Desde a implementação do Plano Real, durante o governo Itamar Franco, em 1993, o Brasil se viu livre de um fantasma que atormentou gerações, empobreceu famílias e aumentou o abismo social no país.
Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, era cotidianas as altas nos preços, que impunham, inclusive, um modelo de vida diferente após o controle dos preços, experimentado a partir do final do século passado.
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Remarcações de preços de hora e hora nos mercados, aumento mensal das tarifas e impossibilidade de planejamento diante das incertezas e da especulação, compunham o cenário brasileiro. Esse contexto atravessou a Ditadura Militar e se estendeu depois da redemocratização.
Controlada a partir dos governos de FHC, Lula e Dilma, a inflação, sobretudo provocada pela alta no preço dos combustíveis, voltou a assombrar.
Nesta quinta-feira (10), a Petrobras anunciou que, a partir de amanhã, fará novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel. O aumento chega a 24,93% nas refinarias. O gás de cozinha também será reajustado, o que fere diretamente o bolso das família mais pobres.
O comunicado informou ainda que o preço médio de venda da gasolina nas refinarias será corrigido em 18,77%, para R$ 3,86 o litro. A empresa destacou que, considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol na gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba.
O anúncio provocou uma corrida dos motoristas aos postos de gasolinas, em diferentes cidades das cinco regiões, numa cena que remete as décadas anteriores ao Real.
‘Não posso fazer nada’
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), disse que não define preço de combustível na Petrobras, pouco antes de a estatal anunciar o novo reajuste.
“No mundo todo aumentou (preço dos combustíveis). Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada, não. Só quando tem problema cai no meu colo”, disse Bolsonaro a apoiadores, no cercadinho no Palácio do Planalto.
Bolsonaro criticou ainda as gestões do governo PT e disse que “vai ter problema de combustível no Brasil” e que “não vai demorar”.
“Lula e Dilma interferiram nos preços da Petrobras, entre outras coisas. Endividaram a empresa em R$ 900 bilhões. Agora, a tendência é melhorar lá fora, mas vai ter problema de combustível no Brasil. Não vai demorar”, completou.
Guedes quer esperar a guerra
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também nesta quinta-feira, informou que o governo pode estudar a criação de um subsídio ao diesel se a guerra entre Rússia e Ucrânia se prolongar.
A guerra começou há 15 dias e tem impacto direto no preço dos combustíveis devido aos reflexos do conflito na elevação do preço internacional do barril do petróleo. A Rússia é um dos principais exportadores de petróleo no mundo.
De acordo com o ministro, neste momento, as medidas aprovadas pelo Senado Federal e a isenção de PIS-Cofins sobre o diesel são suficientes para amortecer o preço.
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