Casal gay de 60 e 62 anos é espancado por vizinhos na Tijuca, zona norte do Rio

  • Icon instagram_blue
  • Icon youtube_blue
  • Icon x_blue
  • Icon facebook_blue
  • Icon google_blue

O engenheiro civil Flavio Micellis, 60 anos, deu entrada no início da tarde desta sexta-feira (28) na emergência do Hospital Grajaú, na Zona Norte do Rio, reclamando de fortes dores na cabeça. Ele e o marido, o servidor público aposentado Eduardo Michels (62), foram espancados por vizinhos que promoviam uma festa na noite do último […]

POR Redação SRzd29/04/2017|4 min de leitura

Casal gay de 60 e 62 anos é espancado por vizinhos na Tijuca, zona norte do Rio

Flávio MIcellis e Eduardo Michels . Foto: Arquivo Pessoal

| Siga-nos Google News

O engenheiro civil Flavio Micellis, 60 anos, deu entrada no início da tarde desta sexta-feira (28) na emergência do Hospital Grajaú, na Zona Norte do Rio, reclamando de fortes dores na cabeça. Ele e o marido, o servidor público aposentado Eduardo Michels (62), foram espancados por vizinhos que promoviam uma festa na noite do último feriado de Tiradentes (21). Ao conversar com a reportagem do site “Os Entendidos”, na noite desta quinta-feira, o casal contou que enfrentava a homofobia por parte dos demais moradores do condomínio onde moram, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio. Nesta sexta, Flávio sentiu dores mais fortes e precisou ser levado a uma unidade particular de saúde.

Eduardo afirma que pelo menos 20 pessoas participaram do espancamento. O marido foi derrubado no chão e atingido com chutes na cabeça e no órgão genital enquanto ele foi jogado contra a parede e teve o pescoço apertado pelos agressores. “O que houve foi uma tentativa de homicídio. Não fomos mortos porque algumas senhoras que estavam no local impediram o pior, pedindo para eles pararem”, lembrou o servidor aposentado.

A dificuldade de relacionamento com os vizinhos se arrastava há pelo menos dois anos. À imobiliária que administra o edifício, eles reclamavam da perturbação do sossego causada por constantes festas com som alto aos finais de semana. A relação com os demais vizinhos que já era crítica por, segundo o casal, não terem a orientação sexual respeitada, ficou ainda pior depois que eles passaram a levar as queixas pelo barulho à imobiliária.

Eduardo Michels. Foto: Arquivo Pessoal
Eduardo Michels. Foto: Arquivo Pessoal

“Nós ouvíamos insultos homofóbicos. Diziam para a gente que naquele condomínio não é lugar de viado, para dar o cu em outro lugar”, disse Eduardo. “Me chutaram várias vezes no órgão genital dizendo: ‘Isso é pra você nunca mais poder usar’”, contou Flávio. O aposentado tem certeza que os vizinhos usavam as festas para provocação. “Nossa janela dá de frente para o quintal onde eles fazem os churrascos. Eles faziam questão de colocar cadeiras embaixo da nossa janela e apoiar os cotovelos dentro da nossa casa. Toda a fumaça entrava no nosso apartamento. Nós não tínhamos direito a sossego aos finais de semana”, lembrou. “Tiramos fotos dessas festas a pedido da imobiliária e passamos a ser mais hostilizados”, completou.

O dia das agressões foi o de realização de mais um churrasco pelos vizinhos. Flavio denuncia que já ouvia insinuações de violência contra eles antes da festa começar. “Eu ouvia da minha casa eles dizendo: ‘Hoje a gente pega eles de pau. Hoje a gente dá um jeito neles’. Nós nos sentimos intimidados e decidimos passar o dia fora. Eu já imaginava que o pior poderia acontecer, então saí de casa com o celular na mão filmando tudo. Foi quando o primeiro veio na nossa direção com xingamentos e depois outros 20 nos agrediram. Depois eles ainda nos empurraram para dentro de casa”.

“Isso foi tudo premeditado. Quando a gente abriu a porta, eles já estavam esperando para nos bater”.

Na segunda-feira, 24, os problemas continuaram, contou Eduardo. O aposentado afirma que as chaves da portaria foram trocadas propositalmente. “Nos tornamos reféns, ficamos em cárcere privado. Achamos que iriam nos matar”. Ele e o marido pediram socorro por telefone ao Grupo Gay da Bahia (GGB), ONG que Eduardo é colaborador. “O Luiz Mott entrou em contato com o Rio Sem Homofobia, que mandou uma viatura da PM para nos libertar. Saímos de lá só com a roupa do corpo e alguns documentos”. O casal busca junto à Defensoria Pública uma medida cautelar para que possam voltar ao prédio e retirar os pertences.


Texto de Felipe Martins publicado originalmente no site “Os Entendidos”.

O engenheiro civil Flavio Micellis, 60 anos, deu entrada no início da tarde desta sexta-feira (28) na emergência do Hospital Grajaú, na Zona Norte do Rio, reclamando de fortes dores na cabeça. Ele e o marido, o servidor público aposentado Eduardo Michels (62), foram espancados por vizinhos que promoviam uma festa na noite do último feriado de Tiradentes (21). Ao conversar com a reportagem do site “Os Entendidos”, na noite desta quinta-feira, o casal contou que enfrentava a homofobia por parte dos demais moradores do condomínio onde moram, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio. Nesta sexta, Flávio sentiu dores mais fortes e precisou ser levado a uma unidade particular de saúde.

Eduardo afirma que pelo menos 20 pessoas participaram do espancamento. O marido foi derrubado no chão e atingido com chutes na cabeça e no órgão genital enquanto ele foi jogado contra a parede e teve o pescoço apertado pelos agressores. “O que houve foi uma tentativa de homicídio. Não fomos mortos porque algumas senhoras que estavam no local impediram o pior, pedindo para eles pararem”, lembrou o servidor aposentado.

A dificuldade de relacionamento com os vizinhos se arrastava há pelo menos dois anos. À imobiliária que administra o edifício, eles reclamavam da perturbação do sossego causada por constantes festas com som alto aos finais de semana. A relação com os demais vizinhos que já era crítica por, segundo o casal, não terem a orientação sexual respeitada, ficou ainda pior depois que eles passaram a levar as queixas pelo barulho à imobiliária.

Eduardo Michels. Foto: Arquivo Pessoal
Eduardo Michels. Foto: Arquivo Pessoal

“Nós ouvíamos insultos homofóbicos. Diziam para a gente que naquele condomínio não é lugar de viado, para dar o cu em outro lugar”, disse Eduardo. “Me chutaram várias vezes no órgão genital dizendo: ‘Isso é pra você nunca mais poder usar’”, contou Flávio. O aposentado tem certeza que os vizinhos usavam as festas para provocação. “Nossa janela dá de frente para o quintal onde eles fazem os churrascos. Eles faziam questão de colocar cadeiras embaixo da nossa janela e apoiar os cotovelos dentro da nossa casa. Toda a fumaça entrava no nosso apartamento. Nós não tínhamos direito a sossego aos finais de semana”, lembrou. “Tiramos fotos dessas festas a pedido da imobiliária e passamos a ser mais hostilizados”, completou.

O dia das agressões foi o de realização de mais um churrasco pelos vizinhos. Flavio denuncia que já ouvia insinuações de violência contra eles antes da festa começar. “Eu ouvia da minha casa eles dizendo: ‘Hoje a gente pega eles de pau. Hoje a gente dá um jeito neles’. Nós nos sentimos intimidados e decidimos passar o dia fora. Eu já imaginava que o pior poderia acontecer, então saí de casa com o celular na mão filmando tudo. Foi quando o primeiro veio na nossa direção com xingamentos e depois outros 20 nos agrediram. Depois eles ainda nos empurraram para dentro de casa”.

“Isso foi tudo premeditado. Quando a gente abriu a porta, eles já estavam esperando para nos bater”.

Na segunda-feira, 24, os problemas continuaram, contou Eduardo. O aposentado afirma que as chaves da portaria foram trocadas propositalmente. “Nos tornamos reféns, ficamos em cárcere privado. Achamos que iriam nos matar”. Ele e o marido pediram socorro por telefone ao Grupo Gay da Bahia (GGB), ONG que Eduardo é colaborador. “O Luiz Mott entrou em contato com o Rio Sem Homofobia, que mandou uma viatura da PM para nos libertar. Saímos de lá só com a roupa do corpo e alguns documentos”. O casal busca junto à Defensoria Pública uma medida cautelar para que possam voltar ao prédio e retirar os pertences.


Texto de Felipe Martins publicado originalmente no site “Os Entendidos”.

Notícias Relacionadas

Ver tudo