O fim do Caneco 70

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O tradicional Caneco 70,no Leblon, fechou as portas. Cesar Viegas do SRZD foi lá, encontrou o prédio em ruínas. Os garçons se emocionam. O comovente fim do lugar onde dedicaram anos aos clientes. E muitos casais apaixonados trocaram juras de amor.

POR Redação SRzd25/05/2006|4 min de leitura

O fim do Caneco 70
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Após dois anos de rumores, o Caneco 70 fechou as portas. Em frente para a praia do Leblon, o bar, que abriu pela última vez no dia 13 deste mês, foi vendido à construtora CHL, por aproximadamente R$ 8 milhões, segundo fontes do mercado imobiliário. No local, vai surgir um luxuoso edifício de cinco andares.

Fundado em 1970, a casa trazia no nome uma homenagem ao tricampeonato da seleção brasileira, conquistado no México, há 36 anos, aproximadamente um mês antes da abertura do estabelecimento. O ponto de encontro de estudantes, jornalistas, empresários, advogados, casais apaixonados e amantes do chopinho gelado já deixa saudades.

Clientes lamentam

A engenheira Ana Luisa Dias Carneiro, de 23 anos, ficou triste, mas disse que já esperava pelo pior. “Fiquei arrasada quando começaram os boatos, há uns dois anos. Passei a ir com mais freqüência, achando que ia acabar. Mas o Caneco sobreviveu. Porém, agora acabou mesmo”, afirma Ana.

Apesar do clima de tristeza, não faltam histórias divertidas. O designer Roberto Otávio, de 34 anos, lembra uma delas. “Sempre colocavam uns chopes a mais na conta. Nós reclamávamos e eles voltavam com a conta mais baixa”, recorda, com um sorriso, Roberto.

Fã do chope e do pastel de queijo, a estudante Lulu Gouvêa Vieira, de 23 anos, lembra que a localização também era outro ponto a favor. “O acesso era fácil, sempre tinha vaga e dava para fazer mesas grandes”, diz a estudante, ao lembrar um dos principais atrativos do bar, o amplo espaço, que possibilitava o encontro de grupos.

“Íamos às sextas-feiras, há pelo menos 20 anos. Somos umas 30 pessoas, ficamos sem saber para onde ir. Semana passada fomos ao Garota de Ipanema, nesta sexta vamos ao Barril 1800. O grupo virou itinerante”, afirma o empresário José Henrique Ferraz, de 54 anos.

Os órfãos, a concorrência e a Copa

Os mais abalados são os funcionários, que perderam seus empregos. O garçom José Lima dos Santos, de 50 anos, desde 1986 no Caneco, ficou sem sua referência. “Até esqueço que não trabalho mais lá. A ficha ainda não caiu. Nem é tanto pelo emprego, mas pela perda da rotina, dos amigos e dos clientes”, queixa-se, saudoso, Lima, que faz questão de elogiar os antigos patrões.

Já seu colega Romualdo Martins, de 42 anos, há oito na casa, não poupa os donos. “Só soubemos quando chegamos para trabalhar. É uma falta de respeito. Podiam ter avisado antes, ter agido de forma mais humana”, irrita-se o garçom.

Procurados por nossa reportagem, os proprietários não quiseram dar esclarecimentos. Mesma situação vivida pelo jornal “O Dia”, segundo o guardador de carros Antonio de Araújo, de 47 anos. “O pessoal do ‘Dia’ passou a tarde inteira aqui e ninguém quis falar com eles”, afirma Antonio, um dos que indiretamente sobreviviam do Caneco e também foram afetados. “O meu espaço é em frente ao bar, desde que ele fechou o movimento caiu muito. Isso aqui virou um deserto, nem parece o mesmo lugar”, garante Antonio.

Mesmo a concorrência está triste com o fim de um ponto tradicional da cidade. Segundo o empresário Antonio Pedro Figueira de Mello, a morte do Caneco é ruim para o carioca. “Todos nós somos órfãos do Caneco. Não existe mais nenhum restaurante na praia do Leblon. É uma pena”, afirma um dos proprietários do Botequim Informal e do Jiló, ambos no mesmo bairro do finado Caneco.

Por ironia do destino, o local que abriu logo após o futebol brasileiro erguer seu terceiro troféu em Copas do Mundo, cerra as portas dias antes do início da competição que pode dar ao Brasil seu sexto caneco.

Após dois anos de rumores, o Caneco 70 fechou as portas. Em frente para a praia do Leblon, o bar, que abriu pela última vez no dia 13 deste mês, foi vendido à construtora CHL, por aproximadamente R$ 8 milhões, segundo fontes do mercado imobiliário. No local, vai surgir um luxuoso edifício de cinco andares.

Fundado em 1970, a casa trazia no nome uma homenagem ao tricampeonato da seleção brasileira, conquistado no México, há 36 anos, aproximadamente um mês antes da abertura do estabelecimento. O ponto de encontro de estudantes, jornalistas, empresários, advogados, casais apaixonados e amantes do chopinho gelado já deixa saudades.

Clientes lamentam

A engenheira Ana Luisa Dias Carneiro, de 23 anos, ficou triste, mas disse que já esperava pelo pior. “Fiquei arrasada quando começaram os boatos, há uns dois anos. Passei a ir com mais freqüência, achando que ia acabar. Mas o Caneco sobreviveu. Porém, agora acabou mesmo”, afirma Ana.

Apesar do clima de tristeza, não faltam histórias divertidas. O designer Roberto Otávio, de 34 anos, lembra uma delas. “Sempre colocavam uns chopes a mais na conta. Nós reclamávamos e eles voltavam com a conta mais baixa”, recorda, com um sorriso, Roberto.

Fã do chope e do pastel de queijo, a estudante Lulu Gouvêa Vieira, de 23 anos, lembra que a localização também era outro ponto a favor. “O acesso era fácil, sempre tinha vaga e dava para fazer mesas grandes”, diz a estudante, ao lembrar um dos principais atrativos do bar, o amplo espaço, que possibilitava o encontro de grupos.

“Íamos às sextas-feiras, há pelo menos 20 anos. Somos umas 30 pessoas, ficamos sem saber para onde ir. Semana passada fomos ao Garota de Ipanema, nesta sexta vamos ao Barril 1800. O grupo virou itinerante”, afirma o empresário José Henrique Ferraz, de 54 anos.

Os órfãos, a concorrência e a Copa

Os mais abalados são os funcionários, que perderam seus empregos. O garçom José Lima dos Santos, de 50 anos, desde 1986 no Caneco, ficou sem sua referência. “Até esqueço que não trabalho mais lá. A ficha ainda não caiu. Nem é tanto pelo emprego, mas pela perda da rotina, dos amigos e dos clientes”, queixa-se, saudoso, Lima, que faz questão de elogiar os antigos patrões.

Já seu colega Romualdo Martins, de 42 anos, há oito na casa, não poupa os donos. “Só soubemos quando chegamos para trabalhar. É uma falta de respeito. Podiam ter avisado antes, ter agido de forma mais humana”, irrita-se o garçom.

Procurados por nossa reportagem, os proprietários não quiseram dar esclarecimentos. Mesma situação vivida pelo jornal “O Dia”, segundo o guardador de carros Antonio de Araújo, de 47 anos. “O pessoal do ‘Dia’ passou a tarde inteira aqui e ninguém quis falar com eles”, afirma Antonio, um dos que indiretamente sobreviviam do Caneco e também foram afetados. “O meu espaço é em frente ao bar, desde que ele fechou o movimento caiu muito. Isso aqui virou um deserto, nem parece o mesmo lugar”, garante Antonio.

Mesmo a concorrência está triste com o fim de um ponto tradicional da cidade. Segundo o empresário Antonio Pedro Figueira de Mello, a morte do Caneco é ruim para o carioca. “Todos nós somos órfãos do Caneco. Não existe mais nenhum restaurante na praia do Leblon. É uma pena”, afirma um dos proprietários do Botequim Informal e do Jiló, ambos no mesmo bairro do finado Caneco.

Por ironia do destino, o local que abriu logo após o futebol brasileiro erguer seu terceiro troféu em Copas do Mundo, cerra as portas dias antes do início da competição que pode dar ao Brasil seu sexto caneco.

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