Você também é responsável pelas mortes por coronavírus, por Sidney Rezende

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O brasileiro está entorpecido. Só pode ser. O número de mortes e pessoas infectadas por coronavírus no país já é um escândalo internacional. Mas isto não sensibiliza uma parte da sociedade. A politização da melhor maneira de enfrentar a doença é uma das chaves da tragédia histórica que estamos vivendo. De um lado, os que […]

POR Sidney Rezende03/07/2020|4 min de leitura

Você também é responsável pelas mortes por coronavírus, por Sidney Rezende

Bares e restaurantes. Foto: Reprodução/TV Globo

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O brasileiro está entorpecido. Só pode ser. O número de mortes e pessoas infectadas por coronavírus no país já é um escândalo internacional. Mas isto não sensibiliza uma parte da sociedade.

A politização da melhor maneira de enfrentar a doença é uma das chaves da tragédia histórica que estamos vivendo. De um lado, os que defendem a saúde e a ciência e, do outro, os que argumentam que é preciso liberar a economia das amarras do isolamento. Esta separação é um delírio perverso. Nós temos poder de impedir este deserto de argumento. Mas não o fazemos como o momento exige. Por quê?

Parte da classe média e os ricos estão convencidos que a doença só ataca velhos e pobres. E pensam assim, porque se alguém destes estratos sociais for acometido dela, os hospitais privados estão mais equipados para tratá-los. Os medicamentos e aparelhagens são muito melhores do que os disponíveis na rede pública.

Talvez por isso, beber um bom chope, sem uso de máscara entre os convivas ou respeito ao distanciamento seja tão comum pelo Brasil afora. A imagem chocante de bares lotados no Leblon, zona nobre do Rio de Janeiro, é apenas um registro lamentável. Vergonhoso.

Em Botucatu, São Paulo, autorizou-se os carros entrarem dentro do shopping para facilitar o “trânsito de consumidores”. Você não está entendendo a selvageria desta cena tosca.

Já entre os pobres, ônibus lotados, filas quilométricas para tudo e o descaso cotidiano. Só para se ter ideia, a taxa de subnotificação dos casos de covid-19 chega a 62 vezes do que os números divulgados numa das maiores favelas do Rio de Janeiro, a Rocinha. Ela está cravada no bairro onde fica o Golfe, prática esportiva que exige-se um padrão financeiro para praticá-lo, São Conrado.

A análise feita pela consultoria internacional Boston Consulting Group (BCG), com os dados do Painel Covid Radar, coletivo de mais de 50 empresas que trabalha para mitigar os efeitos da crise da saúde no Brasil e tem o Pacto Global da ONU, não deixa dúvidas: o nosso país é o melhor exemplo do que não se pode fazer quando o assunto é combater um vírus letal como esse.

Vamos repetir. A média brasileira de subnotificação está em 10 vezes, mas variando entre algumas regiões e bairros do país. Na Rocinha, por exemplo, esse número chega a 62. Ou seja, 62 vezes mais casos dos atualmente divulgados.

Outro exemplo. O presidente Jair Bolsonaro é um dos líderes no planeta acusados de não valorizar a vida humana. E o prefeito de Itabuna, na Bahia, que mandou um “se morrer, morreu”.

Pois bem, o presidente já expressou seu desprezo pelos “fracos” que adoeceram, mas traduz em atos concretos sua atitude irresponsável. Agora mesmo, ele vetou um trecho de uma lei que obrigava a utilização da máscara em estabelecimentos comerciais, templos religiosos e instituições de ensino.

Prefeitos também, em todo o país, estão desatentos aos protocolos de saúde.

O resultado, só esperar, será desastroso. Mais corpos irão para cova. Quem permite que loucos nos comandem também é responsável por essas mortes.











 

O brasileiro está entorpecido. Só pode ser. O número de mortes e pessoas infectadas por coronavírus no país já é um escândalo internacional. Mas isto não sensibiliza uma parte da sociedade.

A politização da melhor maneira de enfrentar a doença é uma das chaves da tragédia histórica que estamos vivendo. De um lado, os que defendem a saúde e a ciência e, do outro, os que argumentam que é preciso liberar a economia das amarras do isolamento. Esta separação é um delírio perverso. Nós temos poder de impedir este deserto de argumento. Mas não o fazemos como o momento exige. Por quê?

Parte da classe média e os ricos estão convencidos que a doença só ataca velhos e pobres. E pensam assim, porque se alguém destes estratos sociais for acometido dela, os hospitais privados estão mais equipados para tratá-los. Os medicamentos e aparelhagens são muito melhores do que os disponíveis na rede pública.

Talvez por isso, beber um bom chope, sem uso de máscara entre os convivas ou respeito ao distanciamento seja tão comum pelo Brasil afora. A imagem chocante de bares lotados no Leblon, zona nobre do Rio de Janeiro, é apenas um registro lamentável. Vergonhoso.

Em Botucatu, São Paulo, autorizou-se os carros entrarem dentro do shopping para facilitar o “trânsito de consumidores”. Você não está entendendo a selvageria desta cena tosca.

Já entre os pobres, ônibus lotados, filas quilométricas para tudo e o descaso cotidiano. Só para se ter ideia, a taxa de subnotificação dos casos de covid-19 chega a 62 vezes do que os números divulgados numa das maiores favelas do Rio de Janeiro, a Rocinha. Ela está cravada no bairro onde fica o Golfe, prática esportiva que exige-se um padrão financeiro para praticá-lo, São Conrado.

A análise feita pela consultoria internacional Boston Consulting Group (BCG), com os dados do Painel Covid Radar, coletivo de mais de 50 empresas que trabalha para mitigar os efeitos da crise da saúde no Brasil e tem o Pacto Global da ONU, não deixa dúvidas: o nosso país é o melhor exemplo do que não se pode fazer quando o assunto é combater um vírus letal como esse.

Vamos repetir. A média brasileira de subnotificação está em 10 vezes, mas variando entre algumas regiões e bairros do país. Na Rocinha, por exemplo, esse número chega a 62. Ou seja, 62 vezes mais casos dos atualmente divulgados.

Outro exemplo. O presidente Jair Bolsonaro é um dos líderes no planeta acusados de não valorizar a vida humana. E o prefeito de Itabuna, na Bahia, que mandou um “se morrer, morreu”.

Pois bem, o presidente já expressou seu desprezo pelos “fracos” que adoeceram, mas traduz em atos concretos sua atitude irresponsável. Agora mesmo, ele vetou um trecho de uma lei que obrigava a utilização da máscara em estabelecimentos comerciais, templos religiosos e instituições de ensino.

Prefeitos também, em todo o país, estão desatentos aos protocolos de saúde.

O resultado, só esperar, será desastroso. Mais corpos irão para cova. Quem permite que loucos nos comandem também é responsável por essas mortes.











 

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