São Paulo. A Justiça da cidade de Praia Grande, no litoral paulista, decretou a prisão do cunhado e da esposa do comerciante Igor Peretto, encontrado morto a facadas no apartamento da irmã, Marcelly Peretto, em setembro.
Mario Vitorino da Silva Neto e Rafaela Costa da Silva são acusados pelo crime.
Igor, de 27 anos, foi morto num imóvel na praia do Canto do Forte. A PM foi acionada pela síndica do condomínio, que relatou ter ouvido barulhos e gritos no apartamento de Marcelly. Os policiais encontraram o corpo da vítima em um dos quartos e uma faca com marcas de sangue em um dos banheiros.
Igor era irmão do vereador Tiago Peretto (União Brasil) da cidade vizinha, São Vicente. Segundo o boletim de ocorrência, os dois casais estavam no apartamento. Marcelly e Mario foram embora juntos do imóvel, enquanto Rafaela não foi vista saindo do local, nem pelas câmeras de monitoramento.
Marcelly relatou à polícia que Mario estava saindo com a esposa de Igor. O advogado afirmou que a cliente não sabia da traição até o momento da briga e reforçou que ela foi pressionada pelo marido a deixar o imóvel após ele cometer o crime.
Desdobramentos. Mario Vitorino teria enviado um áudio para o próprio advogado logo após o crime. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o áudio foi extraído do celular de Mario, e consta em um relatório complementar de investigação.
Mario, a esposa dele, Marcelly, que era irmã da vítima, e Rafaela Costa, esposa de Igor, seguem presos. Veja o que diz o áudio:
“Tô entregando a minha vida na sua mão, tipo quando eu escolhi, quando eu fui batizado, eu falei: ‘A minha vida está na mão de Deus’. Tô entregando na tua mão, doutor. Não tenho mais o que fazer, tá ligado? Eu sei que tinha que ser forte. Não sou aqueles caras que é malandrão, que acha que é dono do mundo. Eu sou um p*** de um bunda mole, doutor. As ideia é essa. O que eu fazia meu crime é para ganhar dinheiro, tá ligado? O que aconteceu foi uma fatalidade e eu não tenho coragem de matar uma barata. Não sei se você vai acreditar em mim também ou não. Só tô te pedindo essa direção doutor, que não tenho mais ninguém para falar. É só contigo”.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) concluiu que os três acusados premeditaram a morte de Igor no dia 31 de agosto, porque ele era um “empecilho no triângulo amoroso”.
O advogado para quem Mario teria mandado o áudio já não é mais o defensor. A atual defesa se posicionou sobre o caso dizendo que só teve acesso recentemente às informações.
“Eis que a investigação iniciou de uma forma (cenário de intensa luta e o suspeito ferido, com motivação passional) e depois mudou radicalmente o viés (fator econômico, execução). Em primeiro lugar é necessário esclarecer que todo e qualquer diálogo entre cliente e advogado é confidencial, motivo pelo qual não poderia, em hipótese alguma, estar fazendo parte da investigação”, disse Mário Badures, advogado de defesa de Mario Vitorino.
“Por outro lado, a presente defensoria técnica foi constituída após a prisão do Sr Mário Vitorino ser efetivada, ou seja, tal diálogo se deu com outros defensores que nos antecederam. Por desconhecer a integralidade do acervo extraído no telefone, eis que se trata de áudios esparsos, todos esses detalhes serão observados na defesa por escrito e na instrução criminal”, completou.