Iniciada no Candomblé, mulher cita preconceito e diz que foi demitida por ser ‘negra e macumbeira’

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Uma mulher de 41 anos, prestadora de serviços gerais, realizou uma denúncia afirmando ter sofrido intolerância religiosa e injúria racial ao aparecer em seu local de trabalho com a cabeça raspada, após passar por um ritual de iniciação do candomblé. Prestadora de serviços gerais, Regina Santana da Silva Fernandes registrou um boletim de ocorrência nesta […]

POR Redação SRzd23/09/2020|3 min de leitura

Iniciada no Candomblé, mulher cita preconceito e diz que foi demitida por ser ‘negra e macumbeira’

Iniciada no Candomblé, mulher denuncia preconceito. Foto: Reprodução de Internet

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Uma mulher de 41 anos, prestadora de serviços gerais, realizou uma denúncia afirmando ter sofrido intolerância religiosa e injúria racial ao aparecer em seu local de trabalho com a cabeça raspada, após passar por um ritual de iniciação do candomblé.

Prestadora de serviços gerais, Regina Santana da Silva Fernandes registrou um boletim de ocorrência nesta terça-feira (22), relatando o constrangimento ilegal sofrido em seu ambiente de trabalho.

O caso ocorreu na última quinta-feira (17). Regina foi convocada a comparecer ao escritório da empresa por ter raspado o cabelo, um ritual de iniciação no Candomblé.

Na empresa em que trabalhava, a vítima já havia notado olhares curiosos. Uma supervisora chegou a perguntar se ela tinha sido diagnosticada com câncer. Dias depois desse fato, houve a convocação para comparecer ao escritório.

Intolerância e racismo

Na sede da empresa, na presença de sua gerente, Regina foi obrigada a retirar a touca que vinha usando para esconder a cabeça raspada. No boletim de ocorrência, ela relata que recebeu olhares de reprovação e ouviu que “esse tipo de religião” não cabia dentro da empresa, pois além de ser “negra era macumbeira”.

A gerente ainda afirmou que Regina tinha que “procurar Deus para se salvar” e que pessoa da cor dela “e macumbeira não pode participar do quadro de funcionários da empresa”.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, a gerente intimidou mais a vítima, afirmando que nem adiantaria ela procurar pela Justiça, porque não daria em nada já que “a empresa possui vários processos e nunca perdeu”. A ex-funcionária foi obrigada ainda a assinar um aviso prévio que já estava com data de 11 de setembro, ou seja, seis dias antes da data em que foi comunicada que seria demitida.

Segundo testemunhas, Regina está profundamente abalada e passando por consultas com psiquiatras para avaliação de seu quadro depressivo.

Candomblé

De acordo com as tradições da religião de Matriz Africana, a raspagem do cabelo simboliza a consagração aos Orixás. O ato também é comum em religiões como o Budismo e em algumas ordens religiosas cristãs.

Ela foi iniciada no Ilê Axé Egbé Osogbo Omo Orisá Osun, que significa Sociedade Espiritual dos filhos da Orixá Oxum, uma casa de Candomblé inaugurada há um ano em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá).

Ao site “O Livre”, a Iyalorixá Edna de Oxum, que é zeladora espiritual de Regina e presidente do Ilê Axé, se diz indignada com a situação e não permitirá que o caso seja esquecido.

“Estamos vivendo tempos difíceis de ataques aos praticantes das religiões de Matriz Africana e de desrespeito ao nosso sagrado. Nós não vamos deixar essa situação impune. Já temos uma advogada cuidando do caso e queremos a reparação na Justiça de todas as ofensas e crimes praticados contra minha filha de santo”.










Uma mulher de 41 anos, prestadora de serviços gerais, realizou uma denúncia afirmando ter sofrido intolerância religiosa e injúria racial ao aparecer em seu local de trabalho com a cabeça raspada, após passar por um ritual de iniciação do candomblé.

Prestadora de serviços gerais, Regina Santana da Silva Fernandes registrou um boletim de ocorrência nesta terça-feira (22), relatando o constrangimento ilegal sofrido em seu ambiente de trabalho.

O caso ocorreu na última quinta-feira (17). Regina foi convocada a comparecer ao escritório da empresa por ter raspado o cabelo, um ritual de iniciação no Candomblé.

Na empresa em que trabalhava, a vítima já havia notado olhares curiosos. Uma supervisora chegou a perguntar se ela tinha sido diagnosticada com câncer. Dias depois desse fato, houve a convocação para comparecer ao escritório.

Intolerância e racismo

Na sede da empresa, na presença de sua gerente, Regina foi obrigada a retirar a touca que vinha usando para esconder a cabeça raspada. No boletim de ocorrência, ela relata que recebeu olhares de reprovação e ouviu que “esse tipo de religião” não cabia dentro da empresa, pois além de ser “negra era macumbeira”.

A gerente ainda afirmou que Regina tinha que “procurar Deus para se salvar” e que pessoa da cor dela “e macumbeira não pode participar do quadro de funcionários da empresa”.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, a gerente intimidou mais a vítima, afirmando que nem adiantaria ela procurar pela Justiça, porque não daria em nada já que “a empresa possui vários processos e nunca perdeu”. A ex-funcionária foi obrigada ainda a assinar um aviso prévio que já estava com data de 11 de setembro, ou seja, seis dias antes da data em que foi comunicada que seria demitida.

Segundo testemunhas, Regina está profundamente abalada e passando por consultas com psiquiatras para avaliação de seu quadro depressivo.

Candomblé

De acordo com as tradições da religião de Matriz Africana, a raspagem do cabelo simboliza a consagração aos Orixás. O ato também é comum em religiões como o Budismo e em algumas ordens religiosas cristãs.

Ela foi iniciada no Ilê Axé Egbé Osogbo Omo Orisá Osun, que significa Sociedade Espiritual dos filhos da Orixá Oxum, uma casa de Candomblé inaugurada há um ano em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá).

Ao site “O Livre”, a Iyalorixá Edna de Oxum, que é zeladora espiritual de Regina e presidente do Ilê Axé, se diz indignada com a situação e não permitirá que o caso seja esquecido.

“Estamos vivendo tempos difíceis de ataques aos praticantes das religiões de Matriz Africana e de desrespeito ao nosso sagrado. Nós não vamos deixar essa situação impune. Já temos uma advogada cuidando do caso e queremos a reparação na Justiça de todas as ofensas e crimes praticados contra minha filha de santo”.










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