Boni, demolidor, detalha o que precisa mudar no Carnaval do Rio

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José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, tem longa carreira profissional que começou em agência de publicidade, fez história na televisão brasileira e nunca deixou de ser presença permanente no Carnaval do Rio de Janeiro. Nesta entrevista ele não esconde o seu sentimento de amor profundo pela festa que inspirou a Beija-Flor a transformá-lo em […]

POR Sidney Rezende13/04/2017|5 min de leitura

Boni, demolidor, detalha o que precisa mudar no Carnaval do Rio

Boni. Foto: Divulgação

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José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, tem longa carreira profissional que começou em agência de publicidade, fez história na televisão brasileira e nunca deixou de ser presença permanente no Carnaval do Rio de Janeiro. Nesta entrevista ele não esconde o seu sentimento de amor profundo pela festa que inspirou a Beija-Flor a transformá-lo em enredo em 2014.

O samba composto por Sidney de Pilares, JR Beija-Flor, Junior Trindade, Adilson Brandão, Zé Carlos e Diogo Rosa tem uma estrofe que tenta resumir a biografia do hoje conselheiro de Turismo do Rio:

“Boni, tu és o astro da televisão
Fiz, da sua vida minha inspiração
Vem, a festa é sua, a festa é nossa de quem quiser (Bis)
Mostra que ”babado é esse” de samba no pé.”

Boni derrama-se: “A área a que eu acompanho há anos é a das Escolas de Samba. Sou fascinado por elas”.

Nesta entrevista exclusiva ao SRzd Carnaval concedida por José Bonifácio é possível entender melhor as mudanças que ele gostaria de ver implementadas no Carnaval. A julgar por seu estilo, “imediatamente”, “para ontem” – no máximo! – para o ano que vem.

Vamos avisando que a entrevista é polêmica e ultrapassa até os limites das escolas de samba. “Outro grave problema é o crescimento desmedido dos blocos. Não vai ser fácil gerenciar isso”, provoca. Mas Boni já vai avisando: “Se a gente não conseguir avançar este ano, eu vou ter que reavaliar a minha relação com o Carnaval”.

Boni, qual será exatamente a sua função na equipe que cuidará do Carnaval 2018?

A minha função na área de Turismo é de conselheiro, junto com Roberto Medina, Ricardo Amaral e Paulo Protásio. E o Carnaval é uma extensão disso. Serei conselheiro e não o “dono”, uma vez que o legítimo dono do Carnaval é o povo. Os realizadores, como sempre, permanecem a Liesa e a RioTur.

A luz amarelada de mercúrio tem que ser substituída por lâmpadas de led

A Passarela do Samba, anualmente, sofre com logística, iluminação, som e projeção em telões. Quais são suas ideias para melhorar o espetáculo?

Em trinta anos, a única benfeitoria foi a conclusão do projeto de ocupação da antiga área da Brahma. É necessário revitalizar o Sambódromo, colocando telões para exibir detalhes dos desfiles como comissão de frente, porta-bandeira e mestre-sala. Esses telões exibiriam também as letras dos sambas. A luz amarelada de mercúrio também teria que ser substituída por lâmpadas de “led” e dimerizadas.

Os carros de som  são jurássicos, verdadeiros trambolhos

Os carros de som também são jurássicos, verdadeiros trambolhos no meio dos desfiles. O som deveria ser digital e com caixas de “sub-Woofer” para reproduzir graves. Além disso, há problemas na concentração e dispersão. O intervalo entre as escolas supera o tempo necessário para limpeza. A questão de segurança também precisa ser revista. Deve ter novo conceito para evitar acidentes.

O Carnaval tem que estar em todos os cantos do Sambódromo e o espetáculo tem que criar interesse para evitar a transformação de camarotes em “guetos”: de funk e em discotecas. Os recuos de bateria são inadequados. Há gente demais na pista. Temos que enfrentar com coragem os problemas crônicos. O Marcelo Alves, da Riotur, está empenhado nessas mudanças e lutando por elas com entusiasmo. Se a gente não conseguir avançar este ano, eu vou ter que reavaliar a minha relação com o Carnaval.

Os recuos de bateria são inadequados.

O crescimento da comunicação digital exige uma rearrumação dos espaços de cobertura jornalística no Sambódromo. As cabines antes destinadas somente a emissoras de rádio e TV agora precisam ser compartilhadas com sites. O que é possível fazer para acomodar os novos veículos?

É questão de vontade e decisão. Há espaço para isso, especialmente revendo-se as cabines de jurados e ocupando-se espaços perdidos.

Quando o senhor foi enredo da Beija-Flor pôde testemunhar o modelo de julgamento das escolas. O que é preciso fazer para melhorar o modelo?

O modelo é vulnerável. Mas nem se trata de discutir a lisura do julgamento. Há jurados tão repetidos que já têm estabilidade. O sistema é primário, mas há medo de se mexer. Tem que mudar a qualquer risco. Está tudo muito engessado.

Jurados: têm que mudar a qualquer risco

O senhor é um gestor. Sob esta ótica, o que está certo e o que está errado no Carnaval do Rio de Janeiro?

A área que eu acompanho há anos é a das Escolas de Samba. Sou fascinado por elas. Carnaval não é turismo, mas sim Cultura. As escolas precisam receber mais dinheiro para acabar com a venda de enredo e desigualdade entre elas. O artesão que dá sua vida pela escola precisa ser melhor remunerado. A Liesa deu uma base profissional e organizou o Desfile das Escolas, mas agora está na hora de um novo e gigantesco salto.

O outro e grave problema é o crescimento desmedido dos blocos. Não vai ser fácil gerenciar isso. É um problema explosivo que depende de um grande estudo e cuidadoso planejamento.

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, tem longa carreira profissional que começou em agência de publicidade, fez história na televisão brasileira e nunca deixou de ser presença permanente no Carnaval do Rio de Janeiro. Nesta entrevista ele não esconde o seu sentimento de amor profundo pela festa que inspirou a Beija-Flor a transformá-lo em enredo em 2014.

O samba composto por Sidney de Pilares, JR Beija-Flor, Junior Trindade, Adilson Brandão, Zé Carlos e Diogo Rosa tem uma estrofe que tenta resumir a biografia do hoje conselheiro de Turismo do Rio:

“Boni, tu és o astro da televisão
Fiz, da sua vida minha inspiração
Vem, a festa é sua, a festa é nossa de quem quiser (Bis)
Mostra que ”babado é esse” de samba no pé.”

Boni derrama-se: “A área a que eu acompanho há anos é a das Escolas de Samba. Sou fascinado por elas”.

Nesta entrevista exclusiva ao SRzd Carnaval concedida por José Bonifácio é possível entender melhor as mudanças que ele gostaria de ver implementadas no Carnaval. A julgar por seu estilo, “imediatamente”, “para ontem” – no máximo! – para o ano que vem.

Vamos avisando que a entrevista é polêmica e ultrapassa até os limites das escolas de samba. “Outro grave problema é o crescimento desmedido dos blocos. Não vai ser fácil gerenciar isso”, provoca. Mas Boni já vai avisando: “Se a gente não conseguir avançar este ano, eu vou ter que reavaliar a minha relação com o Carnaval”.

Boni, qual será exatamente a sua função na equipe que cuidará do Carnaval 2018?

A minha função na área de Turismo é de conselheiro, junto com Roberto Medina, Ricardo Amaral e Paulo Protásio. E o Carnaval é uma extensão disso. Serei conselheiro e não o “dono”, uma vez que o legítimo dono do Carnaval é o povo. Os realizadores, como sempre, permanecem a Liesa e a RioTur.

A luz amarelada de mercúrio tem que ser substituída por lâmpadas de led

A Passarela do Samba, anualmente, sofre com logística, iluminação, som e projeção em telões. Quais são suas ideias para melhorar o espetáculo?

Em trinta anos, a única benfeitoria foi a conclusão do projeto de ocupação da antiga área da Brahma. É necessário revitalizar o Sambódromo, colocando telões para exibir detalhes dos desfiles como comissão de frente, porta-bandeira e mestre-sala. Esses telões exibiriam também as letras dos sambas. A luz amarelada de mercúrio também teria que ser substituída por lâmpadas de “led” e dimerizadas.

Os carros de som  são jurássicos, verdadeiros trambolhos

Os carros de som também são jurássicos, verdadeiros trambolhos no meio dos desfiles. O som deveria ser digital e com caixas de “sub-Woofer” para reproduzir graves. Além disso, há problemas na concentração e dispersão. O intervalo entre as escolas supera o tempo necessário para limpeza. A questão de segurança também precisa ser revista. Deve ter novo conceito para evitar acidentes.

O Carnaval tem que estar em todos os cantos do Sambódromo e o espetáculo tem que criar interesse para evitar a transformação de camarotes em “guetos”: de funk e em discotecas. Os recuos de bateria são inadequados. Há gente demais na pista. Temos que enfrentar com coragem os problemas crônicos. O Marcelo Alves, da Riotur, está empenhado nessas mudanças e lutando por elas com entusiasmo. Se a gente não conseguir avançar este ano, eu vou ter que reavaliar a minha relação com o Carnaval.

Os recuos de bateria são inadequados.

O crescimento da comunicação digital exige uma rearrumação dos espaços de cobertura jornalística no Sambódromo. As cabines antes destinadas somente a emissoras de rádio e TV agora precisam ser compartilhadas com sites. O que é possível fazer para acomodar os novos veículos?

É questão de vontade e decisão. Há espaço para isso, especialmente revendo-se as cabines de jurados e ocupando-se espaços perdidos.

Quando o senhor foi enredo da Beija-Flor pôde testemunhar o modelo de julgamento das escolas. O que é preciso fazer para melhorar o modelo?

O modelo é vulnerável. Mas nem se trata de discutir a lisura do julgamento. Há jurados tão repetidos que já têm estabilidade. O sistema é primário, mas há medo de se mexer. Tem que mudar a qualquer risco. Está tudo muito engessado.

Jurados: têm que mudar a qualquer risco

O senhor é um gestor. Sob esta ótica, o que está certo e o que está errado no Carnaval do Rio de Janeiro?

A área que eu acompanho há anos é a das Escolas de Samba. Sou fascinado por elas. Carnaval não é turismo, mas sim Cultura. As escolas precisam receber mais dinheiro para acabar com a venda de enredo e desigualdade entre elas. O artesão que dá sua vida pela escola precisa ser melhor remunerado. A Liesa deu uma base profissional e organizou o Desfile das Escolas, mas agora está na hora de um novo e gigantesco salto.

O outro e grave problema é o crescimento desmedido dos blocos. Não vai ser fácil gerenciar isso. É um problema explosivo que depende de um grande estudo e cuidadoso planejamento.

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