O presidente da Funai, o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, foi hostilizado nesta quinta-feira (21), durante o III Encontro de Altas Autoridades da Ibero-América com Povos Indígenas, em Madri, na Espanha.
A cena constrangedora aconteceu quando o ex-servidor da fundação Ricardo Rao acusou Xavier de ser o responsável pelo genocídio de povos indígenas e pelas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, no dia 5 de junho, na região do Vale do Javari, na Amazônia.
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“Este homem não pertence a este local. Não é digno de estar aqui. O Itamaraty é uma vergonha. O Itamaraty está sendo babá de miliciano. Marcelo Xavier é um miliciano. Este homem é um assassino. Este homem é responsável pela morte de Bruno Pereira (e) pela morte de Philips. Você é um miliciano, Xavier. Bandido. Vai embora mesmo, vai para fora”, bradou Rao (assista ao vídeo):
O presidente da Funai deixou a sala enquanto o ambientalista ainda se pronunciava contra a gestão da fundação. Rao, que era colega de trabalho de Bruno Pereira, diz ter deixado o Brasil após ter sofrido ameaças de morte durante seu trabalho de fiscalização como representante do órgão federal. Nesta tarde, a Funai divulgou em seu site oficial uma nota de repúdio sobre o caso.
“A Fundação Nacional do Índio (Funai) vem a público manifestar repúdio aos ataques verbais proferidos contra o presidente da fundação, Marcelo Xavier, nesta quinta-feira (21), em Madri, na Espanha, durante a XVI Assembleia Geral Extraordinária do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (Filac).
A Funai lamenta o ocorrido e destaca que tais atitudes são irresponsáveis, violentas e antidemocráticas, inviabilizando, assim, qualquer tipo de diálogo sadio e producente, que deve ser sempre pautado no respeito entre as partes. A fundação entende que não se constroem políticas públicas na base de ofensas e argumentos destituídos de fundamento e provas. Tais atitudes não são compatíveis com o Estado Democrático de Direito.
A fundação informa ainda que, sobre o caso, foram tomadas providências junto à Polícia Judiciária da Espanha. É importante ressaltar que, por motivos de segurança, o presidente da Funai optou por sair voluntariamente do local do evento, dada a atitude hostil e agressiva do manifestante. Inclusive, os lamentáveis ataques serão objeto de ação judicial por crime contra a honra e ação de indenização por danos morais.
O manifestante que proferiu de forma agressiva os ataques verbais foi funcionário da Funai até o ano de 2020, tendo sido exonerado na ocasião por não ter cumprido as condições de estágio probatório. Por fim, a fundação reforça que, enquanto instituição pública, calcada na supremacia do interesse público, não coaduna com nenhum tipo de conduta ofensiva, repudia qualquer forma de desrespeito e segue aberta ao diálogo com os diferentes setores da sociedade”, diz o documento.