortalecimento para o futuro”, explica a artista.

Uma das mostras foi aberta na última sexta-feira (5) na Galeria Choque Cultural, na Zona Oeste da cidade. Ali, segundo a artista, podem ser vistos os trabalhos feitos a partir da pesquisa do bairro da Liberdade, na região central paulistana. Apesar de ter ficado conhecida nas últimas décadas pelas comunidades orientais, a região tem alguns principais marcos da trajetória da população negras na cidade.

Memórias

Um dos trabalhos de Ziza remete a ossadas encontradas nas imediações da Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, construída no século 18, vizinha de um cemitério, de mesmo nome, desativado no século 19. A identificação de parte de uma guia dedicada ao orixá Ogum foi base para a composição de um mural feito em uma empresa situada ao lado do Elevado João Goulart, conhecido como Minhocão. “Pego essa conta azul e ilustro nessa grande empresa na mão dessa mulher, com o fundo azul que é o seu ancestral”, afirma Ziza.

Nos estudos sobre o bairro, a artista chegou à história de Madrinha Eunice, fundadora da escola de samba Lavapés, em 1937, a mais antiga em atividade na cidade de São Paulo. “A Eunice, que foi uma visionária”, enfatiza Ziza. A madrinha do samba paulistano foi homenageada em um trabalho com tecido translúcido, de modo que ao mesmo tempo é possível ver a imagem do outro lado da peça da também pioneira do samba Dona Guga, da Morro da Casa Verde.

Obras de Regina Elias Ziza. Foto: Divulgação/Agência Brasil

Casa Pretahub

A segunda mostra será aberta na próxima terça-feira (9) na Casa Pretahub, no centro da capital paulista. Um dos trabalhos faz uma releitura da estátua da Mãe Preta, que fica no Largo do Paissandú, no centro paulistano. Na peça, Ziza retrata a violência a que eram submetidas as amas de leite. “Aquela mulher negra é uma pessoa que presta um serviço de amamentação, ela tinha que relegar o próprio filho”, diz a artista, sobre a figura na escultura.

No trabalho, a artista também usa a técnica com tecido semitransparente. “Na frente, aparece uma mãe com seu filho em um ato de carinho, com muita conexão e, atrás, a mãe preta com o filho que não era dela”, descreve a artista.

As exposições ficarão abertas até o dia 30 de novembro. Na Pretahub, a visitação será de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. Na Choque Cultural, de terça-feira a sábado, de meio-dia à 19h.

* Com informações da Agência Brasil

A artista Soberana Ziza abre duas exposições na capital paulista baseadas em uma pesquisa que desenvolve sobre a memória de mulheres negras na cidade. As mostras foram premiadas pelo Programa de Ação Cultural do governo de São Paulo e acontecem sob o título Mulheres-raízes da Conexão.

As obras, fruto do trabalho da artista como muralista, se desdobraram em outras técnicas, como a da sublimação em tecido. Nelas, as mulheres, personagens importantes da cidade, aparecem conectadas à terra por raízes.

“É a reconexão com o nosso ancestral. Essa base, essa rede, essa raiz fortalecida é o que vai ser um fortalecimento para o futuro”, explica a artista.

Uma das mostras foi aberta na última sexta-feira (5) na Galeria Choque Cultural, na Zona Oeste da cidade. Ali, segundo a artista, podem ser vistos os trabalhos feitos a partir da pesquisa do bairro da Liberdade, na região central paulistana. Apesar de ter ficado conhecida nas últimas décadas pelas comunidades orientais, a região tem alguns principais marcos da trajetória da população negras na cidade.

Memórias

Um dos trabalhos de Ziza remete a ossadas encontradas nas imediações da Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, construída no século 18, vizinha de um cemitério, de mesmo nome, desativado no século 19. A identificação de parte de uma guia dedicada ao orixá Ogum foi base para a composição de um mural feito em uma empresa situada ao lado do Elevado João Goulart, conhecido como Minhocão. “Pego essa conta azul e ilustro nessa grande empresa na mão dessa mulher, com o fundo azul que é o seu ancestral”, afirma Ziza.

Nos estudos sobre o bairro, a artista chegou à história de Madrinha Eunice, fundadora da escola de samba Lavapés, em 1937, a mais antiga em atividade na cidade de São Paulo. “A Eunice, que foi uma visionária”, enfatiza Ziza. A madrinha do samba paulistano foi homenageada em um trabalho com tecido translúcido, de modo que ao mesmo tempo é possível ver a imagem do outro lado da peça da também pioneira do samba Dona Guga, da Morro da Casa Verde.

Obras de Regina Elias Ziza. Foto: Divulgação/Agência Brasil

Casa Pretahub

A segunda mostra será aberta na próxima terça-feira (9) na Casa Pretahub, no centro da capital paulista. Um dos trabalhos faz uma releitura da estátua da Mãe Preta, que fica no Largo do Paissandú, no centro paulistano. Na peça, Ziza retrata a violência a que eram submetidas as amas de leite. “Aquela mulher negra é uma pessoa que presta um serviço de amamentação, ela tinha que relegar o próprio filho”, diz a artista, sobre a figura na escultura.

No trabalho, a artista também usa a técnica com tecido semitransparente. “Na frente, aparece uma mãe com seu filho em um ato de carinho, com muita conexão e, atrás, a mãe preta com o filho que não era dela”, descreve a artista.

As exposições ficarão abertas até o dia 30 de novembro. Na Pretahub, a visitação será de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. Na Choque Cultural, de terça-feira a sábado, de meio-dia à 19h.

* Com informações da Agência Brasil

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