O GRESV Curral das Éguas divulgou a sua sinopse para o Carnaval Virtual 2019. Após o 12º lugar no grupo de acesso do carnaval passado, a escola buscará dessa vez chegar ao Grupo Especial pela primeira vez na sua história. Para isso a escola apresenta o enredo “Yes, nós temos terror” de autoria do carnavalesco Caio Cidrini.
FICHA TÉCNICA
Presidente: Charlles Mendes
Carnavalesco: Caio Cidrini
Intérprete: Rafael Faustino
APRESENTAÇÃO
Apesar dos avanços das ciências proporcionarem um nível de segurança jamais visto contra as ameaças à vida humana, o nosso primitivo e, muitas vezes, irracional medo permanece como uma das emoções mais constantes e intensas experimentadas pelo homem. Porém, por que sensações desagradáveis, tais como o terror, o horror e a repulsa podem ser prazerosas quando sentidas dentro do campo da experiência estética? Porque elas não representam um risco real a quem o vivencia. É o que pode-se chamar de medo estético.
É na segurança por trás da páginas de um livro, por exemplo, que tomamos ciência da nossa vulnerabilidade aos nos depararmos com terrores e horrores físicos, psicológicos e sobrenaturais. Portanto, se tememos, logo existimos. Já que é após o susto que nos confortamos com a ideia de nos encontrarmos seguros diante de uma ameaça. Temer é ter a certeza do sangue a correr nas veias.
O medo também é uma forma de explicar e encarar o desconhecido. Criam-se lendas e mitos para lidar com o fascínio e temor frente às mudanças da vida e do mundo. A partir dessas perspectivas, o Curral das Éguas se aviva para a literatura do medo feita no Brasil em busca da exaltação de seus autores e obras, além de interpretar os seus motivos a fim de bradar ao mundo: sim, nós temos terror!
SINOPSE
Yes, nós temos terror
Nasce o terror em páginas brasilis
Malditos sejam Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães que com suas histórias sombrias nos brindaram com o surgimento da literatura do medo no Brasil. Inspirados pela literatura gótica de Walpole, Byron, Sade e Shelley, os dois fundamentaram o gênero do terror nas páginas tupiniquins. Seja numa taverna escura entre bebidas compartilhando causos macabros ou se deparando com ossos dançantes nas serras da fronteira entre Minas e Goiás, a narrativa de ambos os levaram a serem homenageados como patronos das cadeiras 2 e 5 da Academia Brasileira de Letras. Até os imortais se renderam ao terror.
Sombras de uma Belle Époque Tropical
Depois da fase sobrenatural da literatura brasileira do terror durante o ultra-romantismo dos patronos macabros da bibliografia do medo , o gênero ressurge durante a Bela Época carioca. Ao invés de espíritos, caveiras e monstros, temiam-se as mudanças da virada do século. Com a cidade afetada profundamente pelo racionalismo sanitarista de Pereira Passos e Oswaldo Cruz, a população demonstrou um misto de fascinação e temor em relação ao progresso e a ciência da Belle Époque. O contexto se tornou matéria prima para narrativas que muito se assemelhavam às praticadas pela ciência gótica britânica, norte-americana e francesa de romancistas e contistas.
O homem decadente
A resposta dos autores da literatura do medo ao “progresso” da Bela Época é a homenagem aos neuróticos, sádicos, pervertidos, hiperistéricos e outros personagens considerados desajustados que são a essência do terror psicológico. Machado de Assis, Coelho Neto, Aluísio Azevedo, João do Rio, entre outros, lançam mão do sentimento de repulsa e do incômodo que a literatura de terror é capaz de gerar para revelar a decadência do cidadão comum. Cria-se então um conjunto de tipos macabros, marginalizados e abomináveis que nos faz lembrar que somos humanos falhos pelo simples fato de podermos ser como eles.
Sedução, medo e ruína
As temáticas sexuais e a figura feminina são sistematicamente exploradas pelas narrativas de terror. Desde a literatura gótica no século XVIII, a mulher é retratada em situações associadas à morte e ao medo. Se em alguns momentos essas personagens aterrorizam por despertar os desejos masculinos – inclusive os tidos como tabus –, em outros, o perigo está na volúpia sentida por elas e na incapacidade de controlar os próprios anseios. A despeito das diferenças, essas duas situações têm em comum o medo gerado pela sexualidade feminina.
Leia, exalte e critique a literatura de terror feita no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANÇA, Júlio; SILVA, Daniel Augusto. De perseguidas a fatais: personagens femininas, sexo e horror na literatura do medo brasileira. Rio de Janeiro, 2007
FRANÇA, Júlio. A alma encantadora das ruas e Dentro da noite: João do Rio e o medo urbano na literatura brasileira. Rio de Janeiro.
FRANÇA, Júlio. As relações entre “Monstruosidade” e “Medo Estético”: anotações para uma ontologia dos monstros na narrativa ficcional brasileira. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 12, 2011, Curitiba.
REIGOSA, Juliana; VALENTE, Juliana. O medo na literatura. Revista Eclética, Rio de Janeiro, n.43, p.27-32, 2016.
SILVA, Alexander Meireles da. Um monstro entre nós: a ascensão da literatura gótica no Brasil da Belle Époque. Goiânia.
INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:
Prazo: De 19/03 as 23h e 59min do dia 12/04
E-mail para entrega: caiocidrini@gmail.com ou charlles_mendes@hotmail.com
Conteúdo: Áudio em MP3 + Letra em Word ou Bloco de Notas
Podem ser inscritos um ou mais sambas solo ou em parceria