O presidente Jair Bolsonaro decidiu, nesta quinta-feira (11), ler uma carta que teria sido escrita por uma pessoa que, supostamente, se suicidou para provar que estava certo quando disse que o isolamento social poderia aumentar casos de depressão e suicídio.
Enquanto ignora as mais de duas mil mortes diárias e mente sobre o tratamento que deu à Covid-19, o presidente decidiu destacar dois casos recentes de suicídio durante sua transmissão ao vivo para provar sua tese de que o lockdown é ruim.
“Tamo tendo aí casos de suicídio no Brasil […] O efeito colateral do lockdown está sendo mais danoso que o próprio vírus”, disse Bolsonaro.
Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, contraria essa visão ao afirmar que o impacto do lockdown na saúde mental foi “mínimo” e que não há relação alguma com suicídios.
Após o comentário feito pelo presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para compartilhar a carta e a foto do homem que tirou a própria vida, mostrando que a ação de Bolsonaro foi previamente orquestrada como uma estratégia de comunicação.
No texto da publicação, Eduardo Bolsonaro dá as condolências à família do suicida. “Agora, a crise de 1929 nos EUA é famosa não só pelo ‘crash’ da bolsa de Nova York, mas também por ter mostrado ao mundo que dificuldades econômicas levam ao suicídio”, escreveu em seguida. Na postagem, ele disse também que “tem governantes com as mãos sujas de sangue”.
Entidades como o Centro de Valorização da Vida (CVV) desaconselham a divulgação de cartas, bilhetes e fotos de suicidas. “O teor dessas mensagens não deve ser divulgado”, diz uma cartilha do CVV. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também não recomenda tal divulgação.