As figuras parentais são muito importantes para a formação saudável de um sujeito. Ambas as funções, paterna e materna, possuem um papel central no desenvolvimento e na estruturação do psiquismo. Entretanto, se faz necessário explicar que, por função, entendem-se os operadores simbólicos e não o masculino e o feminino.
Assim, a função materna está ligada ao acolhimento e a proteção e a função paterna ligada à interdição que ajuda a lançar a criança para as coisas do mundo. Desse modo, os cuidadores e as relações estabelecidas com eles são decisivos para o desenvolvimento psíquico saudável.
Todavia, não nos referimos aqui necessariamente a uma estrutura familiar considerada anteriormente como tradicional.
Além disso, não é preciso que se mantenha o formato genealógico original para que esse indivíduo se desenvolva. Como falamos de símbolos, esse pode ser assumido pelas mais diferentes pessoas – e até por profissões. Assim, apesar de ser considerado paterno, o corte pode ser exercido por uma tia, pela avó, ou inclusive pelo trabalho que afasta a figura materna temporariamente da criança.
Com a função materna o mesmo se repete. Desse modo, pais que optam por permanecerem unidos unicamente por conta da criação dos filhos tendem a fazer um desserviço.
Isso porque mesmo que não tenha sido verbalizado, os filhos percebem que há algo velado, não compartilhado com eles. Que há uma suspeita que, por mais que eles tenham, nunca é confirmada. E isso sim, pode ser prejudicial.
O ambiente familiar benéfico em que se vive impacta diretamente na estruturação da vida e da personalidade da criança, mas não porque é promovida através dos laços do matrimônio. Ele acontece quando os cuidadores da criança – juntos ou separados – dialogam e convergem suas escolhas buscando proporcionar todo o acolhimento, amparo e dedicação necessários para um desenvolvimento saudável e equilibrado.
* Artigo de autoria da psicóloga Bruna Ritcher