Em delação à Polícia Federal, o ex-assessor de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, disse que o ex-presidente teve reunião com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares do seu governo para avaliar a possibilidade de dar um golpe de Estado. A informação foi divulgada pela colunista do jornal “O Globo”, Bela Megale.
O encontro reuniu também ministros da ala militar e foi realizado para discutir detalhes de uma minuta que possibilitaria uma intervenção militar, a fim de impedir a troca de governo.
De acordo com a publicação, o tenente-coronel relatou que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria afirmado ao ex-presidente que sua tropa iria aderir caso houvesse um chamamento. No entanto, o Comando do Exército e o Alto Comando das Forças Armadas não teriam aderido às ideias golpistas. A reunião aconteceu após as eleições em que Bolsonaro saiu derrotado para o presidente Lula.
Na delação, Cid contou, segundo o colunista do UOL, Aguirre Talento, que uma minuta golpista chegou às mãos de Bolsonaro por meio do olavista Filipe Martins, então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, que teria levado um advogado e um padre na reunião para explicar detalhes do documento – o tenente coronel disse não se lembrar dos nomes dos dois.
Vale lembrar que durante as eleições, Filipe Martins reproduzia nas redes sociais o discurso bolsonarista de colocar em dúvida as urnas eletrônicas, abrindo espaço para contestação do resultado do pleito.
Depoimento e delação premiada de Mauro Cid
Cid prestou depoimento no dia 31 de agosto, no inquérito que investiga o suposto esquema de venda e devolução das joias recebidas pelo ex-presidente por autoridades estrangeiras. O acordo de delação premiada foi acertado dias depois, e deferido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais.
O ex-ajudante de ordens é considerado peça central nos inquéritos que apuram os ataques às urnas eletrônicas, os atos golpistas, as fraudes no cartão de vacinação do ex-chefe do Executivo e o suposto esquema de venda de joias e presentes entregues a Jair Bolsonaro.
A defesa de Jair Bolsonaro ainda não respondeu sobre o assunto. O advogado de Mauro Cid, Cézar Bitencourt, afirmou ao “Congresso em Foco” que não teve acesso aos depoimentos, uma vez que estão sob sigilo.
“A defesa constituída de MAURO CESAR BARBOSA CID, em razão das matérias citadas na imprensa através da UOL e O GLOBO e demais veículos acerca de “possíveis reuniões com a cúpula militar para avaliar golpe no país”, vem a público informar que não tem os referidos depoimentos, que são sigilosos, e por essa mesma razão não confirma seu conteúdo”.