O câncer colorretal está entre os mais incidente no mundo. No Brasil, em específico, o Instituto Nacional do Câncer estima uma média de 36 mil novos casos registrados todos os anos, atingindo ambos os gêneros em igual proporção.
Em sua maioria, os sintomas da doença estão relacionados ao comportamento intestinal, incluindo diarreia ou constipação, fezes finas e que apresentem sangue e/ou mucosa. Inchaço frequente na região abdominal, gases, fadiga ou falta de energia e perda de peso súbita também fazem parte da lista de sintomas possíveis. Além disso, pessoas que apresentam pólipos (lesões benignas) estão mais propensas a desenvolver tumores.
E a incidência da doença tem aumentado entre a população mais jovem, com menos de 50 anos. Um levantamento divulgado pela Sociedade Americana de Câncer (ACS, sigla do inglês American Cancer Society) em 2017 revelou que a taxa de incidência de tumores colorretais entre pessoas em idade adulta nascidas nos anos 1990 vem apresentando um aumento constante ano a ano. Segundo a pesquisa, os chamados Millennials têm o dobro de risco de desenvolver câncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais chance de receberem um diagnóstico de câncer no reto em comparação à geração Baby Boomers, indivíduos com 55 anos ou mais.
De acordo com o recorte apresentado pela ACS, cinco a cada um milhão de pessoas na faixa entre 20 e 29 anos terá a doença, enquanto considerando homens e mulheres nascidos nos anos 1950, essa variação caí para três a cada um milhão. Para o Doutor Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO), as principais causas dessa mudança de perfil de paciente estão relacionadas aos maus hábitos cotidianos: falta de exercícios físicos e ingestão de alimentos pobres em vitaminas e fibras, fatores estes que também contribuem para o sobrepeso e obesidade – uma epidemia global que atinge 1,9 bilhões de pessoas globalmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Os tumores de cólon e reto ainda são mais prevalentes entre idosos. Contudo, do total atual de pacientes diagnosticados atualmente nos EUA, 30% têm menos de 55 anos. E esse percentual deve continuar aumentando ao longo dos próximos anos se não forem adotadas medidas de conscientização sobre as causas e importância do diagnóstico precoce para tratamento da doença”, explica.
Diágnóstico precoce
Considerando os fatores de risco que elevam a probabilidade de desenvolver a doença, o especialista destaca algumas condições hereditárias, doenças inflamatórias intestinais e dietas hiperproteícas e baixo consumo de fibras e cálcio.
“Pessoas com histórico familiar deste tipo de tumor ou que tenham condições hereditárias como retocolite ulcerativa crônica ou doença de Crohn, por exemplo, fazem parte de um grupo que deve sempre se manter alerta. Mas não podemos esquecer que outros fatores de risco podem ser evitados a partir de uma mudança simples de hábitos relacionados à alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e controle do peso”, frisa o médico.
A colonoscopia é o exame padrão para investigação de doenças do cólon e do reto. Nos casos de suspeita de câncer, esse exame pode determinar a localização da lesão e permitir a biópsia para confirmação da malignitude. Hoje, a recomendação para pessoas com risco médio é que ela seja realizada aos 50 anos de idade e repetida a cada dez anos.
“Frente às evidências de que pessoas cada vez mais jovens estão desenvolvendo tumores, os pesquisadores da ASC sugerem que o rastreio comece mais cedo, aos 40 anos para aqueles com história familiar de câncer colorretal ou adenomas em um parente de primeiro grau. Mas mais do que estabelecer um protocolo relacionado à idade, é preciso avaliar de forma individualizada cada caso, levando em conta tanto na prevenção quanto no tratamento os hábitos pessoais e fatores hereditários para uma abordagem mais assertiva”, finaliza Andrey Soares.